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HISTÓRIA, CULTURA E SANEAMENTO BÁSICO: UM OLHAR SOBRE A CIDADE DE FARO/PA

Por:   •  1/8/2018  •  4.681 Palavras (19 Páginas)  •  472 Visualizações

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O município de Faro teve sua origem na aldeia dos índios Jamundás, o que reflete a herança indígena encontrada não só no município como na região. Situava-se logo abaixo da confluência do rio Paratucu com o Nhamundá, este último até hoje é o que encurta a fronteira com o estado do Amazonas.

A fundação de Faro aponta o marco de 27 de dezembro de 1768, sendo considerado um dos mais antigos de todos os municípios da região oeste do Pará. Por essa longa data de existência é que foi escolhida como objeto de estudo deste trabalho. São 247 anos de história e uma população de 7.168 habitantes (dados do IBGE/2010). É um município brasileiro pertencente à mesorregião do Baixo Amazonas, no norte do país e possui uma área de 11.820,39km2.

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Fonte: IBGE/2008.

Faro possui eventos culturais como o Festival das quadrilhas, assim como o festival dos bois Cacau e Tira Prosa. É considerado um paraíso ecológico no oeste paraense. Por isso, desponta hoje como um dos principais pontos turísticos seja por suas belas praias em toda sua orla, pela pesca ao tucunaré, e também pela cerâmica indígena da região, embora um pouco rara nos dias atuais.

Consta ainda no histórico do município que Faro sofreu com as ocorrências da cabanagem, um dos grandes marcos da história cultural amazônica e do Brasil. Conforme (PAES LOUREIRO, 2003)

A cabanagem foi um dos mais profundos, amplos, sérios movimentos políticos revolucionários do período regencial brasileiro, estendendo-se de 1835 a 1840. Verdadeiramente, ela serve de eixo invisível em torno do qual gira a história de uma parte da Amazônia, especialmente do Pará (pág. 69).

Esse é apenas um apontamento para justificar a importância que o município de Faro tem não apenas para o Pará, mas para a história do país, por todas as suas particularidades, seja no aspecto econômico, cultural, ou ao que tange o aspecto da religiosidade, aspecto a ser retratado a partir de agora.

Mas para adentrar no assunto, que trata particularmente da prática da Umbanda, enquanto religião afro-brasileira e que faz parte de uma história tão rica e diversa como a do Brasil, leva-se em consideração os apontamentos de PAES LOUREIRO (2003):

Durante os primeiros séculos após o descobrimento do Brasil (em 1500), a catequese e a pedagogia dos padres da igreja encarnaram a doutrina e foram os agentes de uma imposição simbólica sobre a cultura indígena. Atuando de maneira dispersa no espaço, mas contínua no tempo, foram levando símbolos religiosos, morais, culturais, estranhos às populações indígenas ou ribeirinhas, inserindo no imaginário indígena novos elementos, novos conteúdos que passariam a compor, no processo de assimilação cultural justapostos à base cultural indígena, os fundamentos da cultura própria da expressão amazônica cabocla (PAES LOUREIRO, p. 71).

É sabido que o Brasil é um país multicor, pluricultural, miscigenado, o que justifica a mistura de costumes, tradições e crenças dos vários povos que se instalaram e habitam as suas terras. Mas para manter o equilíbrio, a harmonia entre os variados grupos étnicos como os brancos e índios, principalmente, foi preciso muita luta até chegar ao que é hoje. Com o passar do tempo muita coisa mudou, logicamente. Mas algumas situações de difícil aceitação pelo simples fato da ausência de conhecimento por parte da população ainda prevalecem em pleno século XXI. É o caso da efetivação, ou reconhecimento de novas religiões que vão aderindo cada vez mais adeptos “disputando” com a religião dominante: a católica.

A Umbanda enquanto religião Afro-Brasileira

A umbanda, no seu aspecto multicultural, pode se considerada uma religião genuinamente brasileira, com um sincretismo que combina o Catolicismo, a tradição dos orixás africanos e os espíritos de origem indígena. A religião sintetiza vários elementos das religiões africanas e cristãs e possui a mistura de várias visões sobre o sagrado, contemplando todos os indivíduos encarnados e desencarnados que nela atuam.

Tem seu início do século XX no Sudeste do Brasil, a partir da síntese com movimentos religiosos como o Candomblé, o Catolicismo e o Espiritismo. A religião foi oficializada no dia 18 de maio de 2012, de acordo com a Lei 12.644, mas para os adeptos da umbanda, o dia 15 de novembro é considerado como a data de seu surgimento.

Para os umbandistas, a Umbanda foi instituída quando aconteceu a primeira manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas através da mediunidade do jovem Zélio Fernandino de Morais, com 17 anos de idade na época. São os Caboclos os verdadeiros mentores da Umbanda, se apresentando como linha de frente e de comando dentro da religião, sendo na maioria das vezes quem responde pela “chefia” e responsabilidade do que é realizado dentro de uma Tenda de Umbanda. Dessa forma, nota-se que existe uma cultura indígena forte dentro da Umbanda. O Caboclo das Sete Encruzilhadas chama-se “caboclo” por ter sido índio em uma encarnação aqui no Brasil, esclarece ainda que em outra encarnação foi o Frei Católico Gabriel Malagrida, queimado na Santa Inquisição.

Assim como os índios, os negros também são personagens essenciais na história da umbanda, pois a história mostra que eles foram tirados à força de sua terra natal, na África, e trazidos para o Brasil com muito rancor, ódio em seus corações. Foram aprisionados e muito feridos em sua dignidade, o que resultou muitos anos de luta e dores. Mesmo assim tentavam manter seus costumes na cultura e na religião, que se baseava na evocação das forças da natureza em divindades, que eram espécies de deuses, que cultuavam com fervor.

Uma das discussões principais sobre a origem da Umbanda está relacionada à origem da religião, tema que divide opiniões entre adeptos e estudiosos do assunto. Alguns autores referem-se à Umbanda como resultado de uma ação transformadora, que se diferencia de todas as vertentes que contribuíram com aspectos culturais em sua formação. Na visão de Ortiz (1999), a umbanda surgiu como produto direto das transformações ocorridas em determinado período no contexto histórico brasileiro:

O nascimento da religião umbandista coincide justamente com a consolidação de uma sociedade urbano-industrial e de classes. A um movimento de transformação social corresponde um movimento de mudança cultural, isto é, as crenças e práticas afro-brasileiras se modificam tomando um novo significado dentro do conjunto da sociedade global brasileira.

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