A MÚSICA E SEUS BENEFÍCIOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

...

---------------------------------------------------------------

INTRODUÇÃO

A música faz parte da vida das pessoas e da cultura dos povos de uma maneira singular. Em sua trajetória, proporcionou transformações, determinou condutas e construiu conceitos, servindo como forma de expressão da sensibilidade, da criatividade, dos valores éticos e estéticos.

Ela é uma forma de expressão artística, que permite ao ser humano manifestar suas alegrias e tristezas, suas dúvidas e sentimentos, suas ideias e sensações.

A música pode ser encontrada no suave compasso das batidas do coração materno, nos sons que emanam da natureza ou, ainda, no movimento acelerado do trânsito das grandes cidades.

Ela acompanha o desenvolvimento e as relações interpessoais nas comunidades, bairros e cidades, independentemente de sua linguagem ser diversificada e da origem dessa expressão cultural.

Por meio da linguagem musical, a criança começa a se expressar de outra maneira e é capaz de se tornar mais ativa na sociedade, visto que a música ajuda a adquirir mais autonomia e habilidade nas atividades rotineiras, a melhorar o cuidado de si mesma e a ampliar suas possibilidades de relação com o mundo.

Muitos estudos históricos permitem afirmar que a música foi a fonte de inspiração de grandes filósofos, que já a apontavam como o caminho para uma educação de qualidade, na qual seus valores colocariam a humanidade na trilha da sabedoria e da produção harmônica de conhecimentos.

A linguagem musical proporciona o desenvolvimento da criança, antes mesmo dela começar a frequentar a escola. Nesse sentido, Nogueira (2006) pontua que os brinquedos musicais fazem parte da vida da criança desde muito cedo – é por meio dos acalantos, das parlendas, dos brinquedos ritmados entre mãe e bebê, que se estabelecem as primeiras experiências lúdico-musicais da vida humana.

Mais tarde, outros tipos de brincadeiras musicais, cada vez mais dinâmicas e diversificadas, vão ampliando os referenciais auditivos das crianças, num processo sempre crescente.

Na educação infantil, a música proporciona possibilidades de aprendizado para que a criança possa experimentar, apreciar, vivenciar e construir conhecimentos sobre essa e outras linguagens. A habilidade de fazer música ocorre através da criação e da reprodução por meio da arte de interpretar, de improvisar e de compor.

Este trabalho de pesquisa está ancorado na necessidade de compreensão sobre a importância da música e seus benefícios na educação infantil, visto que o ensino de música não está somente ligado ao aprendizado de instrumentos ou de repetição de canções e cantigas decoradas e descontextualizadas.

A escola, enquanto espaço institucional para transmissão de conhecimentos socialmente construídos, pode se ocupar em promover a aproximação das crianças com outras propriedades da música que não aquelas reconhecidas por elas na sua relação espontânea com a mesma.

Loureiro (2008) explicita que o aprendizado de música deve ser um ato de desprendimento prazeroso, que comungue com as experiências da criança sem ser uma imposição ou que busque a qualquer custo que a criança domine um instrumento, o qual pode minar sua sensibilidade e criatividade. Nos dias atuais, a música é uma arte que vem sendo preterida por outras linguagens e por isso deve ser retomada nas escolas, pois ela propicia ao aluno um aprendizado global.

O grande desafio é que a música na educação infantil venha a se tornar um complemento no trabalho e nas atividades realizadas nas escolas de educação infantil, que além de desenvolver a sensibilidade musical, pode ainda ajudar no desenvolvimento de outras potencialidades das crianças.

A linguagem musical pode ajudar nesse desenvolvimento, superando paradigmas e apresentando suas possibilidades como ferramenta pedagógica que possa dar subsídios aos educadores no desenvolvimento da aprendizagem das crianças de forma sadia e prazerosa.

No primeiro capítulo, explicita-se sinteticamente a concepção da música no mundo e no Brasil, através de sua trajetória histórica e do seu acesso às escolas, especialmente na educação infantil.

No segundo capítulo, o enredo tem como foco a importância da relação entre o ensino e a aprendizagem da música, a influência desta no desenvolvimento das crianças e a compreensão dos professores sobre o significado da música em suas aulas.

O terceiro capítulo tem como abordagem principal o trabalho docente com relação ao desenvolvimento de atividades com a música nas salas de educação infantil, compreendendo sua potencialidade enquanto instrumento pedagógico de desenvolvimento pessoal e social. São tratadas também algumas dificuldades permeadas por essas práticas, juntamente com as alternativas e as possibilidades do uso da música em sala de aula.

Percebe-se que a música é um fator determinante na personalidade do indivíduo na educação infantil e que é uma forma de expressão social e cultural pouco valorizada e muitas vezes banalizada.

No entanto, a linguagem musical é, sem dúvida, uma das mais valiosas formas de expressão da humanidade, porém em nossas escolas ainda há certo descaso em relação a essa prática.

A escola, sendo o ponto de encontro de todas as culturas e estando aberta incondicionalmente a todas as formas de expressão, precisa repensar suas práticas para que o papel da música na educação infantil contribua para a construção de uma sociedade em que prevaleça o respeito à criatividade e ao processo artístico.

CAPÍTULO I- A HISTÓRIA DA MÚSICA

- Breve histórico da música

De acordo com estudos científicos, a música existe e sempre existiu como produção cultural. Ao ser produzida ou reproduzida, é influenciada diretamente pela organização sociocultural e econômica local, contando ainda com as características climáticas e o acesso tecnológico, que envolvem toda a relação com a linguagem musical.

A música possui a capacidade estética de traduzir os sentimentos, atitudes e valores culturais de um povo ou nação. A música é uma linguagem local e global.

No período pré-histórico, o ser humano usava a música como a projeção dos seus desejos, medos e anseios que fugiam à razão.

Diferentes fontes arqueológicas, em pinturas, gravuras e esculturas, apresentam imagens variadas de músicos, instrumentos e dançarinos