Grafismo Infantil Piaget
Por: Rodrigo.Claudino • 15/6/2018 • 2.820 Palavras (12 Páginas) • 356 Visualizações
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O estágio Sensório-Motor tem a faixa etária de 0 à 2 anos.Logo que os bebês nascem eles não conseguem diferenciar o eu do mundo, pois o eu é inconsciente de si mesmo e vai sendo construído à medida em que a criança entra em contato com a realidade. Nesta fase, a inteligência tem como objetivo a diferenciação básica entre mundo externo e o próprio corpo. É o estágio das regulações afetivas elementares e das primeiras fixações exteriores da afetividade. Ao final do período, o bebê já tem condições de lidar com a maioria dos problemas apresentados, porém de forma rudimentar.
O estágio Pré-Operatório que inclui dos 2 aos 7 anos, é uma fase de transição caracterizada por formação de esquemas simbólicos, ou seja, é a capacidade de representação de uma coisa por outra. Aqui a criança ainda é egocêntrica e esse egocentrismo afeta a área intelectual, social e de linguagem. Cognitivamente é um período marcado pelo animismo (atribuir vida aos objetos), artificialismo (atribuir causa humana a fenômenos naturais) e antropomorfismo (atribui formas humanas a objetos) e socialmente começa o interesse por crianças da mesma idade.
No estágio de Operações Concretas, que vai dos 7 aos doze anos, esse egocentrismo exagerado entra em declínio e a criança já é capaz de compreender o outro como outro. Ela faz grandes aquisições intelectuais e passa a possuir uma lógica concreta compreendendo regras e as julgando por responsabilidade subjetiva. Aqui, o indivíduo já caminha em direção à autonomia e aos sentimentos morais e sociais de cooperação.
No último estágio, o período das Operações Formais (doze anos em diante), o indivíduo já é capaz de formar esquemas e conceituar termos abstratos como amor, fantasia e democracia. Eles já criticam os sistemas sociais bem como as relações sociais. Ocorre a busca pela identidade e pela autonomia pessoal, assim como a formação da identidade. É pela adolescência que ocorre sua inserção afetiva e intelectual na sociedade dos adultos.
2.1. GRAFISMO INFANTIL
Considera-se que o rabiscar, escrever e o desenhar são formas que o ser humano se manifesta de forma expressiva e pode comunicar-se de forma objetiva e subjetiva. A expressão através do desenho favorece os processos de criação do ser humano e é sempre tomada por emoções e significados.
Através da análise e compreensão da maneira como uma criança desenha, podemos penetrar em seu comportamento e assim compreender a forma complexa como ela cresce e se desenvolve, e dessa forma contribuir positivamente no processo de criação do indivíduo. Existem diferentes estágios do desenvolvimento gráfico, sendo difícil perceber quando uma etapa termina e a outra se inicia, já que esse ciclo é continuo. As diferenças individuais da criança devem ser levadas em consideração, pois nem todas passam de uma fase para outra no mesmo tempo e forma.
Luquet foi um dos estudiosos sobre o desenho da criança em relação a sua evolução cognitiva, procurando compreender o que é a forma e como ela desenha. O desenho é considerado a reprodução de um modelo interno que a criança possui do objeto, buscando fazer referência a realidade psíquica que existe em seu pensamento.
Os quatro estágios do desenvolvimento gráfico para Luquet podem contribuir para a compreensão do educador e da família sobre os processos de desenvolvimento da criança.
O primeiro estágio do desenvolvimento gráfico é denominado Realismo Fortuito que tem início por volta dos 2 anos de idade e põe fim ao período chamado de rabisco. A criança que inicialmente traçava signos sem intenção de representação, começa a criar uma analogia entre um objeto e seu traçado. Ela começa a nomear seus desenhos.
Pode-se considerar uma subdivisão deste estágio, em desenho voluntário e involuntário. No desenho voluntário ela desenha linhas que não representam objetos, mas o faz pelo prazer. No desenho involuntário a criança desenha sem intenção, mas percebe semelhanças entre seu traçado e o objeto real considerando sua semelhança, em seguida surge a intenção, ou seja, o desenho consciente de desenhar algo, mas a interpretação do desenho para criança pode se modificar de acordo com os significados atribuídos por ela.
O segundo estágio do desenvolvimento gráfico é denominado Realismo Falhado ou incapacidade sintética que se da por volta dos 3- 4 anos de idade. A criança que já descobriu a identidade forma-objeto procura reproduzir esta forma. Preocupa-se em representar cada objeto de forma diferenciada por considerar somente o seu ponto de vista. As ações e pensamentos da criança não se encontram coordenados, o que lhe impossibilita agrupar as partes de um desenho. Essa fase é pontuada de fracassos e sucessos parciais.
O terceiro estágio do desenvolvimento gráfico é chamado de Realismo Intelectual, se inicia por volta dos quatro anos se estendendo até os dez/doze anos. A criança procura reproduzir o objeto não a partir do que vê, mas sim daquilo que sabe sobre.
Reproduz de duas formas, uma é o plano deitado (objetos representados de forma deitada, em torno de um eixo central, como exemplo árvores desenhadas de cada lado da uma estrada) e outra é a transparência também chamada de representação simultânea do objeto em seu conteúdo (bebê representado em transparência no ventre da mãe). Utiliza legendas nos desenhos para nomeá-los, coordenando os objetos no espaço considerando suas posições, distâncias e proporções a partir de uma base de referência, mistura diversos pontos de vista.
O quarto e último estágio do desenvolvimento gráfico é chamado de Realismo Visual, ocorre geralmente por volta dos dozes anos, contudo alguns casos desde oito/noves anos. É observado o fim do desenho infantil, marcado pela descoberta da perspectiva e a submissão as suas leis. Ocorre um empobrecimento progressivo do grafismo, perde um pouco seu humor, visivelmente se aproxima das produções reais adultas.
Os desenhos se relacionam com os acontecimentos próximos ou similares às experiências já vividas pela criança. É fundamental que se compreenda a criança como um ser pensante, sensível que constrói a através de suas representações gráficas, um espaço real e imaginário aonde se expressa enquanto criança e guarda sinais subjetivos e inatingíveis da alma humana, sendo isso o que a torna tão instigante e tão surpreendentemente interessante. Nós adultos devemos perceber e compreender a criança como um ser humano com características, pensamentos, sentimentos e vontade própria.
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