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Holanda o sentido da econômica

Por:   •  27/10/2017  •  1.484 Palavras (6 Páginas)  •  383 Visualizações

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Em relação ao trabalho Holanda ressalta nossa busca pela satisfação. ”As atividades profissionais são, aqui, meros acidentes na vida dos indivíduos, ao oposto do que sucede entre outros povos, onde as próprias palavras que indicam semelhantes atividades podem adquirir acento quase religioso”.

As nossas academias diplomam todos os anos centenas de novos bacharéis, que só excepcionalmente farão uso, na vida prática, dos ensinamentos recebidos durante o curso. A inclinação geral para as profissões liberais, que em capítulo anterior já se tentou interpretar como aliada de nossa formação colonial e agrária, e relacionada com a transição brusca do domínio rural para a vida urbana, não é, aliás, um fenômeno distintamente nosso, como o querem alguns publicistas.(pag.156)

Apenas, no Brasil fatores de ordem econômica e social devem ter contribuído largamente para o prestígio das profissões liberais, e mesmo prestígio já as cercava tradicionalmente de Portugal. Sem falar que uma carta de bacharel valeu quase tanto como uma carta de recomendação nas pretensões a altos cargos públicos. No vício do bacharelismo mostra-se também nossa tendência para exaltar acima de tudo a personalidade individual como valor próprio, superior às possibilidades.

A origem da sedução exercida pelas carreiras liberais vincula-se estreitamente ao nosso apego quase exclusivo aos valores da personalidade. Daí, também, o fato de essa sedução sobreviver em um ambiente de vida material que já a comporta dificilmente.

No Brasil, os positivistas foram sempre paradoxalmente negadores. Mas os positivistas foram apenas os exemplares mais característicos de uma raça humana que prosperou consideravelmente em nosso país, logo que este começou a ter consciência de si. De todas as formas de evasão da realidade, a crença mágica no poder das ideias pareceu-nos a mais dignificante em nossa difícil adolescência política e social. (pag 159-160).

A ideologia impessoal do liberalismo jamais se naturalizou entre nós apenas incorporamos esses princípios até onde ajustaram com a negação pura e simples de uma autoridade incômoda, afirmando nosso instintivo horror às hierarquias e permitindo tratar com familiaridade os governantes.

Aqui no Brasil a democracia foi sempre um infeliz mal-entendido.” Uma aristocracia rural e semifeudal importou-a e tratou de acomodá- la, onde fosse possível, aos seus direitos ou privilégios, os mesmos privilégios que tinham sido, no Velho Mundo, o alvo da luta da burguesia contra os aristocratas.”

Sobre os movimentos reformadores no Brasil, Holanda diz que sempre partiram de cima para baixo, partiram de inspiração intelectual, e pode –se dizer que nossa independecia e conquistas liberais vieram quase sempre de surpresa.

A transformação liberalista antes da independência é formada pelas minorias de alta classe, sendo reduzida entre o povo, inclusive bem mais limitada, do que falam os livros de história pátria. Saint Hilaire notou que essas transformações do liberalismo foram promovidas por europeus e que as revoluções partiram de algumas famílias ricas e poderosas, diz que a “massa do povo” ficou indiferente a tudo.

Os românticos brasileiros deixaram o convencionalismo clássico, com a pretensão de se fazer de nossa natureza tropical uma pobre e ridícula caricatura das paisagens arcádicas. Cravando sua preferência ao pessoal e instintivo, e assim podendo este movimento ter sido mais poderoso do que foi. Não foi preciso ir ao fundo da existência, bastando apenas ter sido espontâneo.

Os nossos homens de ideias eram, puros homens de palavras e livros, os quais não saiam de si mesmo, dos seus sonhos e de suas imaginações. E dessa forma tudo colaborava para a fabricação de uma realidade artificiosa e livresca, na qual nossa vida real morria sufocada. Nossa falta de atenção criava na verdade um mundo mais dócil aos nossos desejos ou ilusões, assim não nos rebaixávamos, nem sacrificávamos nossa personalidade ao contato com as coisas mesquinhas e desprezíveis. Dedicávamos-vos assim a motivos mais nobres, ou seja, a palavra escrita, à retórica, à gramática, ao direito formal.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS :

HOLANDA, Sérgio Buarque de. (1936) Capítulo 5 – O homem cordial. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras. pag. 139 a 151.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. (1936) Capítulo 6 – Novos Tempos. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras. Pag 153 a169

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