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TEMA: AUTISMO E INCLUSÃO - PSICOPEDAGOGIA E PRÁTICAS EDUCATIVAS NA ESCOLA E NA FAMÍLIA

Por:   •  10/8/2018  •  5.087 Palavras (21 Páginas)  •  395 Visualizações

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O autismo se apresenta como sendo uma desordem no desenvolvimento do indivíduo manifestada desde seu nascimento, de forma grave e por toda sua vida, acometendo aproximadamente 20 entre cada 10 mil nascidos, sendo quatro vezes mais comum nos meninos do que nas meninas. O autismo pode ser encontrado em todo o mundo e em todas as famílias, indiferente à sua configuração racial, étnica ou social. (FACION, 2007)

A ocorrência do autismo se dá de forma isolada ou associada a outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro. Sendo que a expectativa de vida de uma pessoa portadora de autismo é considerada normal. No entanto, faz-se necessária uma reavaliação periódica visando ajustes necessários quanto às suas necessidades, pois os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. As formas mais graves do autismo apresentam sintomas como os de “autodestruição, gestos repetitivos, e raramente comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes a mudanças, necessitando freqüentemente de tratamento e técnicas de aprendizagem muito criativas e inovadoras”. (GAUDERER, 1993, p. 3)

Segundo a National Society for Autistic Children:

Tem sido de grande valia os programas educacionais específicos, que usam métodos comportamentais, criados para cada aluno de forma individual. Acompanhamento e apoio são importantes para familiares com membros portadores de autismo. Essas técnicas beneficiam qualquer família que tenha indivíduos com alguma incapacidade duradoura. Medicamentos usados para diminuir certos sintomas podem ajudar pessoas com autismo a levar uma vida mais satisfatória. (apud GAUDERER, 1993, p. 4)

Sendo uma pessoa “diferente”, o autista necessita de cuidados especiais, pois sua condição assim o pede, portanto, quando o mesmo é ajudado em suas atividades normais, com um acompanhamento individualizado, ele tem maiores e melhores condições de superar suas dificuldades.

- A CRIANÇA AUTISTA E A EDUCAÇÃO

Educar é um ato que se estende a toda pessoa, seja ela portadora de alguma necessidade educativa especial ou não. Todos têm direito de poderem aprender. É considerando a diversidade e enfatizando a importância dos espaços de participação no ato de educar e aprender que se busca examinar algumas das especificidades – notadamente as cognitivas – de alunos com autismo. A consideração dessas especificidades faz-se no contexto da assim denominada teoria da mente e propõe atividades de apoio cognitivo.

A dificuldade de representação mental, de acordo com Baptista e Bosa (2002), não está restrita apenas às situações onde a criança assimila conhecimentos informativos e/ou aprendizagens formais, mas, talvez, demonstre ser mais frágil exatamente na área que é mais identificada com o autismo, ou seja, na área das relações humanas. Desse modo, a partir da inter-relação existentes nos aspectos sociais, emocionais e cognitivos no pensamento e na aprendizagem, há, nas crianças com autismo, uma forma de quebra desse encadeamento que ocorre da sua dificuldade na representação mental para poder entender o que os outros pensam e sentem, por causa disso, a criança autista não consegue interpretar cognitivamente as mensagens socioafetivas emanadas pelos demais integrantes de seu grupo social.

A criança autista encontra-se privada dessa capacidade por causa da dificuldade que ela tem em poder representar mentalmente as situações de conflito. Assim, na maioria das situações, ele ou ela não reconhece expressões de emoção ou não lida com conteúdos afetivos porque os estados mentais correspondentes a tais vivências permanecem obscuros. Em outras palavras, “ele tem dificuldade em usar os seus próprios estados mentais para refletir como outros podem estar pensando e sentindo”. (BAPTISTA e BOSA, 2002, p. 112)

Talvez pareça estranho uma profissional da área social falar de processo de aprendizado, dos aspectos e filosofia que estariam embasando a educação de uma criança autista. Ocorre que minha experiência como mãe que buscou um caminho para entender o processo pelo qual sua filha autista melhor aproveitasse o ensino a ela sugerido e também a vivência diária com todas as crianças da AUMA (Associação dos Amigos da Criança Autista) – foi um elemento forte o suficiente para nortear minhas ações no que diz respeito a pesquisas, leituras e reflexões sobre como uma criança autista aprende e que tipo de educação oferecer a ela. Através dessa busca entendi que uma criança autista aprende por associação, ou seja, se pretendemos ensinar a cor amarela para ela, precisamos associar a cor a alguma coisa de cor amarela que ela já conheça, como por exemplo, a banana. (LOPES, 1997, p. 25)

Um outro exemplo de processo associativo de aprendizado dado pela autora acima citada é aquele onde a criança associa o ato do pai sair para trabalhar, após dar tchau e pegar uma maleta. A criança associa o ato de trabalhar à maleta. Se o pai não pegar a maleta, ele não vai trabalhar e sim passear. Aí a criança chora e quer ir junto.

Segundo Lopes (1997), a dificuldade de generalização é bastante variável de criança para criança, pois algumas conseguem generalizar alguns elementos com mais facilidade em detrimento de outros. Na verdade, esta baixa capacidade de generalização é porque o autista se fixa a um significado central, o que lhe dificulta perceber que uma informação encaixa-se a outra e assim sucessivamente. A questão da associação com dificuldade na generalização pode ser observada nas diversas áreas de aquisição de conhecimento, ou seja, linguagem, matemática etc.

Outro aspecto importante do aprendizado de uma criança autista é que ela aprende muito melhor vendo do que ouvindo, ou seja, o sentido da visão é um dos sentidos que mais favorecem o contato da criança autista com o mundo exterior. Isso explica o fascínio de uma grande parte das crianças autistas pela televisão, por logotipos e outdoors.

A televisão propriamente dita, tem, de uma vez só, três dos elementos que embasam o processo de aprendizado de uma criança autista, ou seja, é visual, é previsível e altamente estruturada. Elas conseguem aprender muito rápido a hora dos programas e qual programa vai passar em função destes aspectos. (LOPES, 1997, p. 26)

A televisão é um instrumento que pode chamar a atenção da pessoa portadora de autismo, pois através de seus recursos audiovisuais, ela tem o poder de fazer com que ela sinta-se atraída por seus programas.

Além destes, um outro fator é a dificuldade que o autista tem de compreender o ponto de vista do outro. Há

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