Programa de Proteção Respiratória
Por: Hugo.bassi • 1/2/2018 • 7.255 Palavras (30 Páginas) • 324 Visualizações
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Nos anos de 1700 a 1800 a condição primordial para ser "Bombeiro", era ser portador de uma barba grande e densa. No combate a um incêndio, a barba era encharcada com água e tomada entre os dentes. O efeito filtrante certamente não era o melhor, mas provavelmente ocorria a retenção das partículas maiores de fuligem e cinza.
No início da Revolução Industrial, aparece a primeira descrição do ancestral da máscara autônoma de circuito aberto e fechado, e da máscara de ar natural. Na área de Equipamentos autônomos, havia na Europa, por volta dos fins de 1700 a meados de 1800, um equipamento feito de saco de lona e borracha. Nos Estados Unidos foi patenteado entre 1863 e 1874 algo semelhante. Consistia de uma saco de múltiplas camadas de lona impermeabilizada com borracha da Índia que era enchido de ar por meio de uma bomba. O saco era portado nas costas e um sistema de tubos conduzia o ar à boca, o nariz era fechado com uma pinça nasal e a língua fazia as funções de uma válvula no controle do fluxo de ar. O ar era inalado a partir do saco e ao exalar, era assoprado de volta para o saco onde se "regenerava". A autonomia era de 10 a 30 minutos.
Na fase mais intensa da Revolução Industrial, entre 1800 a 1850, começou-se a fazer diferença entre os contaminantes particulados e gasosos, anteriormente reconhecidos somente como "poeira". Em 1825 John Roberts desenvolveu o "filtro contra fumaça" para bombeiros, um capuz de couro com um tubo preso na perna do usuário que captava o ar menos contaminado que estava próximo ao solo. A extremidade do tubo que ficava próxima ao solo tinha um funil voltado para baixo contendo pedaços de tecido para filtrar partículas, e uma esponja molhada para remover gases solúveis na água.
Provavelmente o desenvolvimento mais significativo dos últimos séculos foi a descoberta em 1854 da capacidade do carvão ativo em remover vapores orgânicos e gases do ar contaminado. Nessa época, E.M. Shaw e o famoso físico Jonh Tyndall, criaram o "filtro contra fumaça", para bombeiros, que protegia contra particulados (camada de algodão seco), gás carbônico (cal sodada), e outros gases e vapores (carvão ativo).
O desenvolvimento da Proteção Respiratória também está muito ligada à atividade de mineração, principalmente aos trabalhos nas minas de carvão, sendo os conhecimentos adquiridos também adotado nas fábricas e no combate a incêndios. No fundo das minas surge pela decomposição de matéria orgânica o Gás Metano que é asfixiante e em combinação com o ar atmosférico forma o temido grisú, altamente explosivo, e, quando há a presença de enxofre, o que nas minas de carvão se dá com alguma freqüência, forma também o gás sulfidrico, altamente tóxico e mortal em altas concentrações. Também havia o problema da falta de oxigênio causado pela distância que as galerias seguem a partir da entrada. Os mineiros costumavam levar pássaros em uma gaiola, para que pudessem ser alertados a tempo se havia gases no ambiente. Caso o pássaro apresentasse alterações no seu comportamento, desmaiando ou morrendo, isto indicava que no ambiente poderia haver gases explosivos, tóxicos ou então que havia falta de oxigênio e os mineiros abandonavam imediatamente o local, para que equipes especializadas pudessem providenciar a ventilação adequada, evitando explosões, intoxicações e os riscos de baixo teor de oxigênio. O químico inglês Humphry Davy (1778 - 1829) desenvolveu uma lanterna, que recebeu o nome de Lanterna de Davy. No interior desta lanterna havia uma pequena chama que, caso se apagasse, indicava falta de oxigênio e, caso a chama aumentasse provocando pequenas explosões dentro da lanterna, isto significava que havia gás explosivo no ambiente, devendo o local ser abandonado imediatamente.
A técnica de proteção respiratória foi evoluindo e passou a ser adotada em ambientes fabrís onde ocorriam escapes de gases. As fábricas, que antes pouco havia e processavam materiais naturais e geravam poucos gases e partículas normalmente grossas e de pouco risco na inalação, agora passavam a processar substâncias cada vez mais complexas, gerando gases venenosos e partículas muito mais finas e tóxicas do que as normalmente encontradas na natureza. Mesmo já no início do século 20 ainda havia pouca preocupação social com o trabalhador e um grande número de pessoas adoecia após alguns anos de trabalho, sofrendo de doenças muitas vezes desconhecidas que raramente eram atribuídas ao ambiente em que trabalhavam.
Nas minas de carvão por exemplo, levou-se muito tempo até que o adoecimento nos pulmões fosse considerado um problema social e atribuído ao pó de carvão mineral. Os trabalhadores, após alguns anos de atividade nas minas, sofriam de uma pneumoconiose provocada pela inalação de pó de carvão mineral, hoje conhecida como ANTRACOSE.
Os avanços mais rápidos ocorreram durante a I Guerra Mundial (1914 - 1918) com as máscaras de uso militar. Os alemães geravam aerossóis altamente tóxicos no campo de batalha forçando o desenvolvimento de filtros altamente eficientes contra particulados. Um desses filtros desenvolvido em 1930 por Hansen usava lã animal impregnada de resina, com eficiência em torno de 99,99 % ! Atualmente os filtros contra aerossóis utilizam fibras mais baratas, de mais fácil obtenção, com baixa resistência à respiração e com boas propriedades contra o entupimento superficial. Também começaram a surgir cilindros de aço mais leves, que resistiam a maiores pressões e assim podiam armazenar uma quantidade maior de ar respirável comprimido, tornando possível de serem transportados nas costas. Havia problemas com os sistemas de válvulas e registros, mas já era um equipamento que podia ser usado pelos bombeiros e equipes de salvamento com maior grau de confiabilidade. Após a Primeira Guerra Mundial, com a expansão das indústrias, avanço da medicina e o início de uma maior preocupação social com a saúde e o bem estar dos trabalhadores, reivindicações dos próprios trabalhadores que começaram a se organizar em sindicatos, surgiram novos equipamentos com maior e mais confiável capacidade de proteção e com mais conforto no uso.
Muitas doenças já eram diagnosticadas como decorrentes de trabalhos em ambientes contaminados e algumas medidas de saneamento e precaução passaram a ser adotadas. Com a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) novas técnicas, novos materiais e portanto novos problemas foram surgindo, mas também novas soluções foram sendo encontradas. No pós-guerra até nossos dias, a indústria desenvolveu enorme variedade de materiais que trouxeram problemas ambientais, mas também possibilitaram o desenvolvimento de
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