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Guerra de canudos: um novo olhar sobre a luta sertaneja e o messianismo religioso

Por:   •  2/4/2018  •  1.306 Palavras (6 Páginas)  •  454 Visualizações

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positivamente, pois o tornava parte de uma cultura letrada e superior, de um lado, e o aproximava pela vivência prática e cotidiana do que pregava, por outro. Ao contrário dos párocos, o Conselheiro partilhava com seus adeptos um cotidiano de sofrimento e privações, forjando assim uma vivência religiosa muito concreta, palpável, diariamente renovada e alimentada e capaz, por isso, até mesmo de pegar em armas para defender seus princípios.

A comparação em relação à cultura popular sertaneja e sua crença religiosa, os livros aqui trabalhados expressam de forma geral uma abordagem comparativa salientando ainda mais o contexto histórico. Utilizando uma metodologia critica baseada em livros e artigos científicos, construindo assim um trabalho que possibilita ter um novo olhar em relação ao “ser sertanejo” na abordagem da guerra de Canudos.

Essa pesquisa tem como finalidade acrescentar ainda mais a compreensão ideológica em relação ao misticismo popular e o combate aos direitos de terra que serão apresentados no decorrer desse trabalho. O messianismo será apresentado como uma abordagem que salienta a compreensão da luta popular e da luta que Antônio Conselheiro enfrentava em relação às tropas militares.

Desta forma, desenvolvemos uma analise nesse projeto que discuti a questão popular e a religião que são marcas essenciais na contextualização histórica desse evento. Assim, fica aqui esboçada uma leitura compreensiva da trágica saga conselheirista, chave esta que procura, dentro de todas as limitações já apontadas, estabelecer uma aproximação maior com aqueles homens e mulheres esquecidas numa área inóspita e decadente, utilizando para isso o conceito de cultura como um conjunto de crenças e códigos de comportamentos próprios de uma classe ou grupo social.

Nessa perspectiva, a religiosidade sertaneja não pode ser considerada apenas como instrumento de um projeto político específico, mas, mais que isso, o suporte cultural determinante e central da luta conselheirista. Pois, na medida em que a vivência religiosa confere todo o sentido à vida dos que se instalaram em Canudos, uma vez deflagrado o conflito, ele assume seu caráter político no sentido mais pleno do termo: a manutenção de uma determinada ordem social, política e celeste, e a utilização de todos os meios disponíveis para defendê-la. Curiosamente acabaram ajudados e protegidos pela hostilidade do solo, da vegetação e do clima, que tanto dificultaram o acesso do inimigo e que toda vida os havia obrigado a vagar sem pouso.

Nesse sentido, o sangrento combate pela manutenção do arraial teve um significado bem mais amplo do que lhe imputaram as interpretações que tornaram o movimento como símbolo da luta revolucionária no campo, esquecendo até mesmo que Antônio Conselheiro era um monarquista assumido e defensor da volta do governo de direito divino da família real portuguesa. Se a luta pela terra chegou a ser relevante na impressionante resistência sertaneja às tropas legais, com certeza o foi obedecendo à lógica segundo a qual Canudos era considerado o último bastião da religião e da Igreja, em um mundo contaminado pelo erro e pelo pecado. A guerra sertaneja foi feita em nome da certeza de que Canudos era a terra dos homens de Deus.

8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNHA, Euclides da, 1866-1909 Os Sertões/Euclides da Cunha; introdução de Ricardo Oiticica. – 4ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2001.

FACÓ, Rui. Cangaceiros e Fanáticos. Gênese e lutas - 7ª edição, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 1983.

MONIZ, Edmundo. A Guerra Social de Canudos. Rio de Janeiro: Civ. Brasileira, 1978.

QUEIRÓZ, Maria Isaura P. de. O Messianismo no Brasil e no Mundo – 2ª ed. - São Paulo: Alfa-Ômega, 1977.

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