VARIAÇÃO DE /t/ EM POSIÇÃO PREVOCÁLICA NO FALAR PARAENSE
Por: Sara • 14/5/2018 • 2.931 Palavras (12 Páginas) • 345 Visualizações
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3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nessa seção apresentam-se os resultados da pesquisa realizada. Serão apresentados, primeiramente, os resultados preliminares. Sua apresentação é importante, a fim de que se compreendam os procedimentos que motivaram a manutenção ou retirada de alguns grupos de fatores da análise final. Isso é necessário, já que, quando do estabelecimento dos grupos de fatores, constituíram-se grupos que se caracterizaram como hipóteses. É o manuseio e análise gradativa dos dados que dirão se devem ou não permanecer na análise, a fim de que se garanta uma investigação rigorosa e detalhada.
- Resultados Preliminares
Os primeiros resultados obtidos foram baseados em contabilização dos dados antes de serem submetidos ao programa Varbrul. Neles constavam tanto os contextos que sofreram a palatalização como aqueles em que não houve a aplicação da regra, para demonstrar que, no Estado do Pará, a regra é válida para contextos em que /t/ esteja diante de vogais altas, ou seja, trata-se de uma assimilação progressiva que pertence ao domínio da sílaba e não da palavra como ocorre em alguns falares baianos (Cf. Mota, 1995).
O banco de dados do ALISPA é composto de 159 vocábulos. Ao todo foram analisados 1.214 dados. Foram selecionados aqueles que apresentaram /t/ em contexto prevocálico; o que totalizou 32 vocábulos. Em apenas dez desses dados /t/ apresentou realização variável, como se pode observar no quadro 02:
Quadro 02: Relação de vocábulos que compuseram o corpus
VOCÁBULOS
1. Noite
17. Tesoura
2. Planta
18. Torneira
3. Terreno
19. Presente
4. Prefeito
20. A gente
5. Santo Antônio
21. Perguntar
6. Dente
22. Muito
7. Peito
23. Mentira
8. Afta
24. Tarde
9. Vômito
25. Botar
10. Tio
26. Manteiga
11. Alto
27. Montar
12. Bonito
28. Aftosa
13. Inocente
29. Elefante
14. Certo
30. Borboleta
15. Prateleira
31. Rato
16. Televisão
32. Teia
Os dados em que ocorreu realização variável são aqueles que apresentam como contexto seguinte a vogal alta, seja ela derivada ou não. O número de ocorrências da variante [t] é bem maior do que o número de ocorrências da variante [t], quando analisamos todos os contextos vocálicos seguintes ao /t/, como em “muito” e “aftosa” por exemplo, ou seja, contextos [-alto], [+anterior]Quando isso acontece, a palatalização não obtém aplicação.[1] Assim, houve uma redução de 1.214 dados (resultados preliminares) para 312, já que se buscou trabalhar sobre os dados que apresentavam realização variável de /t/ que ocorria apenas diante de vogais altas.
Quadro 03: Itens que apresentaram realização variável
CONTEXTO
PALAVRAS
[t] diante de [i], em posição tônica.
- mentira
- tio
[t] diante de [I], vogal derivada de [e], em posição átona final.
- noite
- dente
- inocente
- presente
- gente ӡ
- elefante
[t] diante de [I], vogal derivada de [e], em posição pretônica.
- tesoura
- prateleira
As palavras que integram o quadro 3 apresentaram comportamento variável, representado pela formas alveolar [t] ou africada [tʃ]. Os vocábulos em negrito receberam aplicação categórica da palatalização. Isso nos diz que quando há /t/ diante da vogal alta derivada [I], que deriva do alçamento de [e], em posição átona final, há alto favorecimento de fenômeno nas dez cidades paraenses que fazem parte desta pesquisa.
Novamente, pode-se perceber que a palatalização é altamente frequente diante de vogais altas. Por outro lado, pode-se firmar que não ocorreu aplicação da regra quando /t/ encontrou-se diante de outros contextos vocálicos, como [a], [], [], [o] e [], o que confirma que a palatalização que ocorre no falar paraense pertence ao domínio da sílaba.
- Ajustes nos grupos de fatores
Como foi dito, inicialmente, foram estabelecidos oito grupos de fatores para se verificar seu efeito sobre as variantes: contexto precedente, contexto seguinte à vogal alta, qualidade do segmento seguinte, tonicidade, classes de palavras, sexo, idade e grupo geográfico. As variáveis dependentes constituem a não-palatalização (1) ou a palatalização (2) de /t/.
O programa disponível para a análise tem um comportamento incomum quando um fator apresenta 0% ou 100% de frequência, o que se denomina KnockOu, doravante nocaute. Dessa forma, retiraram-se os dados nos quais houve nocaute, para que se pudesse analisar, especificamente, os grupos que presentavam comportamento
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