ASPECTOS ENVOLVIDOS NA MANIFESTAÇÃO PRECOCE DA SEXUALIDADE EM CRIANÇAS: REFLEXÕES
Por: Juliana2017 • 26/11/2018 • 1.830 Palavras (8 Páginas) • 308 Visualizações
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momento que o bebê compreende o
conteúdo intestinal como parte de si, decide liberá-lo ou não. Freud postula que
deste então, o conteúdo intestinal “constitui o primeiro ‘presente’: através da
liberação ou da retenção dele, o pequeno ser pode exprimir docilidade ou
desobediência ante as pessoas ao seu redor” (1905/2016, p.92). O significado
de ‘presente’ torna possível, posteriormente, que a criança estipule como
nascem os bebês, segundo elas, gerados pela alimentação e nascendo pelo
intestino.
É importante salientar que a infância é um processo, portanto as
manifestações não devem ser consideradas estáticas, vistas como um
resultado final. Dessa forma, Anna Freud (1971) esclarece que uma fase
sobrepõe-se a outra, fazendo com que a libido atinja uma organização
apropriada à idade da criança. A autora expõe que uma fase pode persistir
durante meses depois que a outra já se implantou, em suma, “a fase oral, por
exemplo, persiste durante meses, depois que a organização sádico-anal já se
implantou; as manifestações sádico-anais não desaparecem com o início da
fase fálica” (FREUD, 1971, p.118).
Consecutivamente, englobando por volta dos cinco aos seis anos, ocorre
a fase fálica, na qual a criança percebe a distinção de gêneros: feminino e
masculino; porém, inicialmente, não há essa diferenciação, pois acreditam que
todos têm, ou deveriam ter o pênis. A partir de então, a curiosidade sexual
passa a ser em relação a quais diferenças existem entre meninos e meninas: o
menino, naturalmente, pressupõe que todos tem um genital como o seu; a
menina reconhece seu genital como um substituto do pênis, porém, quando se
depara com a diferença, vivência a inveja do pênis, culminando em um desejo
de ser um menino. A partir de então, a criança vivenciará o complexo de Édipo:
momento o qual o objeto pulsional de fantasia do menino volta-se à mãe e para
a menina, primeiramente o objeto é a mãe, num segundo momento, o pai.
Nesta fase há uma formação triangular, na qual a presença da figura paterna é
responsável por instituir a lei, consequentemente, visando a autopreservação,
tanto o menino, quanto a menina renunciam seu objeto de desejo, voltando a
identificar-se com a figura do mesmo gênero, caracterizando, assim, o
complexo de Castração (FREUD, 1905/2016).
O desenvolvimento segue para o período de latência, no qual entra a
atuação a faculdade de sublimação, sendo o momento de recua dos desejos
sexuais, até então emergentes, para a ascensão de interesses voltados à
sociedade. A fase de latência compreende um período que corresponde dos
sete aos doze anos, aproximadamente, constituindo-se de extrema
importância, pois é a época na qual esboçam-se as características sociais do
individuo (DOLTO, 1972).
Por fim, na adolescência ocorre a fase genital, caracterizada pela
puberdade em toda sua instância, e principalmente, pela maturidade sexual, ou
seja, nesse período o pensamento salienta-se pela racionalidade e bom senso,
caracterizando “uma fixação oblativa”, segundo Dolto (1972, p.53). A fase é
caracterizada pela busca de um objeto de erotização externo ao corpo,
diferente das fases pré-genitais, buscando satisfazer suas necessidades
visando o outro (FREUD, 1905/2016).
De acordo com Dolto (1972), a partir dessas fases, é possível
compreender as bases do comportamento ulterior dos indivíduos, desde graves
distúrbios, como desadaptação à sociedade e, também, a personalidade de
indivíduos considerados normais.
A mídia e seus efeitos no desenvolvimento
Estudos apontam a influência da mídia nas representações subjetivas
humanas, de tal modo que o comportamento e as atitudes cotidianas são
afetados, não apenas relacionado ao consumismo, “mas a comunicação
interpessoal, enfim, na cultura considerada em sua mais ampla acepção”, como
afirmam Fiamenghi-Jr et al (2006, p. 88). Os autores concluem, também, que
este fenômeno acarreta mudanças que provocam alterações na elaboração de
valores éticos humanos.
Desse modo, Birman (2006) afirma que este acontecimento é comum a
todas as classes sociais, implicando transformações que suscitam o desgaste
cada vez maior da infância e, consequentemente, a antecipação da
adolescência. Tal fato resulta em um alongamento da adolescência,
antecipando-se e prolongando-se no campo que, antes, se denominava de
idade adulta. O autor enfatiza que
A infância, enquanto etapa psíquica e sociologicamente bem
discriminada
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