Apropriação do Excedente do Livro Introdução ao Desenvolvimento de Celso Furtado

...

da especialização do trabalho, precisam de toda uma infra-estrutura para os excedentes (como estocagem e transporte desses). O excedente que é usado para extrair outro excedente, seja para intercâmbio ou para melhoria nas técnicas de produção, é chamado de “bens de capital”.

O termo capitalismo tem sido usado para definir “formas de organização social que se configuram quando a apropriação do excedente se funda principalmente no controle dos bens de capital”. Desta forma o excedente é responsável por gerar mais excedentes, aumentando a divisão diacrônica do trabalho, uma vez que o que foi produzido no passado é importando para a produção do presente. Assim, as sociedades que usavam atividades mercantis excederam suas seus controles em regiões que atuavam de forma autoritária. Foi exatamente o que ocorreu nas expedições Européias para o Oriente, para as Américas e para a África. O crescimento da classe mercantil fez com que aumentasse sua participação na política, que começou com agir diretamente investindo o intercâmbio, com políticas como o protecionismo.

Desta forma, Furtado define que a revolução burguesa nada mais foi que a ascensão da classe mercantil na política, acabando com o sistema autoritário vigente até então. Algumas estruturas foram mantidas, como, por exemplo, o acúmulo de terra como riqueza. Contudo, outras se modificaram, como o trabalho artesanal que deixou de ser dono do meio de produção e passou a ser um trabalhador assalariado que vende sua força de trabalho. Numa sociedade mercantil o nível de emprego da população passa a ser regido pelas condições do mercado e não mais pela organização social.

Furtado conclui que para a evolução da sociedade capitalista é preciso passar por duas fases: desarticular as sociedades baseadas em formas de dominação autoritárias e organizar as massas trabalhadoras como forma de importância crescente nas estruturas de poder.