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Fichamento Freire : Saberes necessários à prática educativa

Por:   •  18/10/2018  •  2.149 Palavras (9 Páginas)  •  345 Visualizações

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que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo (p. 23).

O docente deve promover um ambiente inclusivo e acolhedor que reconhece e aceita a diversidade, encontrando meios de potencializar a aprendizagem através de estratégias pedagógicas adequadas a todos os membros do grupo discente, assim, suas propostas devem estar ancoradas em competências que possam ser explicitadas por conceitos e ações que fundamentem o ensino e, neste sentido, deve reconstruir sua práxis de maneira a considerar sua especificidade e a subjetividade do aluno.

Dando sequência ao seu pensamento, Freire, no capítulo Ensinar não é transferir conhecimento, conceituando o ensino como um processo coletivo que considera a historicidade e a humanização frente ao constante diálogo com a realidade, discorre sobre elementos que educadores devem considerar em seu cotidiano profissional.

Algumas considerações se destacam neste sentido:

Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam (p. 28).

A apreensão da condição humana, sua incompletude e sua inserção histórica e social num mundo com possibilidades de transformação é a força que alavanca a educação contra os obstáculos e que conduz o homem na direção do conhecimento, que observado, refletido e ressignificado possibilita a autonomia dos sujeitos, tornando-os sujeitos de sua própria história.

O combate em favor da dignidade da prática docente é tão parte dela mesma quanto dela faz parte o respeito que o professor deve ter à identidade do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser (p. 34).

A defesa pela educação se insere numa prática político-pedagógica coerente com o discurso docente. Importante, ética e digna, é capaz de traduzir em ações o respeito ao ser humano, uma vez que demonstra que, uma vez inseridos histórica e socialmente em determinada realidade, o homem pode e deve se insurgir contra arbitrariedades surgidas contra a coletividade. Sem esta possibilidade de intervenção a retórica seria vazia.

Especificamente humana a educação é gnosiológica, é diretiva, por isso política, é artística e moral, serve-se de meios, de técnicas, envolve frustrações, medos, desejos. Exige de mim, como professor, uma competência geral, um saber de sua natureza e saberes especiais, ligados à minha atividade docente (p. 36).

Esse conjunto de imperativos busca provocar um redimensionamento em relação ao exercício profissional e, consequentemente, à formação profissional e os caminhos que que se deve percorrer em direção de uma nova prática, com base em uma leitura e um entendimento crítico da realidade através de bases teóricas, estratégicas, éticas e legais para a ação profissional e, que quando socializadas, fortaleçam a profissão e efetivem a ação.

Por tudo isso me parece uma enorme contradição que uma pessoa progressista, que não teme a novidade, que se sente mal com as injustiças, que se ofende com as discriminações, que se bate pela decência, que luta contra a impunidade, que recusa o fatalismo cínico e imobilizante, não seja criticamente esperançosa (p. 38).

O potencial transformador da educação está condicionado a sua possibilidade de comprometer os sujeitos em pensar e agir à favor das mudanças e fazê-las acreditar nesta circunstância permite que este pensamento possa ser compartilhado, assim, a visão de um conceito social radical transformador só é possível a partir dos sentimentos de alegria e esperança que trazem à tona a construção participativa e organizada da coletividade e enfraquece o discurso de um poder direcionador.

A rebeldia enquanto denúncia precisa de se alongar até uma posição mais radical e crítica, a revolucionária, fundamentalmente anunciadora. A mudança do mundo implica a dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua superação, no fundo, o nosso sonho (p. 41).

A rebeldia deve ser vista pelo docente como um comportamento saudável e indicativo de inconformidade e insubordinação à certas realidades e vem de encontro aos ideais libertários da educação. Ao sujeito cujo caráter não aceita o determinismo, a educação para a autonomia possibilita a compreensão da realidade, conduzindo-o para posição de interventor que, se guiado pela reflexão, pode mobilizar sua motivação de forma propositiva para a coletividade.

O último capítulo, Ensinar é uma especificidade humana, destaca o caráter ontológico desta ação que se constituí, a partir de condições sócio-históricas, na produção dos sujeitos e que, portanto, deve estar alicerçada no conhecimento, reconhecimento e respeito mútuo.

Em alguns trechos ficam sublinhadas algumas situações que merecem um olhar mais atento:

Continuo bem aberto à advertência de Marx, a da necessária radicalidade que me faz sempre desperto a tudo o que diz respeito à defesa dos interesses humanos (p. 52).

Como qualquer categoria profissional que tem a sua ação voltada para os interesses humanos, a docência deve estar comprometida em estudar o indivíduo e sua inclusão na sociedade, trabalhar com seus direitos e deveres, identificando suas fragilidades e garantindo seus direitos. Assim sendo, cabe-lhe apropriar-se de devida indignação e manter a “[...] fidelidade ao impulso crítico-revolucionário original do marxismo e, simultaneamente, a afirmação enfática da necessidade de renovar seu arsenal político-intelectual, condição para a manutenção de sua radicalidade emancipatória” (QUERIDO , 2016).

O filho tem, no mínimo, o direito de provar a “maluquice de sua idéia”. Por outro lado, faz parte do aprendizado da decisão a assunção das conseqüências do ato de decidir (p. 54).

A inconformidade com determinadas situações é uma característica comum em jovens, estes querem assumir as rédeas de sua própria vida e alguns pais reprimem esta liberdade enquanto outros permitem que seus filhos façam suas escolhas. Estas ocasiões devem ser mediadas pelo diálogo que deve permitir ao jovem expor e argumentar a favor de suas ideias, bem como deve servir de espaço para que os responsáveis orientem e explanem acerca das consequências que advém de certas decisões. A capacidade de arbitrar depende das percepções que se tem, porém, às vezes, elas estão distantes da realidade,

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