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O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA ATRAVÉS DA LEITURA

Por:   •  27/4/2018  •  2.206 Palavras (9 Páginas)  •  520 Visualizações

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A ESCRITA É INFLUENCIADA PELA LEITURA

É comum presenciar situações em que, são associados erros ortográficos, coesão e coerência em um texto redigido por um indivíduo ao fato de que este não tem frequentes hábitos de leitura, ou simplesmente não ler. De fato, há uma parcela de verdade nesta afirmação, pois, o sujeito que não costuma ler, quer seja intencionado pela aprendizagem ou por puro prazer, tem mais dificuldade em escrever, organizar e expôr claramente suas ideias em um texto. Sobre isso, vejamos o que diz Góes segundo Guaresi:

Afirma que a leitura ajuda o jovem a obter maior clareza da mente e melhorando da sensibilidade, além do enriquecimento progressivo no campo dos valores morais, no campo racional, no da cultura e no da linguagem. Quando o autor trata da linguagem, aponta a leitura como influenciadora no enriquecimento do vocabulário, no uso correto das palavras e, consequentemente, na maior clareza redacional. (Góes,1984 apud Guaresi 2007, p.154)

Dessa forma, a escrita do individuo que não tem acesso à leitura, torna-se falha, por apresentar ausência da presença dos elementos da textualidade, que são fundamentais para a interpretação de sentidos do leitor diante do texto. Para elucidar esta questão, vamos analisar os contos de dois alunos como exemplo, nomearemos o primeiro aluno de autor A, e o segundo de autor B, onde o autor A tem sua escrita marcada por grande influencia a leitura, e o autor B, é caracterizado pela grande dificuldade de escrever em consequência da ausência de práticas leitora.

Conforme a figura 1e 2, vejamos o conto do autor A:

Observemos que nessa primeira narrativa podem-se identificar elementos textual como coesão e coerência, boa ortografia e domínio de elementos da narrativa como a presença do travessão nos diálogos entre os personagens. O texto escrito pelo o autor A, é um conto intitulado de “O garoto e o livro”, onde narra à estória de um eu lírico descrevendo uma experiência que teve com um garoto em um lixão, o garoto estava lendo um livro e o eu lírico fica impressionado com a atitude do garoto leitor, e começa um diálogo entre os dois, após isso, a narradora expõe sobre a importância de que todos os cidadãos tem o direito a aprender a ler. A escrita do autor está tão relacionada ao seu hábito de leitura, que podemos identificar algumas características no texto, como por exemplo, uma obra citada no conto: o infanto-juvenil, O pequeno príncipe[1], percebe-se que o autor enfatiza o uso de uma obra popular na tentativa de enriquecer seu texto e prender a atenção de seu leitor. Agora, seguiremos analisando a escrita do autor B, cujas experiências com a leitura são nitidamente escassas.

Vejamos na figura 3, o conto do autor B:

A primeira vista, a diferença em comparação ao texto anterior é explícita, começamos a analisar a organização do texto, o modo como o autor redigi o texto, o uso incorreto de algumas expressões e ausência de pontuação ortográfica. O autor dispõe de uma característica muito comum em sujeitos não leitores: escrever da maneira que fala, o autor usa de expressões errôneas segundo a gramática normativa, para narrar eventos no texto como: “se formar em médico”, no intuito de ilustrar a intenção de um personagem em relação ao seu objetivo de ler. Em vista disso, é possível perceber que o modo que o autor B escreve, é consequência da ausência de leituras cotidianas, já que, ao compararmos o contexto em que ambos estão inseridos, não há diferenças, os dois tem a mesma idade, o mesmo nível de escolaridade, e frequentam a mesma escola, com a ressalva de que ambos têm posturas distintas enquanto leitores.

Grandes são as dificuldades do professor de língua portuguesa diante de situações como estas: como planejar uma aula de interpretação textual? Como exigir dos alunos um resumo de um livro, considerando as dificuldades de alunos como o autor B? . Essas e outras questões semelhantes faz com que, os professores busquem novas estratégias de ensino de leitura e escrita em sala de aula, na tentativa de melhorar o desempenho dos alunos. Uma proposta que poderia ser utilizada pelos professores, seria a implantação de aulas de leituras, onde a leitura não seria de uso exclusivo de compreensão e aprendizagem a gramática, mas para formar o aluno um leitor crítico que se posiciona perante o texto, formulando pontos de vistas, e acima de tudo não é apenas um decodificador de códigos, mas, compreende e interpreta o que está lendo. Sobre isso, segundo Solé (1998):

O processo de leitura deve garantir que o leitor compreenda o texto e que pode ir construindo uma ideia sobre o conteúdo, extraindo dele o que lhe interessa, em função dos seus objetivos. Isto só pode ser feito mediante a uma leitura individual, precisa, que permita o avanço e o retrocesso, que permita parar, pensar, recapitular, relacionar a informação com o conhecimento prévio, formular perguntas, decidir o que é importante e o que é secundário. É um processo interno, mas deve ser ensinado. (Solé,1998, p.32)

Portanto, é de extrema importância que o professor esteja presente nesse processo de aprendizagem a leitura, para que o aluno desenvolva habilidades como as citadas pela autora Solé assim como também a escrita, formando um ciclo de aprendizagem, composto pela escrita, texto e leitura, no qual, a presença de um influencia a existência do outro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi proposto neste artigo fica evidente a importância que deve se dar a litura como auxiliadora no processo de aprendizagem das outras competências linguísticas como a escrita. Através da analise dos contos escritos, percebe-se que a escrita exige dos alunos uma bagagem diversificada de leituras, não necessariamente apenas leituras de livros, revistas e outros gêneros, mas uma “leitura de mundo”, como é chamada por alguns autores como Paulo Freire (2005), do contrario, a falta dela fará o aluno um sujeito inativo, sem a capacidade de ser autônomo de suas próprias escolhas enquanto leitor. Consequentemente, é fundamental que o professor seja um guia para o aluno, apresentando-lhes as melhores alternativas para que este faça a sua escolha e não ser um ditador, que impõe aquilo que acha que o aluno deveria aprender.

ANEXOS

[pic 1]

Figura 1: Autor A. Conto escrito por um aluno do 9° ano do ensino fundamental.

[pic 2]

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