Metodologia da Escola Austríaca de Economia
Por: kamys17 • 22/11/2017 • 2.869 Palavras (12 Páginas) • 367 Visualizações
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A partir desta pequena introdução, podemos inferir que o historicismo e seus preceitos influenciaram, de alguma forma, o surgimento das primeiras ideias que mais tarde iriam compor a escola austríaca. Ao longo do trabalho iremos introduzir e abordar mais a fundo outras concepções da escola.
2 – A visão de mundo da escola austríaca de economia
Hayek e Mises diziam que um verdadeiro economista não se faz apenas por dominar os conhecimentos técnicos que estão estritos à teoria econômica, tem de se ir além, o economista, acima de tudo, tem de ser humanista. O economista não deve ser alienado em sua formação e não se esquecer da importância das ciências sociais, algo esquecido pelos economistas da segunda metade do século XIX até o século XX, os quais se restringiam em modelos macro e micro, estando assim alheios à realidade.
A escola austríaca possui três princípios básicos, chamados ‘’A tríade básica’’ ou ‘’Núcleo Fundamental’’, tal tríade é composta por:
- Ação Humana;
- Concepção dinâmica do tempo;
- Limitação do Conhecimento;
Ludwig von Mises ao tratar da Ação Humana, cunhou o termo ‘’Praxeologia’’, do grego práxis(ação, prática) que é a ciência que estuda a ação humana e todas as suas implicações. O primeiro axioma, que é um axioma básico, é do ser humano agir para sair do seu estágio inicial de insatisfação, pois é a partir da insatisfação que o ser humano age e realiza um conjunto de escolhas para sair deste estágio. Enquanto existirem pessoas, este tipo de ação ocorrerá.
O tempo é dinâmico e não estático, pois os acontecimentos vão ocorrer constantemente de forma sucessiva, ou seja, algo novo sempre está acontecendo e assim o tempo se torna um fluxo constante de novas experiências.
A limitação do conhecimento consiste em componentes de imprevisibilidade e indeterminação, tornando as ações humanas de forma involuntárias e que assim produzem efeitos incalculáveis. A mente humana não é capaz de saber todo o conhecimento na sociedade, o conhecimento está disperso na economia, escondido para que intelecto humano possa agir, descobrindo-o e manipulando-o.
As ordens espontâneas de F.A Hayek foram um fruto da ação humana, onde os indivíduos agiam de forma egoísta(não necessariamente no sentido negativo da palavra) a fim de melhorar sua situação atual, no final essas ações individuais encadeadas vão impactar na vida de todos, pode ser em forma de mercado, linguagem, sistema monetário.
Política, democracia, liberdade e virtude
A visão política de Hayek e Mises era de que a economia e a política tem de estar associados, pois o ‘’melhor regime’’ surgiria através da concepção de ação humana, que forjaria toda a natureza de uma sociedade, tanto para caminhos bons onde a liberdade e a valorização do ser humano como um indivíduo e também a sua dignidade como ser humano, ou a sociedade pode trilhar para rumos do totalitarismo. Justamente por defenderem a união entre política e economia, os economistas puristas da academia influenciados pelo positivismo(ideia que muito cresceu no início do século XX) ignoraram suas críticas acerca do socialismo, pois basicamente planejamento central e liberdade não caminham juntas. Os puristas afirmavam que as críticas dos austríacos eram carregadas apenas de ideologia, sem o completo rigo técnico.
Uma sociedade ideal para Hayek é onde se incentiva a liberdade e a virtude, sustentadas por princípios, valores e instituições que garantam ambas as coisas, através dos respeito aos direitos individuais, a cooperação entre as pessoas e acima de tudo, o respeito à dignidade humana. Uma democracia para Hayek e Mises deve possuir mecanismos que fortaleçam a divisão dos três poderes, pois nos anos 30 e 40 isso foi deixado de lado pelos governos totalitários, colocando o executivo acima de tudo e todos pois coloca o executivo e o legislativo apenas como poderes acessórios, garantindo a manutenção do totalitarismo.
Uma das grandes principais críticas ao Socialismo Totalitário feita inicialmente por Mises, foi a inexistência do cálculo econômico. O poder central pensa e age de forma que ele tem o conhecimento de tudo na economia, o centralismo acredita que vê as necessidades de cada agente na economia e que sabe alocar riqueza e recursos para toda uma nação, sem saber que o conhecimento não é algo que o poder central tem domínio total, nenhum indivíduo o tem, o Estado Socialista não é onisciente e assim acaba por falhar em conduzir a economia. É necessário propriedade privada para existir o cálculo econômico, pois através da ordem espontânea, as diversas ações humanas de livre e espontânea vontade irão conduzir a sociedade de melhor forma ao alocar os recursos com o objetivo de melhorar suas vidas, sair do seus estágios de insatisfação. O governo socialista toma para si a propriedade privada dos indivíduos.
O mercado nem sempre será um antro de virtudes, os frutos da ação humana podem criar uma sociedade tanto virtuosa quanto não virtuosa. A ciência econômica nesses casos tem de ser manter neutra em relações aos aspectos morais da sociedade, só assim ela pode analisar as coisas sem algum viés. Por exemplo uma mãe realiza uma compra de fralda para a sua filha, isso é uma ação humana positiva pois ela além de buscar o bem-estar de sua filha, ela também sai de sua insatisfação para fazer uma boa ação para sua filha. Há também a pessoa que gasta parte de sua renda com cocaína, é um ato totalmente nocivo para si mesmo, apesar de ser uma ação humana, ela não deixa de ser negativa e danosa para uma sociedade.
3.1 - Núcleo fundamental
São considerados como os três elementos fundamentais da visão de mundo dos austríacos a ação humana, o caráter dinâmico do tempo e a imperfeição da informação disponível aos indivíduos. Estes, ao perseguir seus objetivos, são racionais quanto aos meios e às informações disponíveis e, a partir de critérios subjetivos, visam a melhorar o estado (psicológico, financeiro, acadêmico etc.) em que estão. A praxeologia, por Ludwig von Mises tida como a ciência da ação humana, postula como primeiro axioma que todo aquele que age o faz a fim de sanar um estado de insatisfação e passar a outro mais satisfatório. Quando agem, no entanto, os indivíduos estão sempre sob incerteza, porquanto não é possível reunir todas as informações necessárias
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