Análise de um livro dedatico utilizado em uma escola do ensino fundamental
Por: Kleber.Oliveira • 3/2/2018 • 2.591 Palavras (11 Páginas) • 545 Visualizações
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Para Saussure (1993), “a fonética é uma ciência histórica, que analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo”, contrastando com a fonologia que é “fora do tempo, já que o mecanismo de articulação permanece sempre igual a si mesmo” (p. 43), sendo assim, a fonologia é uma ciência que não possui correção ou perfeição sintática. Pode-se afirmar então que uma análise fonética se baseia na assimilação e transferência sonoras, enquanto a análise fonológica se baseia na sua função linguística.
3. O professor como mediador do conhecimento teórico em sua aplicação prática na educação de base.
A gramática dominou durante a maior parte da história cientifica os estudos das competências comunicativas, com o surgimento da linguística esse protagonismo foi dividido. A linguística não tem por finalidade desvirtuar a gramática ou diminuir a sua importância, mas trazer uma nova visão que demonstra que não se pode resumir o estudo da língua a regras, pois ela é viva e esta em constante mutação. Sendo assim, é importante destacar que os estudos da fonética auxiliam na doutrina gramatical e na percepção da sua funcionalidade. Segundo os PCN “o objeto de ensino e, portanto, de aprendizagem é o conhecimento linguístico e discursivo com o qual o sujeito opera ao participar das práticas sociais mediadas pela linguagem.” (PCN, 1998). Espera-se que o aluno seja “capaz de utilizar a língua de modo variado, para produzir diferentes efeitos de sentido e adequar o texto a diferentes situações de interlocução oral e escrita” (PCN, 1998). Dessa forma, o ensino da língua materna no meio escolar não deve ignorar os fatores sociais e históricos que envolvem a cultura, comportamental e utilização prática da linguagem tentando mistificar a norma culta como vertente hierárquica suprema perante as outras.
A compreensão popular do que é gramática, normalmente esta associada à ideia de uma enormidade enfadonha de preceitos e normas que muitos componentes da nossa sociedade foram impostos por intermédio de “decoreba” ao longo do seu período colegial, tendo como sua base técnica e métodos mecanicistas que não estimulavam o senso crítico e a interação do aluno com a língua, conforme lembra Antunes (2003). O que essa quantidade considerável de pessoas entende como gramática, é na verdade, uma das diversas gramáticas que existem, no referido caso a gramática normativa. As vertentes gramaticais centrais que circulam no meio escolar são a Gramática Normativa, Descritiva e Reflexiva; embora não seja incomum - ao fazer um estudo crítico do ensino da língua portuguesa no Brasil - que apenas uma delas seja trabalhada nesse ambiente. É obrigação do mestre asfaltar o caminha para compreensão das diferenças, vantagens e desigualdades que cada uma tem no aprendizado gramatical.
Carlos Franchi no livro “Mas o que é mesmo ‘Gramática?” afirma que “gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos bons escritores”. Sendo assim “deve-se dar ao aluno a oportunidade de crescer linguisticamente, através da prática constante em aulas que sejam um prazer e uma descoberta constante, oportunidade de manifestação individual, espontânea, em que, sem ser reprimido nem humilhado por constantes correções de seus ‘erros’, ele vá progredindo à força de praticar, e de ser exposto a bons modelos: modelos que lhe agradem, que lhe digam alguma coisa”. (Luft, 1997). Posto isso, o instrutor educativo deve levar em consideração que a língua esta em constante modificação especialmente nos dias atuais em que a internet promove uma rápida evolução no vocabulário coloquial dos alunos.
4. A relação fonológica na ortografia do português brasileiro
O sistema ortográfico do português do Brasil - que tem como objetivo padronizar a escrita - é um terreno áspero e irregular, podendo ser descrito em normas. Scliar-Cabral (2003) subdivide as regras gramaticais em quatro linhas de raciocínio: a primeira é a das regras independentes do contexto, ela abrange a correspondência entre o fonema e o grafema, sendo assim, só existe uma forma de transcrever determinado fonema, são os exemplos de ‘f’, ‘p’, ‘d’, ‘b’, ‘t’, ‘v’, ‘m’ e ‘n’ ao iniciar uma sílaba, e dos dígrafos ‘nh’ e ‘lh’, apesar de parecerem simples, muitos alunos encontram dificuldades em grafa-lo da forma correta, como escrever “familhia” no lugar de “família”, sendo que a pronuncia comum a essa palavra é [fa'miʎɐ]; a segunda faz parte das regras dependentes de contexto fonético, nela o fonema pode mudar de acordo com a sua posição na palavra ou ao fonema que o acompanho, por exemplo o fonema /k/ que tem som de ‘qu’ quando a vogal seguinte for anterior a / e, i, ɛ /; os contextos competitivos são aqueles em que as distinções entre fonema e grafema não podem ser explicadas por regras, como fonema /s/ que está presente em “caça”, “devassa” e “máximo”; por último, temos as regras dependentes da morfossintaxe e do contexto fonético, nela é necessário levar em conta tanto informações morfológicas quanto fonéticas, como no caso da regra do uso do “ão” e “am” em verbos e substantivos. Ter esses conhecimentos teóricos é fundamental para que um pedagogo seja capaz de repassar o conteúdo ao aluno, reconhecendo e correlacionando as variações linguísticas com a gramática.
Aos professores de português cabe o ensino da gramática sem privilegiar falantes de uma determinada classe social, região ou cultural étnica. Como afirma Bortoni-Ricardo (1984,p.10), “a variedade ‘urbana’ conserva traços dos dialetos rurais, principalmente no que concerne à simplificação do sistema flexional da língua portuguesa”. A língua é plural, portanto a pratica pedagógica através da interlocução mediada pela escrita deve levar em consideração que o aluno inevitavelmente vai expressar traços de oralidade em suas produções textuais levando em conta seu conhecimento prévio sobre a língua que ele tem.
Consequentemente, o educador necessita intervir rente aos traços de transferências linguísticas, proveniente dos traços fônicos da língua materna apresentando o ponto e o modo de articulação dos fonemas da língua de origem de seus precedentes como estes se distinguem das variantes do português brasileiro, efetuando uma prática pedagógica pela diferença dos traços fônicos de modo simples, efetivo e funcional.
5. Análise do livro “Português - linguagens”
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