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Teoria do Apego

Por:   •  15/8/2018  •  1.866 Palavras (8 Páginas)  •  324 Visualizações

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O modelo interno de funcionamento representacional de si mesma é a própria criança quem cria, e isso depende da forma como a mesma foi cuidada em sua infância.

A imagem interna, construída pelos cuidadores primários, é considerada como a base para todos os futuros relacionamentos íntimos. Porém, algumas figuras de apego podem ser extremamente desatentas ao estado mental da criança, e com isso pode haver deformações.

O apego desenvolve vários repertórios comportamentais, desde sorrisos, balbucios e choro até comportamentos adultos mais complexos. Ele é um sistema de pensamentos, memórias, crenças, expectativas, emoções e comportamentos sobre si mesmo e os outros.

Na Teoria do Apego, são classificados cinco tipos de padrões de apego, onde a criança e o cuidador criam uma relação, sendo ela positiva ou negativa.

O primeiro padrão é chamado de SEGURO, que é basicamente quando a criança se mostra confiante na exploração do ambiente, e usa seu cuidador como base segura de explorações, protesta contra a partida dele e busca proximidade.

O segundo padrão é denominado ANSIOSO, quando a criança é pegajosa, não sendo capaz de lidar com a ausência do cuidador e procura garantias constantemente.

Já o terceiro é denominado como padrão RESISTENTE ou AMBIVALENTE, que se caracteriza por ter comportamentos imaturos antes de ser separado de seus cuidadores de maneira preocupada. Se sente incomodada com a separação, porém quando os cuidadores retornam o bebê não costuma se aproximar facilmente e alterna seu comportamento entre a procura por contato e a raiva.

O quarto padrão é o EVITATIVO, onde a criança brinca de forma tranquila, demonstra pouca ou nenhuma irritação com a partida do cuidador. Resposta pequena ao retorno; ignora ou se afasta no contato. Geralmente é uma criança rebelde e com baixa-estima.

E por fim, o quinto padrão é chamado DESORGANIZADO ou DESORIENTADO, que é composto por crianças que tiveram experiências negativas para o desenvolvimento infantil. Falta de estratégia de apego coerente, e geralmente têm comportamentos contraditórios.

O caso de João

João é um garoto de nove anos que vive com sua tia, seu tio, dois primos e uma irmã mais nova.

A tia (irmã da mãe biológica) relata que não sabe como lidar com o sobrinho, e que não conhece muito sobre a vida dele. Sabe apenas que a mãe tentava cuidar das crianças, mas apresentava alterações de humor e fragilidade devido às frequentes brigas com o marido.

O garoto apresenta os seguintes comportamentos: problemas de aprendizagem, é agressivo com o professor e com os colegas de classe, tem baixo rendimento escolar; também é agressivo em casa, não assume suas responsabilidades e ainda faz necessidades na cama.

Poderíamos dizer que estes comportamentos estão ligados ao quinto padrão (Desorganizado ou Desorientado) na Teoria do Apego, pelo fato que em sua primeira infância teve na maioria das vezes experiências negativas, pois presenciou o assassinato de sua mãe pelo próprio pai, sendo abandonado em casa na companhia de sua irmã mais nova, onde permaneceu durante três dias ao lado do cadáver da mãe.

Foi encontrado por vizinhos e levado a um abrigo, onde ficou por um ano. Como se já não bastasse, após isso foi adotado por um casal que o maltratava. A empregada do casal os denunciou, e agora a guarda de João está com sua tia.

Podemos dizer que João entende e usa os comportamentos citados acima como uma forma de proteção, pois devido às experiências iniciais de sua vida sente-se ameaçado e com medo constante.

Por outro lado, levamos em consideração que João não teve apenas experiências negativas, e que a figura da mãe/cuidadora não foi totalmente má. Portanto, o que pode ser dito é que um dos padrões que também pode se encaixar neste caso seria o Ambivalente/Resistente, pois é aquele no qual o cuidador é inconsistente entre respostas apropriadas, e outras vezes inadequadas às necessidades da criança, algo que pode ser visto no caso do garoto.

Mas não deixaremos de lado o último padrão (Desorganizado), como dissemos acima, pois se percebe realmente que ao que diz respeito ao cuidador ocorreram confusões de papeis, o que gerou em João uma falta de estratégia ao apego coerente, assim como comportamentos contraditórios.

Relacionando o Caso de João com

Alguns Conceitos Psicanalíticos

Agora, vamos falar do caso de João abordando os seguintes conceitos:

Relações objetais (desenvolvido por Melanie Klein); reverie (desenvolvido por Bion) ; mãe suficientemente boa (desenvolvido por Winnicott); e comportamento de apego (desenvolvido por Bowlby).

Como já abordado em diversos momentos, sabemos que a primeira relação objetal que a criança estabelece é com o seio materno.

Nesse contato com o seio da mãe, Melanie Klein diz que a criança faz uma divisão entre seio bom e seio mau. Sendo o seio bom o que a satisfaz, e o mau é aquele que a frustra e decepciona. Klein diz também que a criança usa diversas armas para se vingar deste seio mau.

Levando em consideração que a maioria das relações objetais primárias na vida de João foram um tanto conturbadas e cheia de frustrações, podemos relacionar seus comportamentos com o fato de que na sua infância presenciou por muitas vezes a agressividade constante, tanto com seus pais biológicos como também com os adotivos.

Segundo a teoria Kleiniana, em uma determinada fase a criança teme que as ações praticadas por ela contra a mãe como forma de vingança retornem para si. E trazendo isto para o caso de João, pode ser que ele associe as agressões dos pais adotivos com os ataques que ele direcionou a mãe em suas relações objetais primárias.

Ela diz também que a separação entre mãe e filho pode desencadear o ódio na criança e consequentemente surgirem fantasias muito primárias e hostis, complicando muitas vezes o seu desenvolvimento.

Falando um pouco sobre Bion, o desenvolvimento da criança depende de seu meio, tendo como principal protagonista a mãe.

Assim como Klein, ele também fala da relação entre a mãe e o bebê, dizendo que a cuidadora tem a capacidade e a possibilidade de conter a angústia da criança.

No que se refere ao vinculo mãe/bebê, ele

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