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RELAÇÃO ENTRE AVALIAÇÃO VISUAL E EFICIÊNCIA ALIMENTAR EM ANIMAIS DA RAÇA NELORE

Por:   •  6/10/2017  •  4.301 Palavras (18 Páginas)  •  493 Visualizações

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Uma importante fonte de diferenças entre animais quanto à eficiência de produção está na capacidade de ingestão de alimentos, em níveis acima das exigências de manutenção, durante a fase de crescimento (LEDGER et al., 1970; GONÇALVES et al., 1991; e OLIVEIRA et al., 1994 apud PEROTTO et al., 2000).

Berg & Butterfield (1976) apud Mello et al. (2010) afirmam que existem fatores que interferem diretamente na eficiência alimentar, que são o potencial genético e a gestão do alimento sobre o consumo.

A seleção para eficiência alimentar foi colocada em um segundo plano pela indústria da carne bovina, certamente pela dificuldade de mensurar o consumo alimentar de bovinos de corte, particularmente em sistemas extensivos de produção. Outra razão para esta falta de interesse é a de que sempre se assumiu que a eficiência estaria intimamente correlacionada à taxa de ganho (Kennedy et al., 1993, e Cameron, 1998 apud LANNA & ALMEIDA, 2004).

Segundo Castilhos et al. (2011) medir o consumo de ração individual é muito mais caro do que medir o ganho de peso apenas , o que é uma limitação para a aplicação de seleção para eficiência alimentar . Medidas precisas da ingestão de alimentos individuais, o crescimento e a eficiência da alimentação em animais requerem um teste ao longo de um período de tempo.

Existem algumas maneiras para se aferir a eficiência alimentar, visto que é uma característica quantitativa, e a principal é através do CAR (consumo alimentar residual), o qual permite selecionar animais que possuem menor consumo para manutenção, sem interferir no peso adulto ou ganho de peso.

O CAR pode ser avaliado de diferentes formas, a mais simples e que exige menor investimento em infraestrutura, porém maior mão de obra é a mensuração manual, a qual consiste em alojar os animais em baias individuais e coletar diariamente sobra do alimento ofertado para cálculo do consumo. Outra forma mais sofisticada são os “kalan Gates”, muito usados em gado de leite para ofertar dietas de acordo com a categoria animal. E, a última e mais moderna tecnologia, GrowSafe, um sistema canadense, eletrônico, que permite mensuração individual do consumo alimentar mesmo com os animais permanecendo em grupo e coletando também dados de comportamento animal (FERREIRA & SANDOVAL, 2012). Podendo citar, também, o Intergado®, o qual é um cocho individual produzido no Brasil que tem por função mensurar o consumo individual do animal, assim como o GrowSafe.

Segundo Arthur & Herd (2008) existem fatores que influenciam as respostas desta medida para serem comparadas ao longo do tempo, estes fatores são idade ao início do ensaio, sexo dos bovinos, composição da dieta e os procedimentos que são feitos durante o teste. Ainda segundo estes autores, é importante ressaltar que o consumo de ração por estes animais e sua utilização envolve um complexo processo biológico com interação com o meio ambiente.

Segundo Lanna & Almeida (2004) o consumo alimentar residual é uma proposta do clássico trabalho de Koch (1963), cujos preceitos não foram compreendidos ou aceitos pela grande maioria dos pesquisadores de bovinos de corte até a década de 90. Nesta década, australianos se dedicaram ao estudo do CAR, sendo seguidos pelos canadenses. Mais recentemente os americanos perceberam o grave erro que foi ignorar esta linha de pesquisa.

O CAR consiste na diferença do consumo real (observado) pelo consumo do alimento previsto (estimado), como indicado na fórmula abaixo, o qual é o que realmente o animal ingere. Animais que possuem CAR negativo são animais mais eficientes.

[pic 1]

Onde, segundo KOWALSKI (2014): CAR = consumo alimentar residual (kg de MS/dia);

CMSOBS = consumo de matéria seca observado (kg de MS/dia);

CMSEST = consumo de matéria seca estimado em função do PC e do GMD dos animais (kg/dia);

PMM = peso médio metabólico (kg);

GMD = ganho médio diário (kg/dia);

β0 = intercepto da regressão;

β1 = coeficiente parcial da regressão para PMM;

β2 = coeficiente parcial da regressão para GMD;

ε = erro aleatório;

A equipe do Laboratório de Nutrição e Crescimento Animal da Esalq/USP, coordenada por Dr. Dante Pazzanese Lanna em meio a vários estudos sobre o CAR identificou um grave problema sobre o uso desta medida, o qual não foi observado pelos australianos. O Prof. Rodrigo Almeida demonstrou em seu doutorado na ESALQ/USP que a lucratividade é melhor correlacionada com ganho do que com CAR, mas que o uso de regressão conjunta de Ganho e Consumo poderia identificar animais mais eficientes.

Os australianos têm feito vários experimentos para comprovar a eficiência do CAR para selecionar animais mais eficientes. Em um experimento realizados com progênies após cinco anos de seleção foi demonstrado que animais que tinham pais com CAR -, ou seja, mais eficientes, foram animais que consumiram menos e apresentaram melhor conversão alimentar do que os filhos de pais que possuíam alto CAR.

Segundo Almeida & Lanna (2004) este estudo comprovou que o Consumo Alimentar Residual é uma característica que permite aos produtores identificar animais mais eficientes sem que haja a seleção concomitante para maior ganho de peso e maior peso a idade adulta.

A relação entre animais mais eficientes (CAR-) ou animais menos eficientes (CAR+) pode ou não ser notada visualmente, o qual essa avaliação pode ser feita através do EPMURAS, que são características físicas avaliadas visualmente, possuindo classificações pré determinadas, as quais são estrutura física (E), precocidade (P), musculosidade (M), umbigo (U), caracterização racial (R), aprumos (A) e sexualidade (S).

A estrutura corporal (E) corresponde a área que o animal abrange visto lateralmente, avaliando-se, basicamente, o comprimento do animal e a profundidade de costelas. Tendo conhecimento da área em que o animal abrange é possível, também, identificar a deposição de tecido muscular, o que é de grande importância para animais de corte. Além de possuir uma avaliação com pontuação de um à seis e animais que são avaliados com nota zero são, imediatamente, desclassificados (Manual Técnico do PMGZ, 2012).

Precocidade (P) é uma característica onde recai

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