ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR EM VÍTIMAS DE ACIDENTE DE MOTOCICLETAS
Por: Ednelso245 • 25/2/2018 • 3.629 Palavras (15 Páginas) • 485 Visualizações
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Keywords: Nursing. Accidents. Pre-hospital care
INTRODUÇÃO
O Atendimento Pré-Hospitalar (APH) é aquela assistência prestada, num primeiro nível de atenção, aos pacientes portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou ainda psiquiátrica, que possa levar a sofrimento, sequelas ou mesmo à morte1.
O tempo decorrido entre o acidente e o atendimento hospitalar é um fator decisivo para reduzir a mortalidade e a ocorrência de sequelas, uma vez que 40% dos óbitos ocorrem na fase pré-hospitalar; em face destas características, para o atendimento neste cenário, há a necessidade de profissionais capacitados2.
O sistema de saúde deve ser capaz de acolher toda a clientela com agravo a saúde fora do ambiente hospitalar prestando-lhe atendimento e redirecionando-a para os locais adequados de tratamento. Com base nesta necessidade, foi instituído, no Brasil, o Atendimento Pré-Hospitalar (APH) que corresponde aos cuidados prestados na cena do acidente e transporte da vítima até chegar ao Hospital de Referência, com vida e o mínimo de consequência possível3.
O APH compreende as ações iniciais realizadas em curto espaço de tempo pela equipe de resgate no local onde ocorre o agravo à saúde, seja ele traumático, clínico ou psíquico. A remoção das vítimas com segurança e com suporte de vida até um centro de atendimento hospitalar de referência tornou-se indispensável, atualmente4.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi criado no Brasil pela Portaria nº 1.864 GM/MS, de 29 de setembro de 2003. O Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência foi instituído pela Portaria GM/MS 20.048, em 5 de novembro de 2002. A Portaria nº 1.863 GM/MS, de 29 de setembro de 2003, instituiu a Política Nacional de Atenção às Urgências, e, de acordo com seu artigo 3º, a organização de redes loco-regionais de atenção integral às urgências15.
O SAMU, tem como objetivo principal ordenar a assistência enquanto forma de resposta rápida às demandas de urgência, seja no domicílio, no local de trabalho, em vias públicas, ou em outros locais nos quais o paciente vier a precisar5.
Dentre as tecnologias que vem sendo empregadas no atendimento inicial ao traumatizado, destaca-se o atendimento pré-hospitalar, que possui duas modalidades: o “Suporte Básico de Vida” cuja característica principal é não realizar manobras invasivas de preservação da vida e o “Suporte Avançado à Vida” que prevê a realização de procedimentos invasivos6.
O enfermeiro é participante ativo da equipe de atendimento pré-hospitalar e assume em conjunto com a equipe a responsabilidade pela assistência prestada as vítimas. Atua onde há restrição de espaço físico e em ambientes diversos, em situações de limite de tempo, da vítima e da cena e, portanto são necessárias decisões imediatas, baseadas em conhecimento e rápida avaliação7.
Neste estudo objetivamos analisar as evidências na literatura, relacionadas ao atendimento do enfermeiro no APH decorrentes de acidentes com motocicletas, em algumas cidades do Brasil, identificando as dificuldades apresentadas pelos enfermeiros no APH às vítimas de acidentes com motocicletas no Brasil. Assim questiona-se, como o atendimento pré-hospitalar realizado pelo SAMU as vítimas de acidentes de motociclistas ocorridos no transito do Recife/PE pode contribuir para o desenvolvimento de fatores estressantes de acordo com a visão do enfermeiro?
CONTEXTO
No Brasil, a atuação do enfermeiro e a sua capacitação está em atraso, se comparados com outros países como, por exemplo, Estados Unidos e França, que possuem um sistema de APH mais desenvolvido, nos quais os enfermeiros têm sua função consolidada e reconhecida em seus sistemas de atendimento2.
O conhecimento do enfermeiro sobre as necessidades de oxigenação/respiração e circulação é fundamental para a detecção precoce das alterações que ocorrem com as vítimas atendidas pelo APH móvel, cuja finalidade é prevenir, principalmente, o agravamento da situação na cena do acidente2.
A presença do enfermeiro é de fundamental importância na assistência direta às vítimas, na capacitação técnica das equipes, na elaboração de protocolos de atendimentos e material didático e na supervisão do pessoal. Proporciona atendimento mais rápido, organizado, seguro e tranquilo, sendo considerado um ponto de apoio para as equipes4.
A motocicleta é um veículo que proporciona menos segurança que o automóvel, já que a motocicleta não possui a estrutura e dispositivos de proteção que este possui o que possibilita uma maior exposição dos seus ocupantes. Ademais, a alta velocidade, o álcool, a desatenção, a fadiga e a sonolência são fatores considerados como grandes contribuintes para o aumento das ocorrências e gravidade das vítimas8.
O número de veículos em circulação, a desorganização do trânsito, a deficiência da fiscalização, as condições dos veículos, as imprudências dos usuários e a impunidade dos infratores contribuem significativamente para as ocorrências de trânsito na população de motociclistas. Adicionalmente, as ocorrências que envolvem motocicletas são, particularmente, as mais perigosas, porque, quando um veículo colide com a motocicleta, os motociclistas são as vítimas que apresentam maior frequência de lesões graves e morte9.
As profissões de “motoboy” e “mototaxista” foram consolidadas nesse contexto e regulamentadas pela Lei nº 12.009, de 29 de julho de 2009, que exige idade mínima de 21 anos, possuir habilitação por pelo menos dois anos na categoria e ter sido aprovado em curso especializado para o seu exercício. A pressão de clientes e de patrões para realização de entregas rápidas, remuneração por produtividade e turno de trabalho que ultrapassam às dez horas diárias, são apontadas como determinantes da condução inadequada. Característica do jovem do sexo masculino, como audácia, imaturidade, somada à necessidade de integra-se ao grupo, que o estimula a ultrapassar limites e a transgredir, colaboram para agravar os acidentes de trânsito10.
Os condutores de motocicletas são considerados o grupo prioritário em programas de prevenção, com risco sete vezes maior de morte, quatro vezes maior de lesão corporal e duas vezes maior de atropelar um pedestre, quando comparados aos automobilistas. Motociclistas são as principais vítimas dos AT, posto historicamente ocupado pelos pedestres. Em quatro aglomerações urbanas (Belém,
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