As Escolas antropológicas
Por: kamys17 • 26/11/2018 • 1.812 Palavras (8 Páginas) • 312 Visualizações
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Lewis Morgan, centrando a sua teoria evolucionista no parentesco, aponta o matriarcado como a primeira forma da sua constituição, mas que, apesar de apresentar diferentes fases, cada sociedade passava por três fases fundamentais: a selvagem, a barbárie e a civilização.
Bachoffen, que centra a evolução na própria família, onde aponta que a sociedade terá sido definida pela promiscuidade sexual, entre mãe e filho, seguida pelo controlo do filho e da terra pela mãe, dando origem ao matriarcado e que terminaria com a transição para o patriarcado em algumas sociedades.
Se porventura todos deviam experimentar essa evolução de carácter unilinear e se era necessário situar o diapasão entre os estágios anteriores, primitivos e os recentes, ou evoluídos, certamente que emergiam condições para o estabelecimento da comparação, ou o método comparativo, um outro elemento característico desta Escola.
Temas privilegiados
A mitologia, o parentesco; organização social; costumes primitivos; a religião, temas jurídicos, entre outros. Entretanto, esta escola debatia-se com o facto de usar fontes sem uma grande crítica, geralmente em bruto. Assumindo o carácter assimilacionista e justificando-se ou refugiando-se em ideias filantrópicas, o Evolucionismo seria aplicado nas relações entre sociedades dominantes e dominadas em contextos coloniais, revelando a aplicabilidade desta corrente para a sistematização dos sistemas coloniais que eram implantados em África. É só se recordarem das contraposições estabelecidas, em que ao ultramarino lhe eram conotados adjectivos negativos e, como tal, a serem ultrapassados pela acção civilizadora dos Europeus.
Esccola difusionista
Por se conceber o jogo da centralidade de certas culturas em relação às outras, o evolucionismo foi quase paralelamente seguido pela introdução de uma nova corrente, no quadro da sucessão dos paradigmas de interpretação dos conhecimentos. Nesse contexto, situou-se um mecanismo de transferência dos valores culturais considerados, de certa maneira, superiores. Por outro, passou a defender-se a ideia segundo a qual, nem sempre todos os povos têm a capacidade inventiva ou de descobrir algo ou ainda, de que não existia, na face da terra, culturas que tivessem a totalidade dos referenciais culturais internos. Finalmente, o novo paradigma sistematizou-se pela constatação de que os povos estiveram em constantes migrações, que condicionaram contactos e deles, certamente houve a difusão de elementos culturais, como defendia Ratzel, fundador da Antropo-geografia – definiam-se as bases do difusionismo ou da escola difusionista.
A difusão da cultura depende da existência de centros originários (aqui emerge o conceito de áreas culturais com os norte americanos), mas também de certos pressupostos, como o de critério de qualidade, de quantidade e do geográfico com a escola alemã, resumidos na complexidade e no número de Graebner. Por outro, a escola alemã defende ainda a presença de ciclos culturais, definidos como um conjunto integrado de elementos. Usam como método o histórico-difusionista, pelo facto das semelhanças que possam ser atribuídas à dois padrões culturais só poderem ser fundamentadas na história, por isso, esta escola chamar-se também historicista. Finalmente SMITH introduziu o fenómeno do paralelismo cultural, segundo o qual a cultura de todo o mundo moderno era basicamente a mesma por conta da difusão. Procurando revelar a centralidade de certas culturas, como foi a egípcia nos tempos remotos, (teoria pan-egípcia), certamente que com a corrente procurava-se justificar o lugar da Europa no fim do Século XIX, que devia responsabilizar-se pela transferência dos seus traços culturais para o mundo extra-europeu. Contudo, o subjectivismo e o grande sensacionalismo, falta de rigor cronológico dos acontecimentos e o grande radicalismo ao considerar o Difusionismo como única base da explicação das semelhanças culturais existentes entre diferentes grupos, foram notas negativas dominantes desta corrente, apesar de uma das sub-escolas ter procurado usar fontes de informação segura. Entretanto, por causa de uma tentada pesquisa no terreno, esta escola desenvolveu a Etnografia e a Etnolinguística, fundamentalmente com a escola norte-americana.
O funcionalismo
O funcionalismo: emerge com Alfred Radcliffe-Brown, Bronislaw Malinowski e o sociolólogo Emile Durkheim. Partindo do pressuposto de que as relações sociais são um todo e que a sociedade comporta-se como um organismo vivo, esta corrente/escola avança com a ideia de que todas as relações sociais têm uma função, uma em relação à outra. Para isso, os teorizadores desta escola acham que a necessidade de se ver a funcionalidade de um elemento cultural num certo momento não precisa de ser procurada no passado, mas no momento. Aqui surge o carácter anti-histórico desta escola ou teoria, que procura desenvolver a análise num contexto sincrónico. Para tal é necessário observar todas as relações existentes in loco, o que cativou a emergência da observação participante, método introduzido por Bronislaw Malinowski
Querendo ultrapassar as tendências dominantes na época (preocupações pela origem e pelos problemas das transformações sócio-culturais), o funcionalismo tenta explicar o funcionamento de uma cultura num determinado momento. As noções de utilidade (para que serve?), de causalidade (qual é a razão?) e de sistema (conhecimento da interdependência dos elementos num conjunto coerente) determinaram a emergência desta corrente.
Com esta escola foram ainda desenvolvida a parte conceptual da Antropologia, como, por exemplo, a redifinição da cultura por Malinowski, expondo que era um aparelho instrumental que permite ao homem resolver da melhor maneira os problemas concretos e específicos que deve enfrentar no seu meio, quando tem de satisfazer às suas necessidades” (Rivière, 2000, p. 52). Enfatiza ainda a ideia da cultura ser um mundo artificial criado pelo homem, mas que, ao mesmo tempo é uma extensão do mundo natural.
O Estruturalismo
Esta Escola baseia-se em sistemas como fundamentos das representações culturais, evidenciando-se que mesmo em pensamentos primitivos, há representações colectivas, onde todos participam como um
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