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A Mudanças societárias e envelhecimento: Envelhecer com dignidade é direito.

Por:   •  24/11/2018  •  1.314 Palavras (6 Páginas)  •  248 Visualizações

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Este processo de envelhecimento da população brasileira está reconfigurando a pirâmide populacional, se anteriormente tínhamos um maior número de crianças e jovens em relação aos/às idosos/as, vários estudos indicam um estreitamento da base e alargamento do topo, ou seja, uma proporção maior de idosos/as em relação às crianças e jovens. Em 2050, segundo o Censo de 2008 do IBGE, para cada 100 crianças de 0 a 14 anos teremos 172,7 pessoas idosas, a população mundial com mais de 100 anos deverá aumentar 15 vezes entre 1999 e 2050.

A população em processo de envelhecimento constitui um grupo populacional heterogêneo, multifacetado com diversas características, por isso não é possível traçar um perfil engessado do que é ser idoso/a. Vários são os fatores que vão implicar em uma melhor condição de envelhecimento, sejam eles econômicos, sociais, geográficos, culturais, biológicos. O envelhecimento populacional não pode ser resumido aos aspectos demográficos.

No Brasil, país de dimensões continentais e atravessado por profundas desigualdades sociais, registram-se diferentes e heterogêneas formas de envelhecer. Estão presentes nesse processo os aspectos culturais, sociais, econômicos e políticos enquanto determinantes do acesso a bens e serviços sociais disponibilizados, revelando uma situação de exclusão de grande parte da população idosa dos bens essenciais à existência humana. A correção dessas defasagens de natureza social implica o reposicionamento dos idosos no seu lugar social no tempo presente, buscando superar preconceitos, estigmas e questionar os padrões utilitários da sociedade capitalista, que ressalta a inutilidade da pessoa idosa diante de uma sociedade fundamentada na produtividade material. O enfrentamento desse paradigma utilitário supõe o reposicionamento da agenda pública, considerando uma nova lógica regida pela equidade e justiça social, fundamentada em critérios éticos que reafirmem a prevalência do ser humano no processo de desenvolvimento. (SILVA, 2016, p, 225.)

A velhice deve ser vista como um processo de construção social e histórica, envelhecemos de diferentes maneiras e em diferentes condições (Silva, 2016). Devemos levar em conta a condição social de cada sujeito, sua classe social, etnia, gênero, determinações que vão impactar diretamente o processo de envelhecimento. Quanto melhor for a qualidade e condição de vida do indivíduo social maior serão suas chances de um envelhecimento com qualidade, é comprovado que os/as ricos/as vivem mais que os pobres, os brancos/as melhores que os negros/as e as mulheres mais que os homens.

Segundo o IBGE, as mulheres vivem mais, por isso há um processo de feminização da velhice. As mulheres de um modo geral se cuidam mais em relação aos homens, e isso reflete na sua expectativa de vida, no entanto, muitas mulheres desenvolvem o cuidado ao longo da vida e isso reflete na sua qualidade de vida posterior. Viver mais não significa necessariamente viver melhor, pois as mulheres ao desenvolverem o cuidado dos seus esposos ou entes queridos acabam fragilizando sua saúde. Segundo Silva (2016), as mulheres, apesar de mais longevas, acumulam desvantagens, violências, discriminações, salários inferiores aos dos homens e dupla jornada de trabalho, além da solidão.

As desigualdades econômicas, étnico-raciais e de gênero estão diretamente ligadas às condições de oportunidades de acesso que as pessoas têm na sociedade, sendo um processo construído, que reafirma as desigualdades e impacta as demandas por políticas públicas e serviços de proteção social. Ou seja, os demandantes de políticas públicas são em sua maioria segmentos da classe trabalhadora empobrecida que, pela desigualdade na apropriação da riqueza socialmente produzida, depende das Políticas Sociais para assegurar sua reprodução social.

Envelhecer na sociedade capitalista não necessariamente significa viver bem e pode representar o seu oposto, principalmente para a classe trabalhadora que envelhece em condições cada vez mais precárias. Com o desenvolvimento das forças produtivas e da sua complexificação, se tem também um aumento da pobreza e exploração, acirrando a contradição capital/trabalho e, consequentemente, o aumento do empobrecimento da classe trabalhadora.

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