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AS ORIGENS DA VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Por:   •  20/9/2017  •  10.078 Palavras (41 Páginas)  •  564 Visualizações

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Existem algumas tentativas, mas elas estão acontecendo de forma muito tímida. O tema é pouco pesquisado e apenas recentemente é que existe um olhar acadêmico para a questão. Em conseqüência, temos um panorama marcado pela diversidade de ações que acabam, muitas vezes, acontecendo de forma bastante fragmentada. São muito raros, não só no Brasil, mas em toda a América Latina, programas em grande escala. Isso, de certa forma, é reflexo da falta de pesquisa e produção de dados acadêmicos aceitáveis.

Acredita-se que no Brasil, o enfoque à prevenção vem ocorrendo na melhoria do clima escolar, aliada ao incentivo da participação dos jovens em programas relacionados à arte, cultura, esporte e lazer.

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CAPÍTULO I

O CONTEXTO DA VIOLÊNCIA

1.1 RAÍZES SOCIAIS DA VIOLÊNCIA

A violência, muito embora provoque repúdio, mal-estar e conduza a uma situação de desconforto é uma realidade na qual a sociedade está mergulhada historicamente. As relações estabelecidas entre homem e mulher, entre os homens em si sempre foram marcadas pelo uso da força, do poder, ou seja, em outras palavras, da violência. Contudo, como afirma Guerra (1998, p. 21) que conceber o mundo como mutável é “abrir-se a uma possibilidade de ser afetado, ou mesmo, desestabilizado, pela angustia e desamparo”. O que significa que a mudança pode provocar dores, criar instabilidade, mas é necessária e muitas vezes a mudança pode significar violência. Mas, a violência a qual o presente trabalho se refere diz respeito à questões de desequilíbrio da harmonia e da paz que deveria reinar na vida do indivíduo e na escola.

A violência, sob as mais diversas formas de apresentação, transformou-se no foco central de atenção da nossa sociedade. Contudo discute-se freqüentemente a violência como uma realidade isolada, um problema de segurança pública e ou penal, não solucionável pelo saber teórico das disciplinas que se ocupam do comportamento humano e social.

A preocupação dominante com a violência acabou tornando a busca da segurança a grande obsessão da sociedade global. Esse fato domina agora o debate psico-sócio-politico, estimulando uma busca frenética de antídotos e soluções alternativas individuais, sociais e globais. A agressividade é, sobretudo uma manifestação do modelo social e não traço isolado de um comportamento individual ou particular.

A violência faz parte do cardápio social de todos os consumidores humanos, em maior ou menor grau e sob seus mais diferentes paladares. Além disso, a intensidade e a modalidade de violência social praticada ou socialmente admitida continua sendo um fator de fundamental importância para a compreensão das diferentes sociedades e um importante paradigma para o estudo de medidas controladoras ou preventivas (ARENDT, 1994, p. 34).

Mas o que é violência? O significado de violência tem variado não só em função do contexto a que se aplica, como também das normas morais, éticas e da própria história e da cultura da sociedade. A violência tem tido um papel central na história ocidental, quer como transformadora de velhas ordens, quer como mantenedora do status quo (através do Estado). Para alguns autores como Clastres (1982) seu papel é estruturante. A sociedade, neste entendimento, organiza-se em função das formas e presença da violência. Adorno (1994), referindo-se à sociedade brasileira contemporânea, dá ao termo a conotação de desrespeito aos direitos humanos. Em educação, as primeiras pesquisas relacionadas à violência na escola e à violência e juventude no Brasil, tratavam do enfoque da depredação (interesse dos poderes públicos com seus gastos) e da violência criminal (narcotráfico), especialmente nas periferias dos grandes centros urbanos, mas a violência por rompimento de valores éticos e morais nas pequenas cidades, no interior de comunidades rurais. Em relação a violência doméstica, o discurso e a preocupação com o tema surge a partir da Constituição de 1988, seguido do Estatuto da Criança e do Adolescente de (BRASIL, 1990), o que significa que não exista uma preocupação, mas não de forma que tenha um respaldo legal.

Segundo Guerra (1998), a violência pode ser entendida como o emprego desejado da agressividade para fins destrutivos e agressividade é uma resposta de prontidão à defesa que não faz parte necessariamente de um desejo. Contudo, como afirma Pellegrino (1987) no momento em que ocorre um apodrecimento do tecido social, no sentido de que os valores essenciais da ética e da moral de uma sociedade se desagregam, e os indivíduos passam a não ter mais nenhum referencial de valor criando um estado de permissividade sem limites, a violência entra como fator preponderante e culmina no crime e na criminalidade.

Segundo Minayo (2007, p. 1), “violência é fundamentalmente um problema social que acompanha toda a história e as transformações da humanidade”. Isso significa que a violência afeta a saúde, provoca morte, lesões e traumas físicos e um sem números de agravos mentais, emocionais e espirituais, diminui a qualidade de vida das pessoa e das coletividades.

Para a Organização Mundial de Saúde violência é definido como:

o uso da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação (2002, p. 5).

De modo geral, pode-se afirmar que a violência é um fato humano e social, ou seja, não se conhece nenhuma sociedade totalmente isenta de violência, pois consiste no uso de força, do poder e de privilégios para dominar, submeter e provocar danos a outros; a violência é histórica, pois cada sociedade apresenta formas particulares de violência social, política, econômica e institucional; existem formas de violência que persistem no tempo e no espaço como a violência de gênero, abrangendo todas as classes e segmentos sociais, ao mesmo tempo que se encontra dentro de cada um. O que importa é que a violência por ser histórica e por ter a cara da sociedade que a produz, a violência pode aumentar ou diminuir pela força da construção, ou pelo processo de elaboração de projetos efetivos dentro das instituições, como a escola, por exemplo.

1.2 O PAPEL SIMBÓLICO DA VIOLÊNCIA

O conceito de violência

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