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PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

Por:   •  16/11/2018  •  1.512 Palavras (7 Páginas)  •  284 Visualizações

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Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado a barreiras sociais e políticas, econômicas, culturais e ideológicas que são difíceis mas não impossíveis de superar porém, diferente de nos adaptarmos ao mundo nos inserimos nele e lutamos para sermos sujeitos da nossa História. Ainda cabe aqui o conceito de consciência do inacabado e consciência do mundo fazendo o ser consciente estar sempre buscando, no sentido de estar no mundo com o mundo e com os outros se fazendo perceber sua presença fazendo história, com ética.

O respeito à autonomia do ser do educando é outro imperativo ético para o educador no ato de ensinar, dando a possibilidade, a liberdade, o direito ao educando de ser curioso, numa dialogicidade verdadeira. O rompimento dessa atitude ética designa-se transgressão.

O bom senso é outra exigência para ensinar sem imposição, sem autoritarismo, sem confundir este com autoridade, sem confundir licença com liberdade, mas respeitando a autonomia, a dignidade e a identidade do educando.

Não ter o bom senso significa não perceber a situação do educando e sua família, seus vizinhos, suas condições sociais, culturais, econômicas, tornando-se imoral, por exemplo, ao aceitar a fome e a miséria de milhões de brasileiros como uma fatalidade e sem solução.

Humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores são outras exigências do ato de ensinar. E reivindica-se o respeito do poder público aos educadores, por salários melhores, por reconhecimento da atividade docente e da compreensão do papel do professor. Assim também como compete ao educador o respeito ao educando.

O professor deve ter conhecimento da sua realidade, da realidade dos educandos, para nela intervir transformando-a, recriando-a dando sentido ao ato de aprender – construir, reconstruir, constatar para mudar – e para isso é dele exigido a apreensão da realidade.

Alegria e esperança, também, são exigências importantes na prática docente. Sem a esperança nos tornamos imobilizados. É a esperança que nos permite aprender, ensinar, produzir, questionar, lutar para mudar, não aceitando o fatalismo cínico e imobilizante das injustiças mas trazendo a alegria na possibilidade de transformar a realidade e mudar a história por um futuro melhor.

Apesar da traição do direito de ser do ser humano o educador deve ter a convicção de que a mudança é possível, convivendo com a realidade de uma sociedade e conhecendo-a, constata que é possível realizar uma intervenção na mesma, gerando novos saberes, considerando a complexidade desse ato em vista da facilidade de adaptação a ela. Assim ninguém pode estar no mundo de forma neutra, mas certos de que é possível e que é preciso mudar.

Paulo Freire argumenta que uma das tarefas importantes do educador progressista é, por meio da leitura e releitura do grupo social provocá-lo e estimulá-lo a uma nova compreensão do contexto, deixando de se sentir culpado pela sua situação desvantajosa - inculcada pelo poder ideológico dominante - e compreendendo que a mudança é de responsabilidade de todos.

Capítulo 3

Ensinar é uma especificidade humana

A autoridade no ensino é democrática e tem segurança de si mesma. Essa segurança é exercida com a competência profissional e generosidade, que são exigências para ensinar. Assim a generosidade é uma qualidade que implica, também, a humildade.

O comprometimento do professor com a docência é outra exigência do ensinar indispensável pelo fato que de não é possível ser professor sem revelar sua maneira de ser, sem viver o que ensina.

A educação humana é uma forma de intervenção no mundo, implicando tanto a forma de reprodução da ideologia dominante como o seu desmascaramento, portanto a educação não é neutra. Cabe às educadoras e educadores a estimulação do saber para a provocação da mudança em favor dos direitos dos dominados para a recriação de uma sociedade justa.

Ensinar exige liberdade e autoridade, e uma liberdade com limites, com ética, tem como resultado a autoridade que é necessária para manter a disciplina na docência. Isso implica, por exemplo, na autoridade como dever de intromissão na decisão dos filhos, que é um direito destes, para análises das conseqüências da decisão, porém, não para decidir por eles.

E a tomada consciente de decisões é uma exigência do ensinar para o educador e para a educadora conscientes de que não pode mudar a neutralidade da educação, esta não é uma força imbatível de transformação da sociedade, mas através de sua tarefa político-pedagógica demonstram que é possível mudá-la.

O saber escutar é necessário porque não somos os portadores da verdade, autoritários, mas a partir do diálogo se constrói os saberes nessa troca de falas.

É necessário para o ato de ensinar o reconhecimento de que a educação é ideológica, ideologia que apresenta manhas, armadilhas, que oculta a verdade, e que tem a capacidade de nos amaciar nos fazendo às vezes aceitar mansamente a globalização da economia como um destino que não se poderia evitar, ignorando os interesses dos que detém o poder.

A disponibilidade para o diálogo é necessária na relação com os outros respeitando as escolhas e as diferenças.

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