A Literatura Comparada: Fichamento
Por: SonSolimar • 25/12/2018 • 2.971 Palavras (12 Páginas) • 464 Visualizações
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já o vimos, nos leva a nos informarmos sobre a pessoae a vida do autor. Por conseguinte, a primeira forma tomada pelahistória literária foi abiográfica.
Estudará sucessivamente as origensda obra, seja na carreira do próprio autor, seja fora dele:
seus antecedentes, suas fontes, as influências que o ajudaram anascer etc; sua gênese, isto é, as etapas sucessivas de sua formação,desde a primeira concepção, às vezes, longínqua, até o momentode sua publicação; seu conteúdo: fatos, idéias, sentimentosetc.; sua arte: composição, estilo, versificação; sua fortuna:sucesso junto ao público, recepção da crítica, reedições, influência,às vezes tardia.A primeira e a última dessas questões ultrapassam o livroconsiderado, e constituem por si sós um estudo especial. Acabamosde falar das influências sob as quais este ou aquele livro foiescrito, de seus antecedentes; depois, das influências que exerceu,de sua descendência.(P. 92)
Com efeito, raramente uma produçãodo espírito é isolada. (...) .Ele (O AUTOR) terá tido precursores; e terá sucessores.A história literária deve situá-Io no gênero, na forma de "arte, na tradição à qual pertence, e apreciar a originalidade doautor, medindo o que ele herdou e o que criou.
De qualquer modo, o jogo de influências sofridas ou exercidasé um elemento essencial da história literária.
Em compensação, se, percorrendo a literatura francesa, atentarmospara seus contatos com outras literaturas, veremos de imediatosua quantidade e importância. A história literária, tal co-immoitaaçdõeesscreeevmemproéss,titmemos.deEtlraatnaãro (p. 93)
Mas para saber oque pertence a Moliere em L:étourdi, Don Juan ou L’Avare, cumpreconhecer o que ele encontrou em Beltramo, em Tirso de Molinaou Cicognini, em Plauto, e estudar de perto semelhanças e diferenças. (p. 94)
Até agora ficamos, e de propósito, exclusivamente no campoda literatura francesa. Mas é óbvio que os mesmos argumentospoderiam ser usados partindo-se de qualquer outra literatura (p. 95)
OBJETO E MÉTODO DALITERATURA COMPARADA*
Marius-François Guyard(p. 49/97)
A literatura comparada é a história das relações literárias internacionais.
c) Ele deve ser capaz de as ler na sua língua original? A questão se coloca não só por causa do grande número de .línguas elimites das forças humanas, mas sobretudo porque, muitas vezes,
as obras estrangeiras foram conhecidas e lidas, mesmo pelosescritores profissionais, apenas em tradução. (p. 97-98)
mas não podemos apreciar a influênciagoethiana nestes mesmos escritores, sem sermos capazes
de apreciar por nós mesmos a diferença que existe entre o originale as traduções. O comparatista deve, portanto, ler diversaslínguas.
entusiasmamo-nos, muitas vezes, com umromance traduzido, mas só o apreciamos, realmente, lendo-o nooriginal. (p. 99)
De onde vêm estes tipos queencontramos por toda parte, estes mitos cuja significação, a cada
época, é retomada pelos autores mais diversos? O direcionamentoda pesquisa é fornecido pelo assunto e não pela forma.Os alemães chamam a este tipo de trabalho Stoffgeschichte(história
dos assuntos) e colocaram espontaneamente a literatura comparadaneste caminho. (p. 103) (...)
Ora, isto quase sempre dáà exposição uma unidade artificial: a "pulga" na literatura francesa
e alemã pode ser o tema de uma "dissertação original"; istonão é comparatismo, pois a "pulga" não é em si um objetoliterário, mas estudar a presença de Fausto nos escritores alemãese franceses é seguir de Goethe a Valéry um tema essencialmente literário, que pode ajudar a destacar ou a descobrir traços característicosde uma psicologia individual ou nacional. (p. 103)
Um best-seller é um livro de sucesso; sua influência literária pode ser nula.A poesia de Mallarmé teve uma difusão muito restrita; ela inspirou,no entanto, muitos poetas estrangeiros. Estudar a difusão, asimitações, o sucesso de uma obra é uma tarefa que requer paciênciae método; distinguir uma influência é muito mais delicado (p. 104)
Fora o plágio formal, quantas influênciasfalsascomo a de Dickens sobre Daudet, que nunca leu o romancistainglês! Muitas vezes, é preciso saber confessar: eis o que conhecíamosde Goelhc, ou de Dostoievski, em tal época, em talpaís, e renunciar a provar influências precisas.bem como do meio receptor; (p. 105)
5. Fontes. - Em um raciocínio inverso, podemos considerarum escritor não mais como emissor, mas como receptor deinfluências, e distinguir suas fontes estrangeiras.
Comodefinir o papel das impressões (viagens de Goethe à Itália),das fontes orais (conversações de Lamartine com Eckstein sobrea Índia), das fontes escritas (leituras inglesas de Chateaubriand),sem chegar ao ridículo de recusar ao gênio toda originalidade,abafando-o sob as referências ou o estabelecimento de um balanço,do qual jamais conheceremos o saldo?
Quais os francesesque informaram seus compatriotas sobre a Inglaterra? Quaissão seus preconceitos, seus conhecimentos? Eles conheceram opaís e o que eles conheceram? Há personagens ingleses nos romances,nos dramas? Que traços estes lhes emprestaram? Por quê?
Não se trata mais de influência, mas sim de interpretação. Umtal estudo ajuda a compreender como nós vemos os ingleses epor que nós os vemos assim? Ele supõe uma leitura atenta das
obras francesas, mas também uma experiência pessoal da Inglaterra.Neste ponto, a literatura comparada pode ajudar dois paísesa realizar uma espécie de psicanálise nacional: conhecendo
melhor a fonte de seus preconceitos mútuos, cada um se reconhecerámelhor e será mais indulgente para com o outro que alimentouprevençôes análogas às suas. (p. 106)
Um Voltaire etl’Angleterreanalisaria bem o que deve o filósofo francês a Locke, mas sobretudo
nos mostraria como o exilado descobriu o país, aprendeua língua, estabeleceu laços de amizade; depois, tendo voltado àFrança, que aspectos da Inglaterra ele fez conhecer, por que estes
e não outros.(p. 107)
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