Sociologia de Max Weber

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O fazer científico tem como fundamento a busca incessante pela verdade e têm como pressuposto que toda lei geral cientificamente comprovada tem o potencial de ser refutada. A ciência só deve buscar apoio em dados da realidade. Weber ressalta a importância de existir um distanciamento dos valores do cientista, porém estes serão fundamentais para dar uma forma singular a sua pesquisa. O cientista deve ser seletivo e os seus valores pessoais é que o auxiliarão a encontrar um objeto de estudo.

Weber cita em sua obra Ciência como vocação que “O conteúdo das ''leis'' que somos capazes de reconhecer na inesgotável diversidade do curso dos fenômenos deverá ser o único fator considerado cientificamente essencial. Tão logo tenhamos demonstrado a regularidade de uma conexão causal, seja mediante uma ampla indução histórica ou pelo estabelecimento para a experiência íntima de sua evidência imediatamente intuitiva, admite-se que todos os casos semelhantes- por muito numerosos que sejam- ficam subordinados a mesma fórmula assim encontrada''.(WEBER, 2002 , p.88).

Portanto, além de propor esse distanciamento com as pré-noções, o autor também enfatiza o caráter essencial que a ciência detém ao reconhecer os mais diversos conteúdos de leis gerais científicas, tendo como pressuposto que o fazer científico deva estar livre de valores pessoais e que essas leis gerais estejam subordinadas a estarem ultrapassadas com o surgimento de novos conhecimentos científicos.

Max Weber cita a importância da utilização de novas metodologias para encontrar diferentes resultados científicos, tendo em vista que não se deve utilizar de meios mecânicos repetitivos durante o trabalho do pesquisador. Inevitavelmente, a inovação e refutação são princípios que a ciência está sujeita, pois a ciência está vinculada necessariamente a ideia de progresso, e sem inovação e refutação não há espaço para o progresso científico.

"O domínio do trabalho científico não tem por base as conexões 'objetivas' entre as 'coisas' mas as conexões conceituais entre os problemas. Só quando se estuda um novo problema com auxílio de um método novo e se descobrem verdades que abrem novas e importantes perspectivas é que nasce uma nova 'ciência'“ (WEBER, 2006, p.88).

Através dessa citação fica claro a ideia que Weber defende a utilização de novas metodologias como ferramentas científicas, dessa forma o fazer científico poderá se encontrar em um processo de constante transformação, refutação e a consequente inovação. Reinhard Bendix descreve que durante sua carreira, Weber esteve preocupado com o “desenvolvimento do racionalismo na civilização ocidental” em um período na qual a teoria da evolução e o racionalismo se chocavam com a ideologia religiosa.

O sistema econômico capitalista e a lógica da obtenção de lucro baseado em um modo de produção específico já se concretizavam e se desenvolvia nos mais diversos segmentos da sociedade ocidental. A partir desse contexto Max Weber procurou relacionar esse desenvolvimento capitalista com ideias e atitudes religiosas. A princípio o autor separou dois tipos ideais de protestantes e de cristãos, para posteriormente focar seu estudo na construção do tipo ideal dos protestantes, especificamente as correntes Calvinistas e puritanas. Através da compreensão dessas condutas religiosas, o autor traçou um paralelo causal na qual essa conduta protestante e esse “poder da ascese religiosa”(WEBER, 2004 , p.161) estimulava o desenvolvimento desse sistema econômico.

A compreensão dessas condutas religiosas só foi possível através da elaboração dos tipos ideais de grupos religiosos e suas influências em uma conduta que estimulava o acúmulo material. Durante sua obra sobre a ética protestante e espírito do capitalismo, Weber citou em inúmeras passagens caracterizando as condutas de seus tipos ideias escolhidos durante a pesquisa, tal como na passagem a seguir: "O desencantamento do mundo: a eliminação da magia como meio de salvação, não foi realizado na piedade católica com as mesmas consequências que na religiosidade puritana (e,antes dela a judaica). O católico tinha a sua disposição à graça sacramental da igreja como meio de compensar a própria insuficiência[...] O deus do calvinismo dos seus , não 'boas obras' mas uma santificação pelas obras erigida em sistema."(WEBER, 2004, p.106-7) .

As contribuições do autor para o entendimento do capitalismo ocidental tiveram importância fundamental para questionar o economicismo e a tendência materialista de explicar o capitalismo como um modo de produção. A explicação empregada por Weber abrangia a cultura e as condutas específicas que os grupos adquiriram através dos valores morais e simbólicos da vida religiosa, desse modo ao analisar esse tipo ideal na sua amplitude de sentidos, relacionou que essa corrente do protestantismo estimulou o desenvolvimento do capitalismo ocidental.

A utilização dos conceito de tipo-ideal empregada por Weber durante a sua obra sociológica foi e continua sendo uma importante ferramenta científica, sobretudo no campo sociológico, a fim de " tornar compreensível a natureza particular das conexões que se estabelecem empiricamente" ( QUINTANEIRO, 2002, p.111) . Ademais, Weber contribuiu de modo fundamental para o debate sobre o juízo de valores que o pesquisador deve reconhecer e o controle destes a fim de fazer uma ciência da forma mais racional possível, tentando estabelecer as relações de sentido na ação humana.

Bibliografia:

Weber, M. A "objetividade" do conhecimento na ciências sociais, São Paulo (tradução e comentários Gabriel Cohn). 2006.

Bendix, Reinhard. Max Weber: um