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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  27/3/2018  •  6.011 Palavras (25 Páginas)  •  413 Visualizações

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Porém, o que é letramento? O ato do letramento é melhor que o alfabetizador? O que podemos entender por uma pessoa letrada? Existem diferenças entre alfabetizar e letrar? É possível o processo de alfabetizar letrando?

Desenvolvimento textual

1 – A ORIGEM DA PALAVRA LETRAMENTO

De acordo Soares (2000b: 15), a palavra “letramento” surgiu a partir de um discurso entre especialistas nas áreas de Educação e de Ciências da Linguagem em meados dos anos 80. Uma das obras pioneiras em citar e se aprofundar o termo letramento se trata do livro: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística (1986) por Mary A. Kato, em que a autora afirma que “... a chamada norma-padrão, ou língua falada culta é consequência do letramento, motivo por que indiretamente, é função da escola desenvolver no aluno o domínio da linguagem falada institucionalmente aceita”. A origem do termo se deu a partir de uma versão que foi feita da palavra da língua inglesa “literacy”, representando etimologicamente estado, condição, ou mesmo a qualidade de ser “literate”, se define então como educado, principalmente, no ato de aprendizagem do ler e escrever.

A partir dessa referência do livro de Mary Kato, em 1986, essa palavra letramento voltou a aparecer no ano de 1988, em um livro que pode ser considerado como essencial para o lançamento da perante o mundo educacional, “Adultos não alfabetizados - o avesso do avesso”, de Leda Verdiani Tfouni (São Paulo: Pontes, 1988), esse livro realiza um grande estudo acerca do modo que falam e pensam os adultos analfabetos, e já no momento da introdução do livro nos é apresentada um texto onde se pode distinguir alfabetização de letramento.

A partir de então podemos dizer que a palavra “letramento” vem se tornando cada vez mais utilizadas por especialistas em seus discursos, tanto falados quanto escritos, tanto é que no ano de 1995, esses termos já figuravam como título de livro, como podemos ver em alguns títulos organizados por Ângela Kleiman (1995) e Leda Verdiani Tfouni (1995).

Soares (2003) afirma ainda que “Literate” trata-se de um adjetivo que te como principal característica da pessoa o domínio pela leitura e pela escrita e “literacy” caracteriza o estado ou mesmo a condição daquele que é “literate”, ou seja, aquela pessoa que se desenvolveu além da leitura e escrita, mas sim se utiliza de forma competente e com frequência desse aprendizado. Devemos salientar que estado ou condição tratam-se de importantes palavras para a compreensão das diferenças encontradas entre analfabeto, alfabetizado e letrado; a conjectura versa sobre quem aprende a ler e a escrever e se utiliza da leitura e escrita, passa a se envolver em práticas de leitura e de escrita, acaba por se tornar uma pessoa diferente, adquirindo assim outro estado ou até mesmo outra condição. Para a construção do termo letramento, Soares (2003) realiza a decomposição da palavra:

[...] letra + mento, estabelecendo os significados dos termos: letra como forma portuguesa da palavra latina littera e, - mento como sufixo, que indica resultado de uma ação. Portanto, letramento é o resultado da ação de “letrar-se”, se dermos ao verbo “letrar-se” o sentido de “tornar-se letrado”. Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais (SOARES, 2003, p. 38).

De acordo com Soares 2000, no conceito de “literacy” nos deparamos, de maneira implícita, com a ideia de que a escrita acaba nos trazendo consequências das mais variadas tanto em campos sociais, culturais, políticos, econômicos, cognitivos, linguísticos, essas variações se dão tanto em algum grupo social em que seja introduzida, tanto para que possamos aprender a utilizá-la de forma correta. Quando o letramento ocorre de maneira efetiva ele tende a se envolver em práticas sociais tanto de leitura quanto de escrita. Diante desse pressuposto, qual a diferença entre ser letrado ou alfabetizado?

O letramento é muito mais do que apenas saber ler e escrever. O professor tem o papel de realizar a orientação do aluno para que ele desenvolva flexibilidade linguística que se mostra necessária perante o desempenho exigido pela sociedade. Passando a realizar a analise de textos comparando-os, pesquisando suas distinções, realizando a construção de regras a partir da utilização da língua, para que fundamentado em suas descobertas possa iniciar a construção e reescrita de textos, fator que se torna de extrema importância na prática da escrita para que a língua seja utilizada de maneira correta. Nessa perspectiva podemos afirmar que letrar se torna muito mais relevante que o próprio ato de alfabetizar.

2 – ASPECTOS CONCEITUAIS ENCONTRADOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

De acordo com alguns estudos realizados por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, que tiveram sua divulgação a partir dos anos 80 com o título: Psicogênese da Escrita, muitos questionamentos foram sanados em relação às descobertas de trabalho no processo de construção da escrita realizada pela criança, essas afirmações levaram todos a refletir acerca do que acreditavam ser importante durante esse processo, levando a um redirecionamento da prática educacional até então defendida e acreditada por todos no processo de alfabetização.

De acordo com Ferreiro (2002, p.36), esse estudo tem como função “mostrar e demonstrar que as crianças pensam a propósito da escrita, e que seu pensamento tem interesse, coerência, validez e extraordinário potencial educativo”.

Partindo dessa averiguação passamos então a delinear a alfabetização sintetizando como uma construção conceitual, que se torna contínua e passa a ser desenvolvida simultaneamente dentro e fora da sala de aula, fazendo parte de um processo interativo, essa conjuntura ocorre desde os seus primeiros contatos da criança com a escrita. Perante essa compreensão nos é enfatizado que o momento do aprendizado da escrita alfabética passa a se tornar muito mais importante que um simples processo associativo entre letras e sons.

Para obter o domínio desse sistema, o indivíduo necessita da elaboração de diversas hipóteses para a realização das tomadas de decisões imprescindíveis nessa tarefa cognitiva de compreensão de seu funcionamento. Esse trabalho acaba por envolver duas grandes questões conceituais que se trata de: o que? Como? Dá-se essa representação da escrita.

Diversos

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