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ESCOLA DE ANTIOQUIA

Por:   •  20/12/2017  •  2.214 Palavras (9 Páginas)  •  623 Visualizações

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Deodoro foi o mestre de outros dois pais da escola de Antioquia que se tornaram grandes proponentes da mesma: Teodoro de Mopsuéstia e João Crisóstomo

2.2 Teodoro de Mopsuéstia (350-428)

Teodoro de Mopsuéstia nasceu em uma família rica, o que lhe permitiu receber uma excelente formação. Ele estudou por 10 anos com Deodoro de Tarso, foi ordenado presbítero em Antioquia, em 383, e tornou-se bispo de Mopsuéstia, na Cicília, em torno de 392.

Teodoro de Mopsuéstia tornou-se notável exegeta antioquiano e fez fortes objeções às falhas da escola de Alexandria e sua interpretação alegórica. Ele também defendia os princípios da teoria em oposição à alegoria. Reconhecia tanto o sentido histórico dos textos proféticos do AT, como a significação tipológica de alguns deles. Alguns consideram Teodoro de Mopsuéstia o maior intérprete da Escola de Antioquia. Em um de seus livros, intitulado “Da Alegoria e História Contra Orígenes”, ele pergunta: “Se Adão não era de fato Adão, como a morte foi introduzida na raça humana?” Ele é conhecido como o príncipe da exegese primitiva e ao comparar trabalhos exegéticos que ele fez sobre algumas epístolas paulinas, afirmou-se ter semelhanças com comentários modernos. Escrevendo sobre este grande exegeta, o historiador Earle E. Cairns diz que:

“Teodoro foi chamado apropriadamente de o “príncipe dos exegetas antigos”. Ele se opôs ao sistema alegórico de interpretação e propôs uma compreensão que levasse em conta a gramática e a formação histórica do texto, a fim de descobrir o sentido que o autor quis dar. Deu atenção especial ao contexto imediato e remoto do texto. Esse método fez dele um comentarista e teólogo dos mais competentes” – CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: uma história da Igreja Cristã. 3.ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 121.

2.3 João Crisóstomo (345-407)

João Crisóstomo nasceu em uma família ilustre e rica da aristocracia de Antioquia, por volta de 345 A.D. Seu pai foi o general Secundo, que faleceu muito cedo. Sua mãe, Antusa, lembra a mãe de Agostinho, a qual mesmo enviuvando aos 20 anos, recusou-se a casar novamente para dedicar-se integralmente à educação do filho. Crisóstomo recebeu educação nos clássicos gregos, estudou retórica, filosofia e direito. Por volta do ano 385, ele foi ordenado padre em Antioquia e posteriormente tornou-se bispo de Constantinopla, no ano de 398.

Esse grande teólogo e pastor escreveu mais de 600 homilias, que consistiam em discursos expositivos com aplicações práticas. As obras de João Crisóstomo incluem cerca de 7000 citações do Antigo Testamento e por volta de 11000 citações do Novo Testamento. Devido a ser um autor produtivo, alguns o consideram o maior comentarista entre os primeiros pais da igreja. Como um teólogo da escola de Antioquia, buscou o sentido literal do texto dado pelo autor. Cairns, escrevendo sobre ele, diz:

“A maioria de suas homilias ou sermões se constitui em exposição das Epístolas de Paulo. Por não conhecer o Hebraico, não fez uma investigação crítica dos textos do Antigo Testamento, mas destacou a importância do contexto e procurou descobrir o sentido literal dado pelo autor e fazer uma aplicação prática desse sentido aos problemas das pessoas de sua época”- CAIRNS, 2008, p. 121.

O nome Crisóstomo foi um apelido que lhe deram depois de sua morte, devido à sua eloquência, e significa literalmente “boca-de-ouro”. Ele foi exilado em 404 pela Imperatriz Eudóxia, devido ao fato de denunciá-la por usar roupas extravagantes e por colocar uma estátua de prata de si mesma próxima a Santa Sofia, onde ele pregava. João Crisóstomo, o grande pregador, era um homem piedoso e dedicado ao pastorado. Ele morreu no exílio em 407.

3. Princípio de interpretação

3.1 Hermenêutica

Podemos resumir os principais princípios de interpretação desenvolvidos e utilizados pela escola de Antioquia e por seus representantes da seguinte forma:

- Sensibilidade e atenção ao sentido literal do texto. Era uma abordagem que poderia ser chamada de "gramático-histórica". Esse termo só apareceu após a Reforma, mas os princípios que caracterizavam esse tipo de interpretação já estavam presentes em Antioquia: procurar alcançar o sentido do texto através da busca da intenção do seu autor (daí estudar-se o sentido óbvio das palavras, "gramma" em grego) considerando o contexto histórico em que foi escrito.

- Desenvolvimento do conceito de theoria. Esse termo designava o estado mental dos profetas em que recebiam as visões, em oposição à alegoria. Era uma intuição ou visão pela qual o profeta podia ver o futuro através das História da Interpretação circunstâncias presentes. Depois da visão, era possível para ele descrever em seus escritos tanto o significado contemporâneo dos eventos bem como seu cumprimento futuro. A theoria era o princípio usado pelos antioquianos para se descobrir um sentido mais que literal nas palavras dos profetas do Antigo Testamento, permanecendo-se fiel ao seu sentido literal. Entretanto, embora reconhecessem que havia um sentido mais profundo e completo nas palavras dos profetas, estavam bem distantes da alegorese alexandrina.

- Não negavam o caráter metafórico de algumas passagens: reconheciam que havia um sentido mais profundo nas profecias do Antigo Testamento e que havia tipologias, como a que Paulo fez em Gálatas 4.21-31. Entretanto, afirmavam a historicidade da narrativa vétero-testamentária e procuravam em seguida descobrir o sentido teológico da mesma.

- Buscavam determinar a intenção do autor, pela atenção cuidadosa ao sentido histórico das palavras em seu contexto original.

- Eram contra descobertas arbitrárias de Cristo no Antigo Testamento, como as feitas pela alegorese alexandrina. Concordavam que Cristo estava presente nas Escrituras do Antigo Testamento, mas reagiam contra a ideia de que cada palavra, evento, número, personagem ou instituição das mesmas poderia ser interpretada de forma alegórica de modo a sempre encontrar-se a Cristo nelas.

3.2 Soteriologia

A soteriologia antioquena não diferenciava totalmente da alexandrina. Ambas concordavam que um dos grandes aspectos da salvação envolve a deificação ou divinização curar a natureza humana para que ela compartilhe alguns aspectos ou características divinas como imortalidade. Entretanto os antioquenos estavam muito mais preocupados que

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