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O Desenvolvimento como Liberdade

Por:   •  20/12/2018  •  6.618 Palavras (27 Páginas)  •  245 Visualizações

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- Comparações interpessoais dos desejos

O papel dos desejos é um problema para as comparações interpessoais, pois as intensidades de bem-estar na comparação de uma pessoa com outra, uma vez que estas intensidades são influenciadas por muitas circunstancias que são arbitrárias para as comparações de bem-estar. Assim, a própria visão da pessoa sobre sua situação influencia os desejos, podendo até servir como um tipo de barreira para “desejar”. Exemplos: os miseráveis desejam apenas sobreviver, os “sem-terra” desejam apenas a próxima refeição, i.e., aprendem a desejar conforme a sua situação,

Alguns utilitaristas (Hare) argumentam que esse problema pode ser solucionado, “purificando” os desejos “imperfeitos”: excluir as preferências antissociais (pode funcionar para alguns problemas, como os associados com decisões impensadas). Mas como decidir quais exclusões são adequadas e justificadas para o utilitarismo?

Podem essas exclusões solucionar o problema? Não, pois o desejo faz parte da vida humana, e simplesmente excluir o que faz parte da vida das pessoas, é não compreender a natureza do desejo e o seu lugar na vida humana.

- Equidade e avaliação moral

Segunda questão, b: Os princípios utilitaristas seguem a WAIF se o bem-estar é visto como utilidade? Como o bem-estar é dado pela agregação do consequencialismo, welfarismo e sum ranking, essa questão pode ser vista como a derivação desses a partir da união do WAIF e a identificação da utilidade com bem-estar.Tanto para o welfarismo quanto para o consequencialismo não há nenhum desafio em geral. Se nenhuma outra coisa além do bem-estar pode ser moralmente fundamental e se o bem-estar é apenas utilidade, então será necessário avaliar ações e outras variáveis de escolha em termos de apenas consequências de utilidade.

Por outro lado, o único que permanece é o sum ranking, isto é, as utilidades são melhores avaliadas agregadamente pela soma delas e ignorando todos os outros aspectos da distribuição da utilidade, inclusive a extensão da desigualdade.Nada no WAIF ou no bem-estar como utilidade pode fazer a sum ranking seguir automaticamente sem invocar alguma consideração que nos faz despreocupados com a igualdade de bem-estar. Assim, uma questão interessante que os argumentos de alguns utilitaristas que fazem a sum ranking inevitável por questões que logica, matemática ou racionalidade. Como que essa proeza incomum é realizada?

Considere o modelo de Harsanyi que integra ao mesmo tempo preferencias éticas (considerações sociais ou impessoais) e as preferencias subjetivas (interesse pessoal ou função de utilidade). Se o comportamento do escolhedor satisfaz certas condições de racionalidade, a posição de ser qualquer pessoa i em qualquer estado x pode ser dada por um valor Wi (x) tal que o comportamento do escolhedor pode ser representado como maximizando a esperança matemática desses valores Wi individual. Se Wi é visto como a utilidade da pessoa, então isso parece como se a sum ranking fosse deduzida simplesmente do comportamento racional. A racionalidade deve excluir a preocupação com a igualdade de bem-estar em agregar o bem-estar das diferentes pessoas.

O que são esses valores Wi? Não precisam coincidir com qualquer conceito de utilidade (felicidade, satisfação) e também podem diferir do que o escolhedor espera apreciar na posição contra factual de tornar-se a pessoa i.

A relevância da igualdade na avaliação moral não pode ser solucionada sem avaliar a própria igualdade. Assim, o WAIF não responde como o bem-estar das diferentes pessoas é combinado na avaliação dos estados e ações. A questão da igualdade deve ser enfrentada, assim como a questão de que há diferentes noções de igualdade.

Ao rejeitar as reivindicações de utilidade para representar bem-estar, nós descrevemos a necessidade de uma abordagem alternativa. A questão da igualdade voltará a surgir em qualquer conceito alternativo de bem-estar que aceitamos. Volto agora à caracterização de bem-estar.

- Funcionamentos e bem-estar

Há diferença entre estar “bem de vida” e estar “bem” ou ter “bem-estar”. A primeira é uma questão de opulência (O quão rico é? Quantos bens pode comprar?), refere-se a pessoa comandar os bens (bens primários de Rawls). A segunda, ter bem-estar, não refere-se ao comando de bens, mas algo que a pessoa realiza (Que tipo de vida a pessoa leva? O que a pessoa tem sucesso em fazer e ser?). Ser “bem de vida” pode ajudar a ter “bem-estar”, mas há uma qualidade pessoal nesta que não há na primeira.

Na busca por uma abordagem adequada de bem-estar, há dois diferentes perigos que devem ser evitados. Um problema é adoção de uma visão subjetivista em termos da métrica de estado mental de utilidade (2 e 3 discutidas). Há outras coisas valiosas para ser e fazer além dos desejos e felicidade, dado que desejo não tem valor sozinho, mas consequência de um algo que se valoriza. Assim, busca-se um critério objetivo e impessoal.

Mas o que é critério objetivo? Para Scanlon é algo que fornece uma base para avaliação do bem-estar da pessoal que é independente dos gostos e interesses da pessoa. Mas por que um critério objetivo não tomaria nota da base objetiva das diferenças dos gostos e interesses das diferentes pessoas? Porque as características pessoais que fazem uma diferença objetiva relevante podem ser construídas parametricamente em uma função de avaliação sem perder a objetividade.

Assim, uma razão porque estar “bem de vida” é diferente de “bem-estar” é variabilidade de características pessoais que fazem as relações causais para especifica pessoa.Por exemplo, uma pessoa com deficiência, com o mesmo nível de renda e opulência, não pode fazer as mesmas coisas que uma pessoa normal pode. Seus gostos e interesses serão muito diferentes da dos outros (inclusive sendo mais caros); como essa pessoa deficiente difere de outra que tenha apenas gostos caros?A diferença é que a pessoa com gostos caros pode fazer as mesmas coisas que uma pessoa normal, embora seja “deficiente” em aumentar seu contentamento/satisfação; já a pessoa deficiente é prejudicada em termos de fazer as atividades. Uma pessoa com gostos caros é infeliz, ao mesmo que consiga o bem que deseja, enquanto que o deficiente é incapaz de fazer coisas normais. Assim, a pessoa com deficiência está em desvantagem, pois o seu “ser” não pode ser visto apenas em termos de utilidade.As pessoas com deficiência são frequentemente alegres e não levam

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