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CANTILLON, ESPAÇO E TEORIA ECONÕMICA

Por:   •  2/12/2017  •  1.288 Palavras (6 Páginas)  •  288 Visualizações

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3. Circulação e custos de transporte

A população espalha-se pelo território nacional conforme as decisões de cultivo. Destas decisões depende o próprio tamanho da população, que é função da disponibilidade de meios de subsistência. De acordo com Cantillon, metade da população de uma nação vive no campo e metade nas cidades. Há um consumo significativo de alimentos e de matérias primas nas cidades, e os custos de transporte destes bens têm que ser levados em consideração na formação dos preços.

.Cantillon foi o primeiro autor a introjetar, em caráter sistemático, os custos de transporte na estrutura de preços e nos processos de mercado.

Conforme Cantillon, as evidências indicam que os fazendeiros entregam aos proprietários, a título de arrendamento, 1/3 do produto da terra. Os 2/3 restantes permanecem com os fazendeiros, que sustentam a si próprios, aos trabalhadores e animais de cultivo e retém ainda a “terceira renda”, ou lucro.

A subsistência dos trabalhadores não envolve transferências monetárias nem custos de transporte e, portanto não afeta a circulação. Os trabalhadores são remunerados com produtos obtidos na propriedade ou mediante troca direta nas cercanias. O mesmo vale para uma parte do pagamento de serviços e manufaturas diretamente relacionados ao cultivo da terra e para a subsistência dos fazendeiros. Já os proprietários recebem sua renda em dinheiro e efetuam seus gastos nas cidades. É a partir dessa renda que se estrutura o esquema de circulação Ensaio.

O fazendeiro necessita transformar uma parcela do produto em dinheiro para fazer face às despesas representadas pelo pagamento de renda e pela aquisição das mercadorias que não podem ser obtidas na vila ou nas imediações. É esta parcela monetizada do produto agrícola que, ao dirigir-se às cidades, forma a base da circulação monetária. A quantidade necessária de moeda metálica em circulação em um país, deste modo, pode ser calculada a partir do valor da renda da terra. Trata-se de uma fração da renda, cuja determinação exata depende de fatores como velocidade de circulação da moeda e difusão dos meios de pagamento não-metálicos.

Na visão de Cantillon, a “desigualdade de circulação” entre a província e as cidades, em especial a capital, surge a necessidade de efetuar as transferências contínuas de rendas em forma monetária do campo à cidade. Essa desigualdade expressa um “débito”, ou o “balanço” das províncias em relação a capital. O “débito” – uma assimetria nos fluxos de meio circulante – é “pago”, ou contrabalançado, com o dinheiro destinado à aquisição de produtos agrícolas para as cidades.

Na medida em que nas cidades concentra-se metade da população, pode-se dizer que uma proporção similar dos produtos agrícolas enfrenta custos de transporte.

Cantillon propõe que as manufaturas que dependem de insumos minerais e que exibem uma relação elevada entre peso dos insumos e peso dos produtos, instalem-se próximo ás minas. O salário dos trabalhadores manufatureiros seria melhor se fossem excluídos da cesta de subsistência os custos de transporte dos alimentos.

As minas que não produzem competitivamente devido aos custos de transporte, Cantillon sugere que a descentralização das atividades econômicas e da população possibilitaria a valorização de propriedades cuja renda é muito baixa, devido aos custos de transporte elevado.

O sistema de Cantillon não incorpora os diferenciais de produtividade na produção agrícola. A renda diferencial é locacional. O proprietário arca com os custos do transporte.

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