Em Busca de Novos Rumos Grupos de crianças com queixa escolar: um estudo de caso.
Por: Carolina234 • 19/12/2017 • 1.971 Palavras (8 Páginas) • 571 Visualizações
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o ano essas crianças tiveram que ir para classes iniciantes pela terceira vez. Essa pesquisa da historia escolar é desconsiderada pelos psicólogos clínicos e é fundamental para entender a problemática enfrentada por essas crianças.
Os pais compareceram e aceitaram aparentemente satisfeitos, o trabalho com seus filhos, falaram da preocupação com o fracasso escolar das crianças, dizendo que “sem estudo ele não vai ser nada na vida”, eles também contaram aos professores que seus filhos tiveram um desenvolvimento normal até entrarem na escola, fazendo queixa das crianças.
Na primeira sessão os psicólogos se apresentaram e explicou que os professores haviam relatado a eles que as crianças estavam com dificuldades na escola e precisavam de ajuda. E que eles poderiam exprimir suas versões , em um espaço que eles podiam falar o que pensavam e sentiam, poderiam brincar, desenhar e utilizar todo o material da caixa, e depois de ouvir a psicóloga aceitaram participar do grupo, mas respondendo as perguntas apenas com a cabeça. Na segunda sessão não queriam entrar na sala, mas entraram e de começo viram a caixa, tirando todo o material, somente Carlos que ficou sozinho em um canto. Na terceira sessão os objetos foram manipulados e em seguida destruídos. Na próxima sessão caracterizou-se por muitas brincadeiras de luta, brigas, gritaria e o clima estavam tão tensos que todos queriam ir ao banheiro, intervindo com receio deles se machucarem ou estivesse algum estrago material. Com o passar dos dias houve a sessão onde Silvia uma das crianças fez uma boneca com longos cabelos, e eles se revezavam para cortar.
Eles relataram que os alunos obedeciam à professora, pois ela gritava e emitia ordens absurdas. Na seguinte sessão eles desenharam, contaram estórias e como as sessões anteriores fizeram objetos com massinha, e conversavam entre eles sobre a escola ou assuntos sobre os bairros. Na oitava sessão houve uma disputa de material. Cada criança reagiu diferentemente ao final do processo.
Conversando com as professoras após o final do grupo, e elas relataram que houve um progresso escolar com as crianças, menos com Fábio que piorou, ficando mais desobediente e bagunceiro, e Carlos ficou mais interessado. Fabio e Carlos repetiram o ano, os demais passaram e está acompanhando a classe, o meu objetivo não era o sucesso escolar das crianças. Carlos foi encaminhado para uma psicoterapia individual.
Com base nesse processo relato que podemos supor que descobrimos algumas coisas sobre essas sete crianças e sobre o grupo que elas construíram, pode-se dizer que elas descobriram varias coisas sobre elas mesmas. Eles estavam com muita desconfiança e inibição, com apatia e paralisia no início das sessões, as próprias crianças não acreditaram na sua capacidade de aprender, de produzir e principalmente de crescer. Mas havia uma esperança, na qual elas concordaram em participar do grupo e seus comportamentos foram mudando com o passar das sessões, a capacidade de brincar estava constituída, apenas fraca e perdida, e eles estavam prontos a ser resgatado.
A hipótese é que, as crianças puderam vivenciar a dor, a raiva e a culpa tudo decorrente do “abandono”. A partir de então essas crianças se sentiram mais livres para conversar, e falar sobre perseguições, injustiças, limites e etc., estavam mais capazes de desenhar, brincar e aprender com essas brincadeiras, revelando saúde. Puderam ocorrer comunicações significativas, relações interpessoais ricas e mais autênticas, o brincar é terapêutico em si, ajuda a fazer amizade, possibilita o movimento e a comunicação significativa, é característico da criatividade, aprendizagem real, rica e pessoal.
A hipótese é de que Carlos merece uma discussão à parte, e as outras crianças tiveram um desenvolvimento considerado adequado até iniciarem a primeira série, o início de escolarização das crianças é muito importante para as crianças e seus pais, e através do desempenho escolar as fantasias e expectativas com relação à capacidade e ao destino de cada indivíduo e de uma família podem se concretizar, sendo uma etapa que marca o crescimento de uma criança, uma fase crítica de transição de conhecimentos e saberes.
Cabe à escola facilitar a passagem do mundo familiar para a cultura mais ampla e ela não facilitou o desenvolvimento do potencial daquelas crianças, contribuindo para obstruir e ocultar as capacidades já estruturadas, comprometendo a autoestima. Não reconheceu as falhas, e relutou como doença e incapacidade, entre outras. Não proporcionou um ambiente seguro e interessante, onde as crianças pudessem aprender de forma mais criativa e prazerosa, descobrindo um estilo de próprio relacionar com a cultura. O investimento no vínculo professor e aluno e na possibilidade de abrir espaços para que as crianças pudessem expressar seus sentimentos e os problemas que enfrentam no cotidiano escolar. Ainda pela discriminação, repressão e punição de toda atitude diferente da criança. Principalmente o desrespeito aos direitos de criança e da família, expressos pelas faltas, licenças e substituições das professoras.
Pode-se supor que as práticas adversas da escola provocaram descontinuidades no crescimento das nossas crianças, tinham um comportamento que apresentavam parte da vida, e o impulso de aprender, que foi vivido perigosamente e que acabou provocando danos reais no ambiente. Desconfiavam dos profissionais da escola até de si mesmo. A escola como um grande exemplo pode promover a facilitar o crescimento da criança, um ambiente adverso e hostil pode continuar seu desenvolvimento e até compromete as estruturas e capacidades já adquiridas. Para uma intervenção terapêutica que dê conta da complexidade desta problemática, precisa - se trabalhar com os pais e professores. Procurando enfocar no mundo interno e externo da criança.
CONSIDERAÇÕES
Foi de suma importância esse processo com essas sete crianças, pois como é mostrado no capitulo nove, essas crianças estavam precisando de ajuda, e com isso descobriram o brincar novamente, e esse processo os fez se tornar interessadas para o estudo. A psicóloga agiu corretamente em conversar com os pais para saber da historia dos alunos, e também com os professores para saber o que estava ocorrendo no ambiente escolar, para então planejar um pré-diagnóstico. Essas crianças se tornaram praticamente outras, pois elas haviam perdido
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