Analise das contribuições da teoria da psicogênese da leitura e escrita
Por: SonSolimar • 19/7/2018 • 1.492 Palavras (6 Páginas) • 324 Visualizações
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No Brasil, esse estudo ficou conhecido em 1986, e foi amplamente divulgado entre os profissionais da educação. Até então, usava-se um método tradicional de alfabetização, trabalhando com cartilhas e exercícios de prontidão a fim de preparar as crianças para a escrita. Trabalhava-se as famílias silábicas aliados a exercícios mecânicos e repetitivos de cópia. Até então era esse o modo de “ensinar” a escrita e a leitura, o aluno deveria copiar inúmeras vezes as mesmas palavras para poder memorizar, ou seja, os professores não estavam informados a respeito de como atuar em sala de aula utilizando essa nova teoria proposta pelas autoras. Não conheciam os estágios que as crianças percorrem para se apropriarem do sistema de escrita, além disso, não havia a preocupação do trabalho com diferentes tipos de textos, não se pensava em práticas que explorassem na função social da escrita
A seguir, o MEC (Ministério da Educação) oferece formação continuada de professores com propostas metodológicas que partissem dessa contribuição psicolinguística. Então, inicia-se uma fase de abandono do ensino de práticas específicas da alfabetização, por exemplo, atividades que promovam a consciência fonológica do aluno. Abandonou-se o desenvolvimento de atividades relacionadas ao ensino do código. Em consequência, tem-se um prejuízo ainda maior dos resultados da aprendizagem nas séries iniciais-aprendizagem.
De acordo com Emília Ferreiro, a criança não necessita de uma técnica de aprendizagem, já que as crianças estão sempre no mundo letrado, onde contém marcas e símbolos. Como já fez antes com outros tipos de objeto, vai descobrindo as propriedades dos sistemas simbólicos através de um prolongado processo construtivo.
Um dos equívocos por parte dos alfabetizadores diz respeito aos conceitos de alfabetização e letramento. O não entendimento desses conceitos repercute na prática de alfabetização do professor, uma vez que equivoca-se pensando que a criança irá aprender a ler e a escrever apenas tendo contato com os textos que circulam socialmente. Entretanto, para se alfabetizar ela precisa sistematizar os conhecimentos do nosso sistema de escrita e precisa de práticas que favoreçam esse conhecimento.
Outro equívoco significativo para os resultados de alfabetização que temos hoje, refere-se a ideia de que não precisa ensinar, a criança aprende sozinha, o que é errôneo, pois a criança sozinha não consegue entender o sistema de escrita alfabética, ao contrário disso, para avançar ela precisa do auxílio do professor por meio de intervenções que demandem o conhecimento do estágio em que a criança está e os que virão.
Diante dessas constatações, vê-se que o conhecimento desta teoria por parte dos professores, acarreta várias implicações pedagógicas, posto que por valorizar as práticas de ensino mecanicistas, que interpretam esse aprendizado como um código escrito, são ignoradas as hipóteses e aprendizagens das crianças e que deveriam ser usadas como ponto de partida nas práticas de ensino.
Soares no texto “A Reinvenção da Alfabetização (2003), aponta para a importância de reinventarmos a alfabetização, cuja a especificidade foi neutralizada em decorrência da ênfase dada para as práticas construtivistas, afirmando que “ não basta que a criança esteja convivendo com muito material escrito, é preciso orientá-la sistemática e progressivamente para que possa se apropriar do sistema de escrita”
Outra forma de má interpretação da teoria está relacionada ao preconceito contra a sílaba. Isso se deve às críticas feitas aos métodos tradicionais de alfabetização já que esse conhecimento se dava através de cartilhas. As cartilhas apresentavam as famílias silábicas em ordem alfabética de forma mecanizada, fragmentada e por repetição. Baseado no conhecimento que temos hoje em dia, vamos compreender que para se alfabetizarem, os alunos precisam compreender algumas propriedades do sistema de escrita alfabética.
Conclui-se que a pesquisa, de Ferreiro e Teberosky (1986), trouxe uma enorme contribuição para o campo da alfabetização. No entanto, precisamos ter clareza das consequências decorrentes da má interpretação da Psicogênese da Língua Escrita. É necessário reorganizar a escola e os tempos destinados ao estudo e formação, com ações que contribuam para os professores refletirem sobre as práticas pedagógicas de alfabetização.
É de suma importância que se ofereça uma sólida formação teórica do professor para que este tenha conhecimento dos processos que envolvem a apropriação do sistema de escrita alfabética. A relevância da formação do professor é essencial para o desenvolvimento de práticas alfabetizadoras conscientes, democráticas e progressistas. Os professores alfabetizadores, devem refletir também sobre as injustiças econômicas, políticas e sociais dentro e fora das escolas. Ao mesmo tempo, devem trabalhar para criar as condições que deem aos estudantes a oportunidade de tornarem-se cidadãos em uma sociedade mais igualitária.
Bibliografia:
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Tradução de Diana
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