NOVAS TEORIAS GEOPOLÍTICAS
Por: kamys17 • 19/1/2018 • 2.090 Palavras (9 Páginas) • 516 Visualizações
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De acordo com ele não havia articulação possível entre eles . Se tratava de duas esferas humanas chamadas a evoluir em direcções opostas. Um para a prosperidade. E a outra em direção a uma era de turbulência política, económica e social. Ja que com o fim da bipolaridade, os Estados ricos não mais necessitam ajudar os Estados pobres do sul, como parceiros no contexto mundial; a prioridade passa a ser os seus próprios problemas e seu desenvolvimento.
O "Novo imperio" ( do hemisfério norte ) buscaria, portanto, proteger o seu crescimento e estabilidade das turbulências inevitáveis em que o Sul mergulharia . Para este fim, deveria focar na construção de uma área de fronteira com o último. A mesma se identificariam com aquelas fronteiras “brandas” usadas pelos romanos e que eram conhecidas pelo nome latino de " limes ". O novo “limes” que segundo Mafra “[...] serviria como fronteira para evitar, inclusive, uma nova ‘invasão de bárbaros’, que o autor chama, também, de ‘imigração da miséria”
O novo “limes” contemporâneo seria portanto algo como um “apartheid” mundial em que se esconde uma certa intenção implícita de determinar e proteger a civilização do Norte, abandonando violentamente o Sul a sua própria sorte.
Assim como no Imperio Romano, o “limes” de Rufin não é uma fronteira fixa, podendo avançar ou recura, absorvendo ou desfazendo-se de novas partes interessantes ou não ao “imperio” (MAFRA, 2008)
Segundo Rufin o novo império criaria assim um espaço tampão, zonas cruciais localizadas ao longo da chamada periferia da região norte, formando uma linha imaginaria de confinamento dos “novos bárbaros”. Essas Zonas de contatos, também conhecidas como “dobradiças”, são utilizadas para a criação de uma cadeia de estados, também chamados estados tampões, de Estados vizinhos aos quais se permitiria beneficiar-se parcialmente da prosperidade do Norte. Países como México o Turquia foram parte natural dessa cadeia, cujo objetivo é atuar como muro de contenção frente aos fluxos migratórios provenientes de um Sul sacudido por crises continuas.
“Aos países junto do ‘limes’, fronteiriços, chamados pelo autor de “dobradiças” ou “tampões”, seria prestado auxílio para o desenvolvimento, visando fixar suas populações e evitar a invasão de imigrantes. Seria o caso do México, inclusive já incluindo o NAFTA, para esse fim, bem como do Marrocos, da Argélia e do Irã, cujo auxilio agora não mais estaria vinculado à existência de regimes democráticos e de respeito aos direitos humanos, como anteriormente, mas somente o compromisso de manutenção das populações dentro de suas respectivas fronteiras, não ultrapassando o “limes”. (MAFRA,2008)
Assim podemos concluir que na abordagem geoestratégico, aceitam-se nessa faixa limítrofe Estados totalitários desde que cooperem com a estabilidade da região. Ainda segundo o autor dessa teoria, os problemas externos criados pelos “bárbaros” seriam resolvidos pelo “Império”, utilizando qualquer meio que julgue necessário, enquanto os problemas internos ficariam por conta dos próprios “bárbaros”, sob a supervisão do “Império”. Sendo assim o “império” pode atacar um Estado, por motivos nem sempre confessáveis, para proteger o espaço privilegiado de possível infiltração “bárbara”.
O “lime” também manteria o “império” separado das “Zonas Cinzentas, conceito criado pelo autor para caracterizar as zonas controladas pelos “novos bárbaros” que desafiam o poder central através do desenvolvimento de economias marginais, criminosas ou mafiosas, como é o caso da Colômbia, que o governo do estado tem dificuldades de dominar o narcotráfico da região.
Por fim ao “império” não interessa erradicar a miséria nem o desenvolvimento dos bárbaros, somente quer mantê-los fora da área do “limes”, e estabelecer relações de neocolonialismo econômico, aproveitando ao máximo suas matérias primas e a absorção, por eles, de seus produtos industrializados. O cenário de Rufin dessa forma é caracterizado, com graves prejuízos para os chamados “bárbaros do Sul”, “[...] sempre dependentes e relegados a um segundo plano, aparando migalhas que caem da mesa do ‘império”. (MAFRA,2008)
- Aplicação prática da teoria: Primavera Árabe
O início do século XXI foi marcado por uma crise política e forte instabilidade no oriente médio e no norte da África. A denominada “Primavera Árabe”, eclodiu através de manifestações e protestos contra diversos governos ditatoriais e logo, levando a queda de alguns regimes como na Tunísia e no Egito.
Foi nesse mesmo período que o levante contra o regime da Síria teve início em 15 de março de 2011. O levante começou pacifico, porém a partir de agosto, manifestantes fortemente oprimidos passaram a recorrer a luta armada. Então isso tudo culminou na maior crise de refugiados vivida pela Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Na ótica de Jean-Chistophe Rufin a Europa vive hoje a “invasão” dos “bárbaros” do sul. E tem respondido ao impacto da mesma exatamente como previu, recorrendo a um espaço tampão suscetível de servir de muro de contenção frente a esse impacto migratório.
A Turquia dentro do contexto da crise migratória é uma zona crucial, uma vez que é um espaço privilegiado de possível “infiltração” bárbara, já que milhares de refugiados que fogem da guerra civil síria usam o país como escala para Europa. Dessa forma analisando pela ótica de Rufin o Império buscaria auxilio de zonas de contato, também conhecidas como dobradiças, tornando assim real a sua prospecção no dia 20 de março de 2016 a União Europeia (império) firmou um acordo com a Turquia (bárbaro) para conter o fluxo de imigrantes ilegais que chegam a Europa, em troca ofereceu a esse país participação na “prosperidade” do império, a possibilidade de ser integrado ao mesmo, assim como ajuda econômica e ausência de visto aos seus cidadãos. De uma forma ou de outra a teoria do lime tem assumido uma importância renovada.
- Críticas e consequências para o sistema internacional
Dentre as críticas destaca-se um erro em sua análise prospectiva do Sul, este está além de entrar em uma era de cataclismo, mas evidenciou crescimento econômico, superação da pobreza e estabilidade política mesmo que ainda esteja longe de algançar o “Imperio”. Na verdade globalização econômica, concebido à imagem e semelhança dos interesses do Norte, não só acabou
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