O DESENVOLVIMENTO CAUDA LONGA

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Não se pode deixar de notar o foco de Anderson em ver a cauda longa como um modelo de negócios para uma nova economia. Mas seu livro não deixa de repercutir para áreas como a própria comunicação, visto que grande parte de seus exemplos são de produtos de entretenimento, como a música, os filmes, os livros e até mesmo informacionais, como a notícia. A cauda longa seria um interessante “remédio” aos preceitos teóricos da Escola de Frankfurt, que demonizavam a “Industria Cultural”, como uma indústria que homogeneíza e exclui. E, realmente, era essa a lógica da cabeça curta, a lógica da busca pelo próximo blockbuster, best-seller ou grande sucesso de audiência. Uma tentativa constante de prever a demanda do público e complementa-la com produtos “tamanho único”, eliminando os “perdedores” através das escolhas limitadas. No livro de Anderson, portanto, seriam os meios de comunicação de massa e seus produtos, os primeiros a sofrer com essa mudança de paradigma.

Porém, com suas ideias já testadas nesses últimos anos, muitos críticos apregoam que a concentração em poucos produtos ainda é evidente e que a força dos nichos não se consolidou. Mas é interessante perceber que Anderson não coloca em risco de extinção esses produtos que visam à massa, ao contrário do que seus críticos afirmam. O que há é mais uma complementação do que uma exclusão. Haverá Britney Spears, Transformers e Códigos da Vincis e esses ainda serão produtos visados à massa.

Mas essa mesma massa pensada como homogênea, não o é, e tem a chance de se embrenhar por nichos cada vez mais específicos em busca de artistas de jazz cubanos, ou filmes de bollywood, ou de livros sobre tipos de anzol de pesca.

Apesar de em seu livro Anderson não dar ênfase a uma nova configuração midiática, e sim a um novo modelo econômico, podemos perceber que a cauda longa acaba tornando-se um importante ponto de apoio para análise desse novo contexto das mídias no século XXI. Um contexto em que a digitalização funciona como facilitador dessa configuração e em que a Internet surge como a grande mídia agregadora desses novos tempos, disponibilizando produtos em consonância com as outras mídias.