Comportamento alimentar
Por: Sara • 23/4/2018 • 2.360 Palavras (10 Páginas) • 275 Visualizações
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de alimentos, ao passo
que a estimulação elétrica na região medial do hipotálamo suprimia o consumo
de alimentos. A partir desses dados concluiu-se que na região lateral do
hipotálamo estaria o “centro da fome” e na região medial do hipotálamo estaria o
“centro da saciedade” e lesões efetuadas nesses centros levam a um
desequilíbrio desse sistema.
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Essa idéia de “centro dual” prevaleceu por muitas décadas. Porém, com a
progressão de pesquisas realizadas nessa área, esse modelo mostrou-se
bastante simplista.
Figura 7 – Comportamento alimentar e peso corporal alterados por lesões
bilaterais do hipotálamo de ratos. (a) Lesões no hipotálamo lateral, gerando
anorexia. (b) Lesões no hipotálamo ventromedial, ocasionando obesidade. (Fonte:
Bear et al., 2002)
Vários estudos mostraram que os animais com lesão na região lateral do
hipotálamo, quando alimentados por cânulas voltavam a se alimentar
espontaneamente, embora mantendo seu peso em um patamar mais baixo. Já
os animais com lesões na região ventromedial do hipotálamo tornavam-se
comedores vorazes por até três semanas, tornando-se obesos. Entretanto, eles
não engordavam indefinidamente, ou seja, eles estabilizavam o consumo de
alimentos e mantinham o peso corporal neste novo patamar. Esses dois casos
nos mostram que os animais com as lesões hipotalâmicas, sejam elas na região
lateral ou medial, modificaram o seu ponto de ajuste, sendo capazes de gerar
sinais de fome e de saciedade a partir dessa nova condição. Portanto, esses
estudos levaram à conclusão de que novos mecanismos neuronais foram
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recrutados e então a região lateral do hipotálamo não seria o único “centro da
fome” e a região medial do hipotálamo não seria o único “centro da saciedade”.
Acredita-se que os resultados observados das lesões hipotalâmicas
laterais ou mediais sobre a ingestão sejam devidos a muitos fatores diferentes,
como:
• Alteração das informações sensoriais – muitas vezes as lesões
hipotalâmicas laterais causam dano às fibras do nervo trigêmeo,
que inerva a face e a boca, podendo contribuir para a afagia.
Também podem produzir danos em estruturas cerebrais,
resultando numa alteração do aspecto sensorial atraente da
comida. A lesão do núcleo ventromedial acentua a capacidade de
resposta às propriedades aversivas ou atraentes da comida e de
outros estímulos. Ou seja, os animais com lesões na região
ventromedial do hipotálamo comem mais que os animais não
lesados, porém se a comida for adulterada com uma substância
amarga, eles comem menos que os animais normais.
• Alteração do ponto de ajuste – como já descrito anteriormente, as
lesões hipotalâmicas parecem alterar o ponto de ajuste da
regulação do peso corporal.
• Alteração do equilíbrio hormonal – o comportamento alimentar é
afetado por muitos hormônios, inclusive os esteróides sexuais, o
glucagon, a insulina e o hormônio de crescimento. As grandes
lesões do hipotálamo invariavelmente afetam muito desses
sistemas de controle hormonal.
• Efeitos sobre fibras nervosas que passam pelo hipotálamo –
lesões da região lateral do hipotálamo danificam fibras
dopaminérgicas que têm conexões extensas com estruturas
associadas ao sistema límbico, que também está envolvido na
regulação da ingestão, como será descrito adiante.
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CONTROLE A CURTO PRAZO
A ingestão alimentar é estimulada inicialmente quando os alimentos são
percebidos pelos olhos, pelo nariz e pelo olfato e quando esses alimentos
chegam à boca. A ativação da divisão parassimpática e entérica do sistema
neurovegetativo desencadeia um aumento da secreção salivar na boca e do
suco gástrico no estômago.
O comportamento alimentar é estimulado, dentre outros fatores, pela
diminuição do nível de glicose e pelo aumento de insulina na corrente
sanguínea. Isto ocorre porque o núcleo paraventricular do hipotálamo possui
conexões com neurônios do núcleo do nervo vago. Quando o nervo vago
recebe informação do hipotálamo, ele estimula a liberação de insulina pelo
pâncreas. Assim, o aumento no nível de insulina e a redução do nível de glicose
podem estimular a ingestão de alimentos. Entretanto, essa estimulação só
ocorre em circunstâncias emergenciais em que ocorre uma drástica queda nos
níveis glicêmicos.
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