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Contribuições do programa de ensino integral no Estado de São Paulo para o protagonismo juvenil

Por:   •  3/11/2018  •  4.768 Palavras (20 Páginas)  •  417 Visualizações

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Para isso o Governo do Estado de São Paulo criou mais 236 escolas em tempo integral (ETI), além de 257 escolas públicas que oferecem o modelo de educação integral (SÃO PAULO, 2015). Para alcançar tal objetivo, foi previsto o aumento do tempo físico e a intensificação das ações educacionais, implantando uma renovação na organização curricular, promovendo a manutenção do currículo básico de ensino, acrescido de novas metodologias, oficinas práticas que desenvolvam atividades práticas e inovadoras. (SÃO PAULO 2006b apud CASTRO e LOPES 2011).

Na construção do Modelo Pedagógico do Programa Ensino Integral, quatro princípios educativos fundamentais foram eleitos para orientar a constituição das suas metodologias, sempre como referência a busca pela formação de um jovem autônomo, solidário e competente. São estes os quatro princípios: - A Educação Interdimensional, A Pedagogia da Presença, Os 4 Pilares da Educação para o Século XXI e o Protagonismo Juvenil. (SÃO PAULO, 2014, p. 13)

Este artigo tem como objetivo articular as contribuições do programa Ensino em Tempo Integral para o protagonismo juvenil como princípio pedagógico para uma educação emancipadora e democrática dos espaços escolares, através de discussões reflexivas sobre a ótica de diferentes autores. A Educação na formação do cidadão é um dos deveres da escola formal, visto que a escola tem um importante papel não só no desenvolvimento cognitivo, mas também no social e na formação da cidadania, fatores que interferem diretamente na formação do protagonismo juvenil.

Para isso, foi adotada como estratégia teórico-metodológica de investigação e análise do discurso presente em artigos publicados no banco de dados do Scielo, da biblioteca digital da UNICAMP, PUC, e nos documentos elaborados pela SEE/SP na construção do modelo pedagógico e de gestão do Programa Ensino Integral.

O Constructo Social Chamado Adolescência

Construir uma definição da categoria juventude não é fácil, sobretudo, porque os critérios que a constituem são históricos e culturais. A juventude ou adolescência não pode ser vista como um período da transição da infância para a fase adulta, já que é o resultado social e histórico, pois suas mudanças físicas/biológicas e até mesmo comportamentais afetam a forma em que a sociedade enxerga e significa o adolescente (BOCK, 2007). Cria-se maneiras de como agir com eles, e um exemplo disso é a proibição do trabalho antes dos 16 anos, ou a maior idade com 18 anos. Outras características que rotulam essa fase como rebeldes sem causa, que lutam contra uma autoridade familiar, mas que ao mesmo tempo encaram como necessária para a própria proteção, e até mesmo chamados de “aborrescentes”.

Quando definimos a adolescência como isto ou aquilo, estamos atribuindo significações (interpretando a realidade), com base em realidades sociais e em “marcas”, significações essas que serão referências para a constituição dos sujeitos. (AGUIAR e OZELLA, 2008. p. 99)

Significada historicamente porque adolescência é enxergada hoje como uma construção sócio histórica e consequentemente influenciando na subjetividade e no desenvolvimento do homem moderno. Com as transformações sociais ao logo da história, principalmente ao que se refere à revolução industrial, trouxe uma necessidade de qualificação maior dos jovens, pois o trabalho havia se aprimorado tecnologicamente, exigindo um maior tempo para sua qualificação, aumento ainda mais as exigências para o ingresso ao mercado de trabalho os jovens começam a passar mais tempo na escola.

A condição básica que favoreceu a “inauguração” da adolescência ocidental do século XX foi, principalmente, a possibilidade de prescindir da ajuda financeira dos jovens que agora podem se dedicar mais tempo à formação profissional. Além disso, a realidade contemporânea e tecnicista exige cada vez maiores aperfeiçoamentos profissionais, levando a um elastecimento do período de preparação dos jovens para o ingresso no mercado de trabalho. Paralelamente, aumenta também o tempo de tutela das crianças pelos pais, uma vez que elas são mantidas mais tempo nas escolas. (FROTA, 2007. p. 153)

A ciência trouxe grandes benefícios para a humanidade, solucionando grandes problemas, dando assim a oportunidade ao homem de prologar sua vida, por outro lado, essa questão trouxe uma nova demanda para a sociedade, pois agora as pessoas poderiam passar mais tempo no trabalho, passando a precisar menos da mão de obra mais jovem, ao mesmo tempo, fazendo que esses jovens passem mais tempo sobre a tutela dos seus pais (BOCK, 2007). No período social, cultural e até mesmo econômico em que o mundo se encontra hoje, exigem-se dos adolescentes uma dedicação maior nos estudos para a capacitação profissional, requerendo assim, que fiquem mais tempo sobre a guarda dos pais, o que gera maior dependência da família e mais tardia a sua independência familiar e financeira.

A extensão do período escolar e o consequente distanciamento dos pais e da família e a aproximação de um grupo de iguais foram consequências destas exigências sociais. A sociedade então assiste à criação de um novo grupo social com padrão coletivo de comportamento, que assim chamamos de adolescente.

[...]constituída como significado na cultura e na linguagem que permeia as relações sociais. Fatos sociais surgem nas relações e os homens atribuem significados a esses fatos; definem, criam conceitos que expressam esses fatos. Quando definimos a adolescência como isto ou aquilo, estamos atribuindo significações (interpretando a realidade), com base em realidades sociais e em "marcas", significações essas que serão referências para a constituição dos sujeitos. (AGUIAR e OZELLA, 2008. p. 99)

A adolescência então é entendida como um período latente entre a infância e a vida adulta, em que através do constructo social e capitalista, estabelecidas por questões referentes ao ingresso no mercado de trabalho, resultando em um maior período na escola, como uma preparação da vida adulta, uma necessidade de preparo técnico (BOCK, 2008). Todo esse processo faz que o adolescente, mesmo sendo possuidor de todas as capacidades biopsicossocial para atuar na vida adulta, lhe é negado esse direito, vivendo sobre a dependência dos pais, mesmo este estando preparado para assumir essa nova fase, a vida adulta, gera-se uma contradição vivida pela jovem e como afirma Book (2008, p 69) “ essa contradição vivida pelos jovens foi responsável pelo desenvolvimento de uma série de características que refletem a nova condição

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