Visão do Desenvolvimento Agrícola Sustentável: O caso do Assentamento Santa Amélia
Por: Sara • 20/2/2018 • 4.196 Palavras (17 Páginas) • 392 Visualizações
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avanços, os esforços governamentais e não governamentais ainda são tímidos no sentido de proporcionar uma solução de longo prazo para os problemas ambientais e sociais causados pelas atividades agrícolas especialmente no Brasil.
O objetivo central deste trabalho consiste numa análise teórica sobre a importância da produção sustentável, um estudo de caso no Assentamento Santa Amélia na cidade de Dois Irmãos do Buriti/MS, averiguando a possibilidade ou viabilidade de se implantar um sistema de produção sustentável no local.
2 Sustentabilidade
De acordo Mendes e Junior (2007, p. 45) a maioria das pessoas ainda pensa que a agricultura se restringe a arar o solo, plantar semente, fazer colheita, ordenhar vacas ou alimentar os animais. Esse, na realidade, foi o conceito de agricultura que perdurou até o inicio da década de 1960. Contudo, a chamada industrialização da agricultura, a qual tem gerado crescente dependência da agropecuária com relação ao setor industrial, como resultado das grandes transformações tecnológicas experimentadas pelo setor rural, levou a uma radical mudança de
concepção sobre a agricultura.
Conforme Neves et al (2005, p. 3 a 7), o agronegócio no Brasil pode ser dividido em competência adquirida, potencial e os desafios. Como competência adquirida o Brasil apresenta grandes melhorias, em tecnologia temos sistemas de irrigação de última geração, máquinas eficientes e um importante papel da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA – na área de pesquisa. O potencial se apresenta nos milhões de hectares produtivos e que aos poucos estão sendo explorados pelos brasileiros de forma a extrair ao seu máximo potencial. Em relação aos desafios, o autor acredita que são vários, mas para fins de estudo os divide em quatro: o primeiro o país1 e sua estabilidade política, o segundo é o de crescer em commodities2, procurando aumentar sua participação no quadro mundial, o terceiro captura de valor3 procurando enfatizar o marketing e aderir maior valor no mercado internacional, aproveitar novas oportunidades. E o último é o do associativismo4, agregar valor e funções de responsabilidade devendo interagir internacionalmente com a inclusão de um moderno agronegócio aos produtos brasileiros.
Araújo (2010, p. 139) apresenta um quadro do agronegócio brasileiro:
Observa-se que o segmento “antes da porteira” é o de menor participação relativa em todo o agronegócio, tanto no âmbito mundial como do Brasil, porém com comportamento inverso. Ou seja, enquanto a participação relativa em nível mundial é decrescente, no Brasil ela é crescente, evoluindo de 4,7% em 1959 para 11,78% em 2008. Esse crescimento é justificado pela intensificação em tecnologia na produção agropecuária brasileira. O segmento “depois da porteira” é o de maior participação total do agronegócio, com 72% em âmbito mundial em 2000, enquanto no Brasil é variável no período analisado, com acréscimos sem muitas variações, passando de 52,77% em 1959 para valores acima de 60% a partir de 1985. Também nesse caso, esta participação é menor do que aquela a nível mundial. Em termos do segmento “dentro da porteira”, a participação relativa é bastante superior à mundial, com evolução decrescentes no período, tendendo a estabilizar-se pouco acima de 25%.
De acordo com Callado (2011, p.1): “O ambiente econômico e social no qual o agronegócio está inserido tem se tornado cada vez mais complexo e diversificado. O que anteriormente era entendido como uma exploração econômica de propriedades rurais isoladas é parte de um amplo espectro de interrelações e interdependências produtivas, tecnológicas e mercadológicas.”
Araújo (2010, p. 140) afirma que é interessante reforçar, que as tendências de diminuição da participação “antes e dentro da porteira” são relativas. Em termos absolutos, ambos os segmentos continuam crescendo. Isso reforça mais ainda a importância que o segmento “depois da porteira” assume em todo agronegócio mundial. E é exatamente esse movimento que o Brasil não pode perder de vista.
3 Elementos de gestão na produção rural
Para Mendes e Junior (2007, p. 20) a comercialização agrícola tem papel de coordenar, por meio de um eficiente sistema de transição de preços, as atividades econômicas de produção, distribuição e consumo. De um lado, ela visa orientar a produção para aqueles bens mais necessários à população e, de outro lado, contribui para orientar o consumo. A comercialização, é em essência, uma atividade econômica geradora de serviços ou utilidades, assim deixa seu conceito tradicional para assumir um conceito moderno de coordenação e
1 Grifo do autor.
2 Grifo do autor.
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desempenho de todas as atividades envolvidas com a transferência de bens e serviços, desde a produção agrícola até o consumo final. Assim a comercialização é o resultado final direto da especialização e divisão do trabalho e do emprego da tecnologia na produção, podendo ser vista como um sistema em duas formas, onde a primeira como um conjunto de funções, estágios ou atividades econômicas verticalmente integradas; a segunda, como um mecanismo capaz de coordenar as atividades de produção, distribuição e consumo.
Outro elemento comum está relacionado ao suporte técnico. Embora a assistência técnica no Brasil esteja disponível para grande parte dos produtores rurais, ela mostra-se incapaz de atender plenamente a suas necessidades. Quando as informações chegam aos pequenos produtores, trazidas pelos órgãos de assistência técnica, nem sempre são efetivamente compreendidas ou implementadas face às condições disponíveis. Diante dessa realidade, o atendimento técnico aos produtores rurais e cooperativas tem sido realizado por empresas fornecedoras de insumos, que incluem a assistência técnica no pacote comercial, procedimentos que minimizam, mas não resolvem a dificuldade dos produtores. (BATALHA, 2012, p. 630)
Callado (2011, p. 26) afirma que as atuais dinâmicas dos mercados e dos consumidores, no mundo globalizado, têm introduzido novos paradigmas e desafios para o ambiente dos negócios, indistintamente da natureza corporativa que as empresas possuam. O gestor deve estar apto a identificar eventuais ameaças e oportunidades que estejam surgindo em seu horizonte gerencial. As perspectivas das práticas gerenciais adotadas para o agronegócio têm considerado, principalmente, estratégias
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