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Abordagens teóricas e sua prática: Psicodrama

Por:   •  11/9/2018  •  2.656 Palavras (11 Páginas)  •  291 Visualizações

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"Toda a teoria moreniana parte dessa idéia do Homem em relação, e, portanto, a inter-relação entre as pessoas constitui seu eixo fundamental" (GONÇALVES, 1988). Para estudar essa inter-relação, Moreno criou a SOCIONOMIA, isto é, o estudo das leis que regem o comportamento social e grupal. Subdividiu a Socionomia em Sociodinâmica - estuda a dinâmica das relações humanas e tem como método o jogo de papéis (role-playing) -, Sociometria - é a medição das relações humanas - e a Socioatria - que é o tratamento terapêutico das relações sociais e tem como métodos a psicoterapia de grupo, o sociodrama e o psicodrama.

A Psicoterapia de grupo trabalha as relações dos indivíduos num determinado grupo. O sociodrama é o tratamento de problemas sociais, lidando com estes em aspecto coletivo. O Psicodrama é o tratamento do indivíduo e do grupo através da ação dramática.

3. Pressupostos teóricos

O objetivo do psicodrama é dotar o sujeito de conhecimentos e habilidades necessárias para uma vida adequada e produtiva.

Para o Psicodrama o homem se faz nas relações que mantém, sendo um ser social, pois, já ao nascer, é inserido numa sociedade e necessita dos outros para sobrevier. Está inserido num espaço psicológico e virtual construído por meio das expectativas sócio-familiares. Estas expectativas são anteriores ao nascimento e constituem a matriz de identidade. Com o decorrer do tempo esta matriz é modificada, na medida em que o sujeito passa a se constituir como singular.

O sujeito ao inserir-se no mundo, ainda enquanto criança, passa por três fases (esta classificação é apenas para fins metodológicos, mão tendo base biológica). A primeira etapa é a da identidade do eu com o tu. O sujeito mediado nas relações que começa a estabelecer com os objetos e com as demais pessoas. Posteriormente reconhece-se como um ser separado dos outros, na sua singularidade. A última etapa, associada com a segunda, consiste no reconhecimento dos outros. Na medida que se reconhece como singular, reconhece os outros como não sendo parte dele.

O reconhecimento e a demarcação das relações consigo e com os outros não é meramente um processo natural, mas é mediado pela conserva cultural. Esta é decorrente da civilização (enquanto cultura - processo de desenvolvimento da cultura), dando limites para a organização de ambiente social. Conforme ALMEIDA (1990), todo e qualquer ato criador far-se-á sobre elementos constitutivos da conserva cultural.

A conserva cultural proporciona a identificação do sujeito com o meio que o circunda. Identificação é diferente de identidade. Identidade ocorre na medida em que percebe-se como um corpo único, separado dos outros. A identificação decorre das delimitações da singularidade do sujeito em relação aos outros e isto somente ocorre quando assimila os valores culturais.

Ao estar em relação desempenha papéis sociais, estes também são psicodramáticos. Papel consiste nas condutas sociais do sujeito e é estimulado pelo grupo social e pelas relações. Possibilita a socialização do indivíduo, que participa da dialética da sociedade. Os papéis sócio-psicodramáticos se interrelacionam e se complementam. Podem ser profissionais (médico, psicólogo), de classe social (patrão, operário), afetivos (amigo, namorado), familiares (pai, irmão) e de participação social específica (padrinho, sacerdote, vizinho), entre outros. Estes papéis dão forma às ações do sujeito. Na medida em que ele internalizar as atribuições do papel, há a concretização de uma subjetividade. A origem dos papéis está na matriz de identidade e na conserva cultural.

O papel muitas vezes atua como uma barreira para que o indivíduo se expresse livremente. Expressar-se de forma espontânea se refere ao conceito de espontaneidade, constituindo em dar uma resposta adequada e criativa a uma determinada situação ou uma nova resposta a uma situação antiga. A espontaneidade consiste na iniciativa e criatividade para transformar as relações sociais, resultando na mudança dos sujeitos interrelacionados. Talvez, em nome do papel social e a representação deste para o indivíduo, não permite que ele responda à situação de forma adequada. Por exemplo, se uma vendedora (papel profissional) estiver se aborrecendo com uma compradora, provavelmente não se queixará à cliente, pois está ali para servir e poderia perder o emprego.

As relações interpessoais e o conseqüente aprendizado, bem como o desempenho dos papéis sociais demarcam a construção de uma identidade construída quotidianamente e passível de modificação, levando em conta que as relações podem ser recriadas e repensadas psicodramaticamente.

4. Terapia em Psicodrama

O psicodrama visa trabalhar com as relações nas quais o sujeito está inserido, sobretudo, o homem em ação, contextualizando-o na cultura e no ambiente social. Busca compreender os grupos sociais, proporcionando às pessoas a psicodramatização de "recortes" de suas vidas. Neste espaço torna-se possível a representação de forma implícita ou explícita dos papéis cotidianos dos participantes.

O estudo da estruturação dos grupos sociais foi denominado de sociodinâmica. Esta é medida por meio da sociometria, possibilitando instrumentos para medir o relacionamento humano, estudando as características psicossociais do grupo. A partir da sociometria surge o conceito de tele, concedida como fundamento de todas as relações interpessoais, na medida em que, desde o primeiro encontro, as pessoas simpatizam ou não umas com as outras, compreendendo-se simplesmente por estarem relacionadas (mesmo que à distância). Conforme MORENO (1974), a tele permeia as relações interpessoais cotidianas, bem como em situação terapêutica. É a mútua percepção íntima dos indivíduos, sendo necessário existir intencionalidade, intuição e intersubjetividade para tal.

A psicoterapia de grupo, em certas situações, pode tornar-se psicodrama de grupo. Quando um membro do grupo representa (vivência) um problema intensamente e, nestas representações, se expressam sentimentos reais de tristeza, frustração, decepções e alegrias. Este membro passa a ser um representante em ação, dividindo com o grupo o problema e propiciando a eles vivenciarem e até recriarem a cena. O mundo e a realidade cotidiana transformam-se numa situação terapêutica, com seus medos, valores e crenças permeastes da vida em sociedade.

O Psicodrama é um corpo teórico que tem como sua principal fonte de inspiração, o teatro. Durante

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