Violencia nas escolsa
Por: Rodrigo.Claudino • 22/4/2018 • 6.385 Palavras (26 Páginas) • 389 Visualizações
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CAPITULO I
REFERENCIAL TEORICO
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A Violência Como “Cultura”
É fato que enfrentamos em nossa sociedade uma onda crescente de violência, onde a violência em si já se tornou rotina, em muitas conversas entre amigos é “normal” a conversa chegar ao ponto de como anda a violência no país, e não muito raro chegamos ao ponto de quem ainda não sofreu algum tipo de violência. A violência constitui um elemento complexo em uma sociedade que ainda não aprendeu a se desenvolver sem que para isso tenha que explorar o outro, Silva (2006) diz que “a violência está nos próprios fins de uma determinada forma de organização social, sob a forma de exploração do homem pelo homem” (Silva,2006)
A violência/exploração referida por Silva, não constitui assunto restrito a uma classe social, cor, ou faixa etária, está contida em casa, escolas, universidades e atualmente está nos locais de trabalho através do conhecido assédio moral, este que se utiliza da fraqueza psicológica causada pelos maus tratos, humilhação, agressividade entre outros tantos fatores, e que em muito se assemelha ao bullying, este que faz com que a vítima ao se sentir diminuída aceite a ser explorada por seu agressor de diversas formas.
Costa (Apud Fante, 2005, p.155) define violência como:
Uma particularidade do viver social, um tipo de 'negociação’, que através do emprego da força ou da agressividade visa encontrar soluções para conflitos que não se deixam resolver pelo diálogo e pela cooperação.
De fato muitos jovens encontram na violência soluções para conflitos, muitos destes conflitos causados por uma estrutura organizacional onde a exclusão social está diretamente ligada ao aumento nos índices de violência, no Brasil infelizmente esta exclusão social tem feito suas vítimas em grande escala entre crianças e adolescentes, no Mapa da Violência publicado em 2015 pelo Ministério da Justiça, pelo menos 3.561 adolescentes na faixa etária de 16 anos, foram assassinados em 2013, esse número considerado alarmante aponta crianças e adolescentes como principais vítimas do aumento desenfreado da violência.
Para o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, Autor do Mapa, “o país universalizou o sistema de ensino fundamental de 6 a 14 anos, mas deixou à deriva os jovens a partir daí”, o que ocasionou a ida destes em busca de caminhos mais “fáceis” para se sobrepor na sociedade, para muitos estudiosos o comportamento agressivo ou violento tem diversos fatores dos quais se destaca a exclusão social, fatores de ordem econômica, desemprego e a pobreza, com isso podemos observar de fato que não apenas a personalidade influencia no comportamento agressivo, para Fante(2005), a exclusão social de crianças e adolescentes é uma das causas que fazem com que a violência se prolifere, diz:
À exclusão social, principalmente da infância e da juventude, é uma das causas que fazem com que prolifere a violência, pois uma vez excluídos do convívio social, os jovens não encontram alternativa senão a violência - uma forma de mostrarem que existem e que também fazem parte do mesmo contexto social. (FANTE, 2005, p.170)
Em meio a todo este contexto encontramos a escola, que de fato poderia muito contribuir para erradicar a violência do meio escolar, entretanto não possui subsídios para tal desafio frente a fatores externo a ela, como dito anteriormente a exclusão é de fato predominante para a violência.
Em 2001 através de pesquisas realizadas por Marilia Sposito, esta detectou que em pesquisas realizada anteriormente acerca do tema violência escolar havia duas vertentes, nas quais se identificava dois tipos de violência escolar: contra o patrimônio e a violência interpessoal, nos estudos procuravam-se as causas da violência, tendo como enfoque a violência em decorrência das práticas escolares inadequadas e a crise do processo civilizatório. Autores como Chrispino e Chrispino (2002, p.8) são defensores da idéia que as práticas escolares são um dos principais fatores para a violência escolar, segundo eles “a escola tornou-se de massa e passou a abrigar alunos diferentes, com inúmeras divergências. Habituada a lidar com iguais, a escola não se preparou para essa diversidade de alunos”. A autora Sandra Celano complementa:
Precisamos de uma escola com alma, que desperte o ser de sua inconsciência e o leve para o além do conhecimento; que o encaminhe para o contato direto com a sua realidade essencial e que consiga perceber que, entremeando todos os conceitos, há um tecido unificador, um fio único que tudo conecta, mas que só através do sentir amoroso da abertura de canais energéticos sutis e do silêncio pode ser percebido (CELANO, 1999, P.23).
Infelizmente a mudança no pensamento dos educadores e gestores das escolas tem que ocorrer para que possamos vivenciar uma reforma nas instituições, em favor desse pensamento Morin afirma que “não se pode reformar a instituição sem uma prévia reforma das mentes, mas não se podem reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições. ” (MORIN, 2001, P.99), mostrando –se pessimista quanto a essa possível mudança.
A falta de interesse em reformar as instituições e mentes de gestores, causou mais um atraso que tanto prejudicou o desenvolvimento do nosso País, o atraso na educação é um dos que mais prejudica o desenvolvimento de um País, devido a esse atraso, apenas na década de 1990o Brasil começou a se interessar por pesquisar a violência escolar, porém não foi nesta época que o tema bullying passou a ganhar notoriedade, a atenção infelizmente se voltou para esse tema apenas nos anos 2000 onde o país assistiu aterrorizados três casos de ataques a escolas que vitimou mais de 20 crianças, entre adolescentes e funcionários das instituições.
O atraso ocorrido ainda afeta as pesquisas em torno do tema abordado, visto que muito do referencial teórico aqui apresentado não está em livros específicos da área da educação, a literatura desse tipo é quase escassa e muitos outros estudos focam os casos jurídico ou psicológico que aborda os possíveis transtornos causados pela violência escolar e os danos jurídicos para a sociedade, investimentos em pesquisas e ações nas questões indisciplina e violência é um fator imprescindível para a reforma no ensino. O respeito ás diferenças e identidade de cada indivíduo partícipe das instituições de ensino têm que sair da teoria, é necessário a construção de práticas escolares
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