CRIANÇAS ABANDONDAS NO BRASIL: UM PROBLEMA SOCIAL OU POLÍTICO?
Por: Lidieisa • 17/4/2018 • 1.857 Palavras (8 Páginas) • 455 Visualizações
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Cabe questionar os motivos levam a abandonar recém-nascidos em lixeiras, córregos, quintais, sendo estes tão frágeis e indefesos, seria uma demonstração de crueldade, justo o homem o soberano das espécies. Explicar é realmente um tanto precipitado, por isso é de extrema importância compreender não apenas aspectos emocionais e pessoais, mas também sociais e políticos.
Compreender essa ação, ou melhor, a “má ação” é bastante complexo, pois, se o homem é sujeito de suas ações por que coloca-se a culpa na política e na sociedade. Responder a essas incógnitas é uma tarefa que exige ponderação, pois, “culpa” é uma palavra um pouco carregada de sentimentos, os quais precisam ser avaliados dentro da própria concepção humana que leva a optar pelo abandono. Assim é preciso conhecer o ser humano, para entender suas ações.
“Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer.” (FREIRE. 1977 p. 27). Percebe-se claramente a importância do homem como sujeito de suas ações, assim é preciso conhecer o ser humano, para entender suas angústias e inquietações.
Em virtude dos desatinos cometidos que ferem a integridade da criança, é aprovado na década de 90 o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente; que procura minimizar abusos contra crianças e adolescentes, o Estatuto foi tomando força com a criação do Conselho Tutelar, que incansavelmente busca proteger as crianças e os adolescentes, vítimas de abandono, violência e abuso.
Além do Estatuto, do Conselho Tutelar existem ONGs, que tem como bandeira a proteção a criança, assim diante de tanta Lei, medidas, organizações ainda existem casos que chamam atenção no lado negativo, a exemplo tem-se os vídeos de apreciação que trazem reportagens com abandono de recém nascidos para a elaboração deste trabalho.
O abandono a recém-nascidos é um problema político e social, pois, o Brasil tem em suas entranhas herança de uma sociedade machista, onde a mulher deveria casar-se para ter filho, e nessa visão ainda existem muitas mulheres adolescentes que ao estarem grávidas e solteiras ficam apavoradas e num gesto impensado livram-se do que chamam de “problema”.
Outro fator que contribui para o abandono que a maioria alega é a falta de condições financeiras para criarem seus filhos, pois, o desemprego é ainda uma realidade de muitas famílias. A desestruturação social que ainda existe no país, pode ser fruto de políticas sociais atreladas a resquícios de uma política elitista, pois, o Brasil, ainda sofre com questões sociais não resolvidas, é um país dito emergente, mas não consegue libertar-se totalmente de uma sociedade conservadora.
É importante acrescentar também que, as políticas sociais da era Vargas foram motivadoras de muitas Leis que hoje dão suporte as classes menos favorecidas, mas fala-se tanto nas Leis, a própria Constituição Brasileira tem um texto impecável, completa, mas, o que está faltando são ações, ou seja, colocar em prática o que está escrito.
Os direitos adquiridos pelo cidadão desde a era Vargas tomam força a cada dia, porém enfraquecem quando se deparam com planos de saúde mal estruturados, com a falta de médicos e a super lotação dos hospitais dos grandes centros, mas, o que fatos como estes tem a ver com o abandono de crianças? A resposta está nas ações sociais onde a falta de orientação levam a muitas mulheres optarem pelo abandono de seus filhos após o parto, muitas vezes realizados por elas mesmas.
É importante lembrar que as crianças são sujeitos, merecem atenção dessa forma é necessário desenvolver ações que vão ao encontro da realidade de muitas famílias, vítimas de uma sociedade saturada, sem perspectiva de mudança para pessoas que encontram-se na linha da pobreza. As crianças são o futuro do país, mas antes de tudo elas estão no presente por isso é preciso investir no hoje, para que o futuro esteja garantido.
Outra questão que é importante abordar é os programas do Governo Federal, benefícios sociais como Bolsa Família, Bolsa Escola, é uma ajuda simbólica que muitas famílias de baixa renda recebem, ficando presas a este Programa sem perspectiva de um futuro melhor, pois, esquecem que essa ajuda é simbólica, diante da necessidade de moradia e um emprego assalariado.
Diante o exposto é fundamental acrescentar que as crianças tornam-se vítimas de familiares acomodados, que não buscam melhorias, ficando presos a benefícios sociais. As crianças hoje são sujeito de sua própria história, mas, antigamente estas eram concebidas como adultos em miniatura.
Somente a partir do Século XVII é que a criança começa a ser encarada como uma pessoa que ainda não tem discernimento dos seus atos e necessita de um olhar e atitudes diferenciados para a sua condição.No Século XVIII pensadores como Jean Jacques Rousseau já alardeavam que a criança não é um adulto em miniatura, ou seja, é um sujeito que precisa ser tratado de acordo com suas necessidades em cada uma de suas fases de crescimento. (www.recantodasletras.com.br/artigos/13/10/12)
Hoje a criança é respeitada dentro de sua especificidade, assim é importante lutar por um mundo melhor, assegurando a criança o direito de nascer e de ter uma família, assim, busca-se compreender as práticas da abandono de recém nascidos. A solução está numa reestrutura geral dos pilares sociais, onde a política deve estar direcionada a construção e elaboração de planos de políticas públicas sociais, que assegurem o direito da criança, respeitando-a dentro de sua condição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao elaborar este texto pode-se compreender o ser humano dentro de sua condição, assim, percebe-se que as suas ações são reflexos da sociedade na qual se insere, ou seja, os aspectos sociais, os problemas vigentes refletem no sujeito e na sua condição de cidadão. Afirma-se a importância de compreender o ser humano como um todo.
O abandono de crianças no Brasil foi o foco do texto, mas como compreender os motivos que levam as mães a cometerem atos tão “grotescos” “bárbaros”, que são abandono de incapaz, vulnerável. Essas mães estão em desespero, à única saída é deixá-las em um lugar onde possam ser encontradas. Na maioria das vezes essas crianças são encontradas quase mortas, com o cordão umbilical ainda, o que leva a comoção.
Conforme o que foi abordado anteriormente, os problemas são sociais e também políticos, visto que o país ainda não consegue dar conta da demanda que envolve problemas
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