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INTRODUÇÃO - A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO NA REALIDADE UBERLANDENSE

Por:   •  21/9/2018  •  9.876 Palavras (40 Páginas)  •  387 Visualizações

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A Escola de Chicago teve dois grandes desdobramentos: a Teoria Ecológica e a Teoria das Zonas Concêntricas.

A Teoria Ecológica, idealizada por Robert E. Park, se destaca ao entender que a desorganização social dos espaços urbanos produz e/ou influencia nas taxas de delinquência e, desta forma, a cidade produz delinquência. Nos atentaremos mais neste trabalho ao segundo momento da Escola de Chicago, a chamada Teoria das Zonas Concêntricas.

2.1. TEORIA DAS ZONAS CONCÊNTRICAS

A teoria das zonas concêntricas foi proposta por Ernest Burguess, divulgada no artigo The Growth of the City em 1925. Essa teoria baseia-se na ideia de que as cidades não crescem em seus limites, mas tendem a se expandir a partir do seu centro (movimento concêntrico). Desta forma foi feita a divisão da cidade de Chicago em 5 (cinco) zonas concêntricas.

A primeira zona, centro, seria o que Burguess chamou de loop. Era o espaço essencialmente comercial, nele se localizavam o comércio, os bancos, serviços, fábricas, estações, etc. Nele eram vistos problemas como poluição sonora, visual e do ar, trânsito, deficiência no serviço de saneamento, cortiços, etc.

A zona imediata ao loop era a Zona II, que mais chamou atenção dos especialistas por ser a área que apresentava os maiores índices de criminalidade. Essa representava a área de transição do espaço comercial para o residencial. Era ocupado pelas pessoas mais pobres, que comumente trabalhavam no loop e não possuíam meios de arcar com a condução. Era também a zona que recebeu o maior número de imigrantes que buscavam emprego na zona comercial, e chamado por muitos de cinturão da pobreza, geradora das gangues e da delinquência juvenil. Conforme assevera Figueiredo Dias e Costa Andrade:

A segunda é uma zona intersticial e de transição, tanto em sentido estático como dinâmico. Está permanentemente sujeita à invasão resultante do crescimento da zona central e, por isso, à constante degradação física. Está também sujeito a força centrífuga de seus habitantes, sempre dispostos a abandoná-la logo que tal lhes seja possível. Sendo, por tudo isto, a zona menos desejada, ela é a única acessível às novas camadas de imigrantes, os mais pobres, por definição. (ANDRADE, p.275, 1997)

Conforme gráfico anexo (G1), a zona III representava a área residencial daqueles que conseguiram libertar-se das condições precárias da Zona II, conforme ensinado por Shecaira. Era geralmente composta pela segunda geração de famílias imigrantes, também mais pobres, que tendiam a permanecer próximas do seu local de trabalho no loop.

A quarta zona, Zona IV, chamada de suburbia, era formada por famílias de classe média e alta. Era essencialmente um bairro residencial, uma zona restrita e isolada nas quais as casas eram habitadas por apenas uma família, diferente do que ocorreu no loop com as moradias coletivas.

Finalmente, a Zona V, chamada de exurbia ou commuters, era habitada pelas pessoas de alto padrão socioeconômico, classe média-alta e alta, geralmente formada por condomínios fechados além dos limites da cidade, nas áreas suburbanas e cidades-satélites.

Desta forma, ao precisar a divisão da cidade em zonas, os pesquisadores conseguiram elencar as áreas que possuíam um maior nível de criminalidade, com grande segregação econômica e étnica-racial. Comprovaram que essas áreas são as mais próximas do centro, assim sendo, quanto mais próximas as áreas do loop maiores são os índices de criminalidade, influenciada pela desorganização social das áreas mais pobres.

3. CIDADE DE UBERLÂNDIA

Para tentar aproximar a metodologia da Escola de Chicago a Uberlândia, é necessária uma análise primeiramente sobre o crescimento histórico da cidade, pois há extremo contraste em relação à cidade americana, visto que possui uma grande mistura de classes sociais num mesmo espaço físico, e a presença de áreas comerciais em variados setores.

Esses fatos se justificam pela urbanização e industrialização tardias das cidades brasileiras, realizadas sem planejamento adequado, com objetivo de competir com os pólos industriais de outros países, acarretando dessa maneira ausência de separação natural entre classes sociais e setores econômicos.

A cidade de Uberlândia está localizada no Estado de Minas Gerais, na região sudeste no Brasil, em 2016 sua população era estimada em 669.672 habitantes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Por se tratar de uma cidade com grande estrutura e porte, Uberlândia é considerada uma cidade mista no tocante a população nativa e imigrantes. Junto com seu crescimento ao longo dos anos, aumenta também a população e pessoas de outros lugares, rurais e urbanos, que buscam melhoria de vida.

A formação histórica da região veio principalmente por índios bororós e caiapós que habitavam a área e foi anexada a Capitania de Minas Gerais e São Paulo após explorações dos bandeirantes. Após a anexação, se tornou uma região agrícola, com a instalação da Fazenda São Francisco de João Pereira da Rocha, que deu origem ao município e atraiu um grande número de famílias a procura de melhores condições de vida.

Sua história como cidade, começou após sua emancipação do município de Uberaba em 1880, chamado de São Pedro de Uberabinha. Após tal emancipação, a cidade teve grande crescimento urbano (anexo M1), em razão de sua localização privilegiada tendo em vista os grandes centros econômicos do país, e logo se diversificou em diferentes ramos industriais não complexos.

Em tempo mais recente, houve grande aumento da infraestrutura da cidade. Atualmente (anexo M2), Uberlândia é o 2º município mais populoso do estado de Minas Gerais. A cidade possui Índice de Desenvolvimento Humano de 0,789, 3º maior do estado e acima da média quando comparado ao resto do país. A cidade tem a economia baseada primeiramente na Agricultura, decorrente da sua localização no interior.

3.1. DIVISÕES DA CIDADE

A estrutura Urbana de Uberlândia consiste na divisão das regiões em Região Central, Zona Leste, Zona Oeste, Zona Norte e Zona Sul (anexo M3).

A Região Central compreende a região mais importante da cidade pois nela se concentra grande área de comércio com uma população aproximada de 113 mil habitantes A região central é formada pelos bairros: Centro, Fundinho, Nossa Senhora Aparecida, Martins, Osvaldo Rezende, Bom

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