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Gênero no Ambiente Escolar

Por:   •  17/12/2018  •  2.298 Palavras (10 Páginas)  •  304 Visualizações

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É importante que sempre haja uma parceria entre a escola e os pais, através de trabalhos realizados com os alunos, podemos envolver os pais e de forma indireta desconstruir alguns conceitos

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CONCEITO DE GÊNERO

Podemos começar dizendo que gênero é diferente de sexo; apesar de serem vistos como sinônimos pelo senso comum, o sexo é biológico, enquanto o gênero é construído social e historicamente. Ou seja, nascemos macho ou fêmea, mas nos tornamos homem ou mulher. Para exemplificar o conceito de nos tornarmos homens ou mulheres, podemos citar a filósofa feminista Simone de Beauvoir, que aplicou o existencialismo ao conceito e experiência de ser mulher “Ninguém nasce mulher, torna-se” (O Segundo Sexo, vol. 2, pág. 9). A feminilidade é vista como uma aprendizagem cultural ou social. Essa diferença foi constatada pelo psicólogo norte-americano Robert Stoller em 1968 no seu livo “Sex and Gender”, no qual ele introduziu a palavra gênero.

O sexo é insuficiente para explicitarmos as diferenças sociais entre homens e mulheres, daí o surgimento do gênero, que veio a partir de análises das ciências sociais e de movimentos feministas que contestavam a ideia de essência, recusando assim qualquer explicação relacionada ao determinismo biológico, que pudesse explicar os comportamentos de homens e mulheres. Tal determinismo serviu muitas vezes para justificar as desigualdades entre ambos, a partir de suas diferenças físicas. O que importa, na perspectiva das relações de gênero, é discutir os processos desconstrução ou formação histórica, linguística e social, instituídas na formação de mulheres e homens, meninas e meninos.

Os Estudos Feministas sempre estiveram preocupados com as relações de poder entre mulheres e homens. A princípio, os estudos procuravam chamar a atenção para as condições de exploração e dominação a que as mulheres estavam submetidas. Como refere Guacira Louro (1995), além de uma ferramenta teórica potencialmente útil para os estudos das ciências sociais, o gênero apareceu como uma importante categoria analítica para a História, em especial para a História da Educação.

O conceito de gênero pode ser explicado de diferentes perspectivas de várias áreas relacionadas às Ciências Humanas. Para a sociologia clássica, por exemplo, as questões de gênero não são problematizadas e o gênero em si vem da organização social e do parentesco. Na psicologia, há também a expressão papel de gênero que “é usada para significar tudo o que a pessoa diz ou faz para evidenciar a si mesma como garoto ou homem, como garota ou mulher, respectivamente. Isso inclui, mas não é restrito a, sexualidade, no senso de erotismo." (MONEY, JOHN. 1955, pág 253 – 264).

Quando falamos de gênero muitas conexões são feitas. Pensa-se em feminismo e machismo, em homossexualidade e doutrinação. O conceito de gênero tem sido utilizado de diversas maneiras, às vezes de forma equivocada ou mesmo banalizada. Alguns trabalhos, por exemplo, apresentam enfoques neutralizantes e fixos, colocando o conceito de gênero como sinônimo de papéis sexuais, estereótipos sexuais ou de identidades sexuais. Pode-se perceber esta afirmação um enfoque essencialista, através da naturalização dos comportamentos de meninos e meninas, desconsiderando assim as construções históricas, sociais e culturais que levam a este tipo de situação.

Apesar dessas preconcepções que temos, precisamos entender o que de fato queremos dizer quando falamos em gênero. Como este conceito veio a partir de movimentos feministas, criou-se um pré-conceito acerca do tema. Os homens já imaginam mulheres raivosas e enfurecidas que vão doutriná-los a serem homossexuais. Por sua vez, muitas mulheres também imaginam que haverá essa doutrinação com ela e que serão obrigadas a tornarem-se feministas e nunca mais fazerem depilação, por exemplo. São pensamentos absurdos, mas infelizmente, reais. Como educadores precisamos questionar-nos sobre o nosso papel na desconstrução dessas concepções.

Há ainda as questões legais que diferem e ao mesmo tempo relacionam o sexo e o gênero. O sexo é indicado em documentos legais, como certidão de nascimento e as leis são de fato diferentes entre homens e mulheres. Algumas leis de aposentadoria, por exemplo, estipulam uma idade mínima diferente para cada sexo.

Uma das principais questões presentes em debates é o papel da mulher em relação ao homem perante a sociedade. Sabemos que ainda hoje vivemos em uma sociedade extremamente machista e que as diferenças sociais entre homens e mulheres são gritantes. Por isso é tão crucial que as escolas, enquanto formadoras de cidadãos críticos e pensantes, trabalhem cada vez mais essas questões, desconstruindo diferenças.

O tema gênero é difícil de ser abordado nas escolas, pois infelizmente, apesar de o Estado ser laico, a Igreja ainda participa ativamente de muitas decisões fundamentais para o desenvolvimento do país, como no debate sobre discutir gênero nas escolas. Quando falamos em questões de gênero, as pessoas imaginam que há uma doutrina que obriga as crianças a mudarem sua orientação sexual; mas devemos lembrar de que todas as crianças devem aprender desde cedo que, independente dos valores familiares e religiosos, é um dever de todos respeitarem as diversidades e a escola sendo um ambiente construtivo, torna-se ainda mais poderosa para o exercício da cidadania, da formação de meninas e meninos, pois auxiliará para o rompimento de conceitos antigos sobre diferenças sociais entre homem e mulher e promoverá igualdade de gêneros.

Para ocorrer uma transformação nas atitudes das crianças em relação à sexualidade, é preciso levar em consideração o modo como à educação sexual é abordada, tanto com os familiares quanto com a escola. Nesta perspectiva é necessário também que a instituição de ensino, os professores, estude a forma de pensar, dizer, agir, produzir, abordar este assunto com pais/responsáveis. É de grande importância que sempre haja uma parceria entre a escola e os pais, através de trabalhos realizados com os alunos, podemos envolver seus responsáveis e de forma indireta desconstruir alguns conceitos, e reproduzir valores, construir e instituir diversos significados e sentidos sobre os gêneros. Os pais precisam tratar os assuntos mais individuais e profundos, pois a família é o primeiro lugar que a criança obtém as primeiras informações, sejam elas indiretas ou diretas, já a escola deve trabalhar de maneira geral e superficial, tratando de desfazer as distorções aprendidas seja por meio da família

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