ANÁLISE DA ATITUDE COMPORTAMENTAL DA FALA, EM CRIANÇAS COM QUEIXA DE GAGUEIRA E OUTRAS ALTERAÇÕES NA FALA.
Por: Hugo.bassi • 10/9/2017 • 4.181 Palavras (17 Páginas) • 539 Visualizações
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Keywords: stuttering, speech disturbance, children development, children language, Speech Therapy, language development, communication, speech and language pathology.
Introdução
A comunicação é um processo de criação e formulação de significado por meio de mensagens enviadas, recebidas e interpretadas. Envolve uma mistura de várias informações transmitidas por elementos verbais, motores e sociais. Uma comunicação produtiva e fluente inclui alguns fatores como postura, linguagem corporal, formulação de informação, voz e articulação (1).
Disfluências podem ocorrer na fala e serem consideradas normais. É importante esclarecer a diferença entre disfluência e gagueira, a primeira refere-se a interrupções naturais comumente encontradas no fluxo da fala normal; a segunda refere-se as rupturas incomuns que caracteriza a fala gaga. A gagueira se apresenta como rupturas mais frequentes e incomuns que, por diversas razões não permitem a recuperação rápida do equilíbrio dos componentes linguísticos e paralinguisticos processados por diversos sistemas neurais que convergem para as informações a serem transmitidas (1,5).
A gagueira, é um distúrbio neurológico que, caracteriza-se por interrupções ou rupturas na fluência verbal tais como: repetições e/ou prolongamentos, audíveis ou não de sílabas e sons, que podem ser acompanhadas por outros movimentos e emoções de natureza negativa. Sua incidência, ou seja, a porcentagem da população que gaguejou em algum momento de sua vida, é de 4%, afetando mais a população masculina do que feminina, numa proporção de 3:1. É um distúrbio multifatorial, de origem genética, orgânico-biológicos, psicológica, social e/ou a associação desses fatores (5). A gagueira é um sintoma, não uma doença, embora o termo seja amplamente utilizado para se referi a ambos: distúrbio e sintoma.
Durante o período de aquisição e desenvolvimento da linguagem é comum essa variação da fluência, a qual ocorre devido as incertezas morfológicas, sintáticas e semânticas e ao período de amadurecimento neuromotor da fala. Essa situação chamada de gagueira do desenvolvimento causa interrupções no segmento da fala devido a erros de programação motora temporal, com sucessivas retomadas de fluência(5). A gagueira do desenvolvimento apresenta os seguintes aspectos: seu início é predominantemente na infância; ocorre repetição ou prolongamento de sons e sílabas (disfluências atípicas), bloqueio de sons, uso de interjeições para fazer a conexão entre as palavras, simplificação de frases, movimentos corporais para ajudar a liberar os sons ou sílabas bloqueados, uma preocupação internalizada com a comunicação que faz com que o sujeito evite palavras e situações de comunicação e reaja à gagueira com tensão excessiva(4).
Crianças com gagueira do desenvolvimento apresentam um prejuízo considerável na produção da fala, tanto na cadeia segmental quanto na prosódia. Como consequência, a fala desses indivíduos pode apresentar limitações na expressão de atitudes. Analisar a gagueira a partir da perspectiva da própria criança que gagueja, permite conhecer mais sobre o impacto das consequências negativas que as rupturas involuntárias do fluxo da fala podem exercer sobre a sua vida (1,3).
Outra alteração abordada no estudo são os distúrbios da fala. A fala começa nos primeiros 18 meses de idade, ainda que se considere as diferenças individuais, porém a maioria das crianças desta faixa etária, já apresentam um número de vocábulos suficientes que lhe permitem expressar-se verbalmente com alguma facilidade. Alguns fatores biológicos, psicológicos e sociais podem interferir na aquisição da fala.
Uma evidência da naturalidade dos fênomenos que se fazem presentes no processo de aquisição da linguagem pela criança é trazida por Levelt & Van der Vijer (1998), em pesquisa sobre estruturas silábicas.O resultado do estudo revela que cada estágio de desenvolvimento da criança corresponde ao sistema fonológico de uma língua natural, ou melhor, cada sistema fonológico encontrado no curso da aquisição corresponde a um sistema fonológico passível de ser encontrado em uma língua natural.
Adultos têm facilidade em observar e relatar de forma clara quando surge alguma alteração que foge do considerado normal na sua fala, porém as crianças não têm essa mesma habilidade. Por meio do KiddyCAT (6), que é um teste que avalia a atitude comunicativa em crianças entre 3 e 6 anos, é possível analisar a influência da dificuldade da fala nas reações afetivas, comportamentais e cognitivas e, sobre a qualidade de vida das crianças portadoras de gagueira e outras alterações na fala.
Vários são os fatores que podem causar uma inadequação das estruturas ligadas à produção da fala. Um dos problemas importantes que preocupam os pais de crianças que, por volta dos três anos de idade, começam a apresentar problemas de fluência, refere-se às dúvidas, desconforto e desorientação por não saber se essa disfluência faz parte do processo normal de aquisição de linguagem infantil, ou se ela de fato representa a chamada gagueira do desenvolvimento, que pode evoluir para gagueira efetivamente (2).
É comum encontrar crianças com distúrbios de linguagem concomitante com alterações de fluência. Há hipóteses de que o motivo pelo qual as crianças com transtornos de linguagem manifestam maior disfluência, seja em consequência de uma fraca integração dos processos lexical e morfossintático.
Alguns autores destacam que a área de avaliação da fluência tem sido exclusivamente vinculada à gagueira. Essa é uma visão reducionista da comunicação humana. A avaliação da fluência é importante não só para o diagnóstico da gagueira, mas fornece parâmetros sobre a efetividade da linguagem. O falante fluente pode produzir longas sequências de sílabas sem esforço, combinando emissões rápidas e contínuas, permitindo que sua emissão seja o reflexo mais próximo de sua habilidade e maturidade linguística (9).
A fase de maior expansão do sistema fonológico ocorre entre 1:6 e 4 anos, quando há um aumento do invetário fonético usado nas estruturas silábicas mais complexas, o que possibilita inclusive a produção das palavras polissilábicas, porém, este período é caracterizado também pela ocorrência de substituições e omissões de sons, chamadas de estratégias de reparo e que ocorrem durante o desenvolvimento da linguagem (9).
A aquisição do sistema fonológico de uma língua, incluindo seu inventário fonético e as regras fonológicas, ocorre gradativamente
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