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O Caráter internacional da Globalização: ontem, hoje e amanhã

Por:   •  3/12/2018  •  2.354 Palavras (10 Páginas)  •  368 Visualizações

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Isso porque o autor traz diferentes perspectivas acerca da globalização, aqueles que a defendem e aqueles que a criticam. Os comunitários baseiam sua crítica na defesa de comunidades locais. A globalização impõe um capitalismo predatório que prejudica ao meio ambiente e não respeita os direitos humanos. O medo é que o mundo acabe dominado por grandes corporações porque dentro das relações econômicas internacionais há uma hierarquia que dá força á essas corporações que por sua vez prejudicam os Estados. Por exemplo, as multinacionais podem gerar a estagnação dos salários, competição entre os trabalhadores dos países desenvolvidos versus os em desenvolvimento. E a globalização também levaria ao enfraquecimento do Estado.

Já para os nacionalistas populistas a globalização é culpada pelos problemas sociais, econômicos e políticos. Eles acreditam que os fluxos tecnológicos que uma multinacional leva favorece apenas aos países em desenvolvimento, e que ela ao voltar com produtos mais baratos prejudica a economia interna. Há o empobrecimento da população por diminuir as capacidades de consumo porque há perda salarial, perda de direitos trabalhistas e dificuldade de realocação dos trabalhadores no mercado. A globalização também levaria ao fim da soberania nacional porque compromete a autonomia do Estado, afinal, as fronteiras nacionais estariam se fragmentando.

Acontece que para os defensores, a maioria dos problemas não vem da globalização, mas dos Estados contemporâneos. Alguns economistas frisam que a globalização permitiu que certos países em desenvolvimento começassem a superar a defasagem econômica e tecnológica em relação aos países desenvolvidos, mas o perigo que atribuem a essa superação tem sido exagerado. Cabe às economias industriais estabelecidas a onerosa obrigação de se adaptar a mudanças em sua vantagem comparativa. Embora a participação dos países desenvolvidos na riqueza global tenha diminuído, seu padrão de vida continuou a subir. O declínio dos salários se dá devido à baixa qualificação. Muitos críticos dizem que para aumentar a competitividade das empresas locais, os governos entram numa “corrida para o fundo do poço”, dilapidando o Estado previdenciário. Mas essa corrida ainda não é justificada pelos fatos. E embora seja verdade que o Estado pode estar recuando para o papel mais modesto que representava na economia no século XIX, esta mudança deve-se mais a desdobramentos verificados no interior das sociedades nacionais e no ambiente político internacional.

Os autores Boaventura Santos (2002) e Milton Santos (2001) em suas respectivas obras demonstram os aspectos danosos da globalização para os países subdesenvolvidos. Ambos concordam sobre o caráter impositivo e hegemônico da globalização, denunciam os mecanismos que moldam esse processo e a ideia de que a globalização é um fenômeno que possui uma continuidade histórica e que é um caminho sem volta.

Boaventura Santos (2002) diz que a globalização atual é um processo que tem como fundamento o neoliberalismo e que foi estabelecido no Consenso de Washington. Esse consenso visava estabelecer as bases para a estrutura do sistema internacional após a vitória do capitalismo sobre o comunismo soviético (SANTOS, 2002, p.27). Com isso, inúmeras transformações foram introduzidas no sistema e impostas com a ameaça de que quem não se adequa está fadado ao fracasso nessa nova ordem mundial. Para Boaventura, a globalização é um processo de aumento das interações entre países, grupos sociais e transnacionais hegemônicos e contra- hegemônicos[1] que envolvem aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais e que não há somente uma globalização, mas vários processos. Todavia, os acadêmicos só enfocam nos aspectos econômicos do fenômeno quando ele influencia também outros campos.

Santos (2002) reconhece nesse processo malefícios para os países desenvolvidos: enfraquecimento do Estado, das economias nacionais, fortalecimento do capital internacional, concentração de poder e riqueza e desigualdade social, manipulação das dívidas externas, entre outros. Santos (2002) diz que apesar das tentativas de demonstrar que a globalização é um desenvolvimento natural da história, para o autor este é um fenômeno recente devido a rapidez do seu alcance, pelo fato de tentar enfraquecer o papel estatal e por aumentar as disparidades dos países subdesenvolvidos.[2]

Santos(2002) defende a tese de que vive-se nesse momento um sistema mundo em transição (SMET) circundado pelas práticas interestatais, capitalistas globais e sociais e culturais. Essas práticas originam os diferentes tipos de globalização e as suas contradições inerentes também produzem disparidades de poder entre os Estados, com isso o autor diz que nesse período de construção de um novo sistema as disparidades e hierarquizações serão ainda maiores. Nesse processo de transição, Santos (2002) verifica um fator inusitado que não ocorria no sistema mundo – o fato do Estado está perdendo espaço e sofrendo interferência das práticas capitalistas e sociais e culturais.

Nesse sistema há um constante conflito entre global versus local e disputas de hierarquia sistêmica entre os Estados. No entanto, Santos (2002) diz que o que caracteriza hoje o global nasceu de um localismo, e o embate ocorre justamente pelo fato da hierarquização privilegiar o localismo do centro.[3] Disso, o autor demonstra os processos de globalização hegemônicos e contra hegemônicos respectivamente: I- o localismo globalizado: o que é globalizado é uma característica cultural, econômica, política do centro que dita aos demais o seu modo de vida. II- Globalismo localizado: transformação do aspecto local a fim de adequar-se aos interesses globais, III- Globalismo de resistência: quando os Estados periféricos passam a exercer atividades que visam a diminuir as disparidades e a imposição dos localismos (destacam- se o cosmopolitismo e a defesa do patrimônio da humanidade).

Por fim, Santos (2002) defende que a globalização contra hegemônica é o caminho para reverter os prejuízos advindos da globalização hegemônica. Ele propõe para tanto que os países periféricos passem a valorizar as economias nacionais, defendam a democracia nos mecanismos de controle e a distribuição coletiva da riqueza e dos bens públicos, a valorização do multiculturalismo e das diversidades regionais. Ele diz, no entanto que a globalização contra hegemônica precisa se fortalecer e organizar-se a fim de constituir mais espaços de resistências a nível global que ainda são escassamente ocupados pelos localismos contra hegemônicos.[4]

Já Milton Santos (2001) também

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