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A Morte - Luto Infantil

Por:   •  12/3/2018  •  1.585 Palavras (7 Páginas)  •  365 Visualizações

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O processo de luto se dará diferentemente para cada caso, mas, o que se sabe é que, o modo como os adultos que cercam a criança lidam com a morte, influenciará fortemente o modo como esta criança lidará. Muitas vezes, por estarem despreparados e por não quererem aproximação com este assunto cheio de mistérios, os adultos consideram as crianças também despreparadas para este tipo de perda, o que na verdade dependerá muito mais da forma como eles próprios lidam.

A questão da origem da vida e da morte está presente na criança, principalmente no que concerne à separação definitiva do corpo. Ela tem uma aguda capacidade de observação e quando o adulto tenta evitar falar sobre o tema da morte com ela, a sua reação pode ser a manifestação de sintomas. Ao não falar, o adulto crê estar protegendo a criança, como se essa proteção aliviasse a do e mudasse magicamente a realidade. O que ocorre é que a criança se sente confusa e desamparada sem ter com quem conversar. (KOVÁCS, 2008, p. 49)

Após a morte, o luto se instaura, e com ele, vem o sentimento de desamparo. A criança sente um profundo sentimento de ameaça em sua sobrevivência, não só pela perda de um dos genitores, mas também, porque o genitor sobrevivente poderá estar muito abalado com a morte, no caso de perda de apenas um dos pais.

A viúva que cuida dos filhos provavelmente estará ao mesmo tempo triste e angustiada. Preocupada com suas mágoas e os problemas práticos que enfrenta, não lhe será fácil dedicar aos filos o mesmo tempo que lhes reservava antes, e facilmente se tornará impaciente e nervosa quando eles exigirem sua atenção e corarem por não a conseguir. (BOWLBY, 2004, p. 335)

A criança também se sente abandonada se estiver ainda na fase onde não consegue compreender que os pais sofreram algo e que não escolheram passar por aquilo e deixar a criança sem sua presença. Podem não entender, pois existe toda aquela ideia dos pais serem super-heróis e de que nada nunca acontecerá a eles.

Em caso de morte por suicídio, este sentimento é ainda pior, pois a criança pode achar que o suicida não a amava, o que poderá causar uma série de outros transtornos depois.

Estas crianças acabam por criar inúmeras fantasias que se misturam tanto com a realidade que se torna impossível conseguir compreende-la se formos excluir este fator, porque a experiência concreta de morte está completamente ligada com a constituição destas fantasias.

Segundo a psicanálise[3], no inconsciente[4] não existe um fim para uma história, ou seja, aquela criança precisará e irá transferir todos aqueles sentimentos que um dia eram ligados ao pai ou à mãe para uma outra pessoa. Há então uma retirada gradual do investimento libidinal neste objeto e investimento libidinal em outro objeto, porém, isto não implica que existirá um desligamento total do objeto perdido porque a ligação com o objeto interno continuará existindo, mas será resignificado durante o trabalho de luto.

Segundo Raimbault (1979), para que o processo de luto possa ocorrer, é necessário realizar um trabalho de desidentificação e desinvestimento de energia, que permita a introjeção do objeto perdido na forma de lembranças, palavras e atos, e a possibilidade de investir a energia em outro objeto. (KOVÁCS, 2008, p. 50)

Essa elaboração do luto vivido pela criança será processado em distintos momentos de sua vida, à medida que ela for podendo resignificar o que viveu, quando houverem ressonâncias com futuros conflitos ao longo do desenvolvimento. Isso se dá em função da criança ter maior dificuldade cognitiva e emocional para entender o que a perda daquele ente significará realmente em sua vida. Erroneamente, algumas pessoas acham que isso seria um luto adiado, mas, na realidade, é apenas sua elaboração, visto que nenhum trauma na infância consegue ser resolvido até que a criança cresça e tenha maturidade para entender suas vivencias.

Portanto, as crianças elaboram o luto; porém, tem um modelo próprio de elaboração, sendo equivocado impor-lhes o modelo adulto. Seu luto não é uma versão deficiente do luto do adulto. Tem características específicas, aja vista que a criança está em processo de estruturação da sua personalidade. (PEREIRA FRANCO, 2007)

Por fim, ”O processo de luto está finalizado quando existe a presença da pessoa perdida internamente em paz, e há um espaço disponível para outras relações” (KOVÁCS, 2008, p.51).

Fica claro que, algo extremamente necessário em caso de luto se tratando de uma criança, é que os adultos estejam preparados para lidar com a morte, e que eles não queiram “proteger” a criança desta perda. Muitas são as possibilidades de reação da criança em caso de perda de algo ou alguém amado, mas, a falta de preparação do adulto para lidar com essa perda fará toda a diferença no modo como a criança lida com ela. Falar sobre a morte é algo necessário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOWLBY, J. Perda: Tristeza e Depressão. São Paulo: Livraria Martins Fontes. 2004.

KOVÁCS, M. J. Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2002.

PEREIRA FRANCO, M. H. Criança e luto: vivências fantasmáticas diante

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