Exlusão pis e cofins
Por: Carolina234 • 17/10/2018 • 1.226 Palavras (5 Páginas) • 383 Visualizações
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[...] os integrantes da panela de D. Adauto foram selecionados em função de critérios idênticos de representatividade dos interesses econômicos, políticos e religiosos dos grupos dirigentes em nível local. (p. 73-74)
A designação de D. José Ireneo Joffily, outro protegido de D. Adauto, revela os critérios ideais de recrutamento que guiavam a seleção de nomes para o episcopado. A família do candidato em questão era fruto de um consórcio entre poderosos interesses econômicos associados à linhagem materna e um apreciável capital social e cultural amealhado pelo pai ao longo de uma acidentada carreira política e intelectual que culmina com seu ingresso nos quadros da liderança católica leiga. (p. 74)
A outra modalidade de “estadualização” do poder eclesiástico ocorreu nos estados mais desenvolvidos do país. Em Minas Gerais, por exemplo, a prolongada gestão de D. Silvério Gomes Pimenta encontrou condições amplamente favoráveis à sua política de recatolicizar o estado. (p. 76)
D. Silvério logrou restaurar a influência político-doutrinária da Igreja através de campanhas institucionais e de novas associações. Dispunha desde logo de recursos organizacionais de vulto, como a rede de seminários e escolas secundárias católicas, entre elas as principais casas de formação das elites [...] (p. 76)
Tendo que enfrentar, desde fins do século, a concorrência dos ginásios estaduais [...] e daqueles instalados pelas denominações protestantes [...], foi enérgica a reação católica oficial orquestrada por D. Silvério para minorar as perdas acarretadas pela separação do Estado. (p. 77)
[...] os grupos católicos leigos sob tutela da hierarquia desencadearam intensa campanha pela imprensa, organizaram congressos e mobilizaram as bases católicas. O grupo leigo União Popular aprontou manifesto com mais de duzentas mil assinaturas, reivindicando permissão para o ensino de religião nas escolas públicas fora do horário normal. (p. 77)
O trabalho de mobilização alcançou outros campos de atividade, motivando a criação de associações leigas para jovens [...], sociedades beneficentes de trabalhadores, até atingir os setores católicos da elite política estadual. Os frutos dessa aliança logo se fizeram sentir através da recondução sistemática de deputados sintonizados com as demandas da Igreja [...] (p. 77)
A reação mais contundente às ameaçadas de “descristianização” vislumbradas na proibição do ensino de religião consistiu na criação de um “partido católico” (o Partido Regenerador) [...] (p. 78)
Por sua vez, os gestos da hierarquia em favor da elite política se manifestaram sobretudo através dos ganhos territoriais validados pela criação ou ampliação de circunscrições eclesiásticas [...] (p. 78)
Considerações
O caráter descentralizador instaurado a partir do advento da República, somado à laicização do Estado, se fez sentir sobre as políticas organizacionais da Igreja Católica no Brasil. No regime monárquico, Estado e Igreja se encontravam num estado de “simbiose”, como salienta o autor.
A posterior dissociação dessas duas instituições, embora sugira um prejuízo à Igreja, foi compensada pela politização dos prelados, que faziam alianças com as oligarquias de acordo com as conjunturas regionais. Essas alianças culminaram no que o autor chamou de “estadualização” do poder eclesiástico.
Nesse período, houve uma expansão organizacional da Igreja, com a criação de um grande número de instituições religiosas (56 dioceses, 18 prelados e 3 prefeituras apostólicas, entre 1890 e 1930). Fatores econômicos e políticos condicionaram essa expansão organizacional.
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