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As mulheres muçulmanas precisam realmente de salvação?

Por:   •  22/10/2018  •  1.074 Palavras (5 Páginas)  •  252 Visualizações

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A significante questão que a burca levanta aqui é como lidar com os modos culturais alheios aos nossos. A autora questiona como devemos lidar com a diferença sem aceitar a passividade assumida pelo relativismo cultural pelo qual os antropólogos são famosos. Pois o que se configura como um problema é que parece ser muito tarde para interferir nessas outras formas de expressar os limiares culturais locais. Lembremos que, “as formas de vidas que encontramos ao redor do mundo já são produtos de longas histórias de interações.” (Lila Abu-Lughod, 2012:460).

Quando a autora fala em aceitar a diferença, ela não supõe que deveríamos ser alguma espécie de relativistas que aceitam o que quer que aconteça em outros lugares, considerando tudo como “apenas a cultura deles”. Nós podemos sim querer a justiça para as mulheres, mas devemos nos sujeitar a compreender que há ideias diferentes acerca do que é justiça e que estas mulheres podem almejar escolher futuros diferentes daqueles que achamos ser os melhores.

“É profundamente problemático construir a mulher afegã como alguém que precisa de salvação” (Lila Abu-Lughod, 2012:465), pois tais planos de salvar outras mulheres reforçam um senso de superioridade por parte dos ocidentais. A autora sugere que devemos tomar cuidado para não entrar na “pele das cristãs missionárias do século XIX que devotaram suas vidas a salvar suas irmãs muçulmanas”. Somos donos de tanta arrogância que nem ao menos limpamos nossas lentes para melhor enxergar as implicações inerentes a este tipo de pensamento que centraliza a nossa cultura, nosso modo de ser e estar no mundo, como régua para medir o modo alheio de ser e estar no mundo. Nós não somos réguas, nós não somos possuidores da medida perfeita para as coisas. Porém nos falta muito para que sejamos capazes de compreender tal fato. Estas mulheres não precisam de “salvação”, muito menos de que nós demonizemos suas burcas; se as proibissem de usar burca, elas certamente achariam outros meios de cobrir suas cabeças. A necessidade na qual elas se encontram, é a necessidade na qual todo o resto também se encontra: a de pararmos com esta obsessão em dividir e polarizar o mundo, e melhor nos entendermos enquanto seres humanos, dentro de nossas subjetividades.

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