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Monografia Sobre Violencia Domestica

Por:   •  23/3/2018  •  10.739 Palavras (43 Páginas)  •  390 Visualizações

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Já no século XVIII, Heloisa Szymanski[5] em seu trabalho denominado “A relação escola/família desafios e perspectivas” fez umaavaliação que pelo modelo de família nuclear burguesa, composta de pai, mãe e filhos, deveriamno seio social ser o modelo de família perfeita, e quando outro grupo familiar se afastava desse modelo era caracterizada com uma família desestruturada ou incompleta e desprovida das qualidades necessárias para ter a harmonia dentro de si, devendo ser rejeitada pela sociedade.

Conforme Szymanski até o século XV a família era “[...] uma realidade moral e social, mais do que sentimental. A Família quase não existia sentimentalmente entre os pobres, e, quando havia riqueza e ambição, o sentimento se inspirava no mesmo sentimento provocado pelas antigas relações de linhagem”[6].

Bruschini propõe um estudo sobre a família nuclear como um pequeno grupo-tarefa, na qual cada membro desempenha um papel diferenciado, assimétricos e complementares, o que possibilita a presença de modelos masculinos e femininos bem definidos dentro de tal grupo familiar, sendo ao contrário e subversivo diante da sociedade, ficando claro somente o papel masculino.

Segundo Sarti numa visão antropológica sobre a família,devendo ser reconhecida como um grupo social sólido, contribuindo dessa forma para a desnaturalização e desuniversalização da mesma. Bruschini ainda sustenta que a discussão sobre o parentesco, que é considerado "uma abstração, uma estrutura formal, que resulta na combinação de três tipos de relações básicas: a relação de descendência (pais e filhos) a de consangüinidade (entre irmãos) e afinidade, através do casamento".

Szymanski define família de uma forma mais contemporânea como:

“Agrupamento humano como núcleo em torno do qual as pessoas se unem, primordialmente, por razões afetivas dentro de um projeto de vida em comum, em que compartilham um quotidiano, e, no decorrer das trocas intersubjetivas, transmitem tradições, planejam seu futuro, acolhem-se, atendem aos idosos, formam crianças e adolescentes”.

Rebatendoas teorias que sobre a família nuclear nas novas condutassobre a "modernização" da família, para Jeni Vaitsman apud Liszt Vieira[7]“as mudanças queocorreram no núcleo familiar significam justamente o esgotamento do tipo moderno de casamento e família. Que por um conceito sobre os papéis sexuais "adequados"no casamento (Marido/Pai, Esposa/Mãe), na família e nas relações afetivas, baseado numa visão sobre o que seria a natureza ou essência dos sexos. Na formação da sociedade moderna, a separação entre público e privado na família restringiu a individualidade feminina, que só podia manifestar sua essência enquanto mãe e esposa. O que ao mesmo tempo, era essa submissão da individualidade que mantinha a estabilidade do casamento e da família. A maior igualdade entre os sexos levou à instabilidade do casamento e da família e ao surgimento de modelos alternativos de relacionamento, à medida que as pessoas procuram reconstruir suas vidas afetivo-sexuais”.

Desta forma a família nuclear moderna surgiu como uma categoria interpretativa, de maneira que o tipo ideal era compreendido como real, e os modelos eram absolutamente definidos como famílias boas, certas e estruturadas, e os novos disposições eram vistas como disfuncionais, gerando grande crise num modelo já predominante.

Então, pergunta-se: Será que após as mudanças ocorridas nos modelos sociais de família estaria gerando o fim da instituição familiar? Em resposta, a família não está morrendo, o que está agonizando é a idealização romântica, pela qual tem se aprisionado as consciências pessoais daqueles que, se envolvem na busca de uma imagem que construíram para o outro, tornando-se dependentes dela, segundo Sociólogo Liszt Vieira.

Sendo assim, o historiador Renato Prata Bitar[8] comenta que o que faliu foi o tipo de família burguesa como uma instituição covarde e despótica, já que a liberdade de inserção da mulher na sociedade como um todo é extremamente incompatível com essa forma familiar. E, nesse caso, não só a liberdade da mulher, mas também da criança que se livra desse estigma de ter que encontrar todas as suas necessidades de formação moral, ética, sentimental, etc. apenas naqueles poucos membros da família que pensam ser suficientes para, neste ambiente privatizado e isolado, suprir todas essas necessidades da formação infantil sem que haja a integração com toda a comunidade.

O controle que a sociedade exerce sobre a família, em algumas situações engloba sérios conflitos entre pais e filhos, na qual estes não conseguem absorver as heranças de costumes, crenças, valores e relações sociais da estrutura familiar, como defende Renato Biar.

E mesmo com inúmeros aparelhos ideológicos presentes no cotidiano, como a escola, igreja, trabalho, comunidade e mídia, a família surge como aparelho de reprodução das ideologias dos indivíduos. Estando presente até mesmo na representação social feita pela sociedade sobre o grupo familiar, ressaltando que Vieiraaponta que a mentalidade trabalhada no Brasil no final do século XIX, era o modelo da sociedade burguesa.

A escritora Cristine Collage[9] relata que todas essas mudanças nas relações familiares às relações de gênero se tornaram mais abordadas neste contexto de transformações sociais e familiares, pois com a mudança na relação homem e mulher a identidade autônoma da mulher se estabelece de forma mais clara à sociedade.

Apesar de terem ocorrido diversas modificações envolvendo a mulher, não se pode deixar a realidade que ainda é predominante e presente, em que o machismo domina em vários campos da sociedade, até mesmona família.

E essas mudanças nas relações entre homem e mulher trouxeramà tona conflitos, que mantinham a mulher em grau de submissão ao homem e que por isso se achavam no direito de dar o tratamento que lhe era conveniente à parceira, gerando crimes[10] mascarados pela entidade da família.

Os fatos que agravam a questão dos conflitos dentro dos grupos familiares entre homem e mulher estão na banalização do assunto e na falta de mecanismos de punição aos de que se tenham como agressores, levando até mesmo à invisibilidade do crime de maior incidência no Brasil que é o de violência contra a mulher nas relações conjugais, segundo pesquisa do “Portal da Violência contra a mulher”[11], e que tem o perverso efeito multiplicador, pois a falta de punição a crimes dessa natureza causa uma sensação de que seria correto dar esse tratamento

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