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JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  26/11/2018  •  3.694 Palavras (15 Páginas)  •  582 Visualizações

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Segundo Kishimoto (1999), os jogos têm diversas origens e culturas que são transmitidos pelos diferentes jogos e formas de jogar. Este tem a função de construir e desenvolver uma convivência entre as crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos, possibilitando um convívio mais social e democrático porque “enquanto manifestação espontânea da cultura popular, os jogos tradicionais tem a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social.” (p.15). Piaget (1978) relata que o indivíduo, seja criança ou adulto, revive no jogo a maioria das atividades pelas quais já passou a espécie humana, em sua metódica evolução, durante milênios.

Vygotsky (1979, p.15) através de seus estudos sobre a importância do brincar como fonte e instrumento da aprendizagem, argumenta que “[...] a criança aprende muito ao brincar. O que aparentemente ela faz apenas para distrair-se ou gastar energia é na realidade uma importante ferramenta para o seu desenvolvimento cognitivo, emocional, social e psicológico.”. A criança desenvolve os jogos e brincadeiras em processos individuais que progridem junto com a sua estrutura mental, portanto implica na transformação e interação e Piaget (1998) reconhece os jogos e brincadeiras como espaço essencial no desenvolvimento das estruturas psicológicas da criança, elevando sua capacidade de aprendizagem e de ação.

Nesse contexto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – 9394/96, em seu artigo 2º estabelece que sejam respeitadas as características e aspectos do desenvolvimento infantil, estabelecendo que: “O ser humano é ser de múltiplas dimensões; Todos aprendem em tempos diferentes; O desenvolvimento é um processo contínuo; O conhecimento deve ser construído e reconstruído, processualmente e continuamente.”.

No contexto escolar os jogos e brincadeiras enriquecem a aprendizagem como um recurso atrativo, uma vez que o brincar/aprender privilegia o ensino, desafiando o aspecto motor e a aprendizagem. O Referencial Curricular para a Educação infantil (1998, p.29) orienta “A intervenção intencional baseada na observação das brincadeiras das crianças oferecendo-lhes o material adequado, assim como, espaço estruturado para brincar permite o enriquecimento das competências imaginativas, criativas e organizacionais.”.

Muitas instituições de ensino e professores ainda resistem em compreender as relações existentes entre o brincar e o aprender e a ideia do lúdico como recurso pedagógico para promover a aprendizagem, acreditando na oposição entre o brincar e o estudar, de tal forma que não assumem sua responsabilidade pedagógica promovendo apenas o brincar na Educação Infantil e somente o estudar nas séries subsequentes,mesmo que a ludicidade seja entendida como propícia ao desenvolvimento da aprendizagem e conforme afirma Fortuna (2000, p.10) “[...] é preciso suportar o paradoxo, aprendendo com o brincar, para aprender brincando.”.

Sobre o entendimento e a valorização dos brinquedos, das brincadeiras e dos jogos na Educação Infantil, o Referencial Curricular para a Educação Infantil se refere a esses recursos como:

[...] componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares de aprendizagem. Sua presença desponta como um dos indicadores para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de Educação Infantil. (BRASIL, 1998, v.1, p.67).

A valorização do prazer durante todo o processo de aprendizagem leva a criança a aprender brincando e segundoFortuna (2003) a utilização dos jogos e brincadeiras em sala de aula representa um grande auxílio que permite aos alunos aprender, se socializar, desenvolvendo a criatividade, a cooperação, a competição, a memorização, a cognição, afetos e os aspectos psicomotores. Para Abramovich (1997), as vivências significativas adquiridas no processo da educação, realizado fundamentado na alegria e na gostosura de aprender é a chave para alcançar resultados positivos na formação de indivíduos completos.

Pressupõe-se através dessa questão que as atividades lúdicas apoiam-se, fundamentalmente, no princípio do prazer propiciado pelos jogos, brinquedos e brincadeiras em um processo onde a realidade se conecta com a fantasia, e a criança diferencia conscientemente o que corresponde à realidade, revelando-se em toda complexidade, pois através dessas atividades a criança cria e corrige através da fantasia certos aspectos da realidade que lhe são insatisfatórios realizando-se de acordo com seus desejos.

As atividades lúdicas permitem o desenvolvimento integral da criança, portanto é importante que o professor insira em sala de aula atividades diversificadas, bem planejadas, com o seu comprometimento de promover esse desenvolvimento. O envolvimento de jogos e brincadeiras, em sala de aula, significa animação, movimento, competição, alegria e como consequência, muito barulho. É completamente impossível trabalhar com crianças sem o barulho da alegria. Sobre o disposto Freire (1997, p.162) afirma: “Vejam uma regra incompreensível para as crianças: para aprender o que se ensina na escola é preciso ficar sentado numa cadeira, sem se mexer, sem falar. Tanto é que, em qualquer oportunidade que apareça, as crianças a transgridem.”.

Fortuna (2000, p.09) explica que uma aula lúdica e inspirada não é aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela onde o brincar influencia o modo de ensinar do professor e onde se convive com a aleatoriedade e o imponderável. A figura do professor é descentralizada, eele reconhece a importância dos alunos de postura ativa nas várias situações de ensino, como sujeitos da própria aprendizagem, tendo a espontaneidade e a criatividade estimuladas pelo professor.

Em sequência a essa ideia, a importância das atividades lúdicas na Educação Infantil é apontada pelo Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.58) porque “as crianças podem incorporar em suas brincadeiras conhecimentos que foram construindo.”. ParaKishimoto (2009, p.18) brincar é um ato inerente ao ser humano, especialmente na infância. No brinquedo a criança reproduz tudo que conhece do cotidiano, a sua natureza e as construções humanas que a rodeia. No brinquedo a criança encontra substitutos para os objetos reais e sua manipulação.

Vygotsky (2007, p.114) através deseus estudos ressalta a importância das brincadeiras na infância, afirmando que: “A ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu comportamento não somente pela percepção imediata dos objetos

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