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A importância do ato de ler

Por:   •  22/4/2018  •  3.113 Palavras (13 Páginas)  •  529 Visualizações

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Pode-se concluir, observando a concepção piagetiana, que o desenvolvimento infantil se da fundamentalmente através da auto regulação do indivíduo (equilibração). Sendo assim, qualquer aprendizado que essa criança tenha, só será de fato incorporado a ela se a mesma o assimilar, o que não pode acontecer se o conhecimento que estiver sendo apresentado não for adequado ao seu estado atual de desenvolvimento.

A ênfase nos processos internos e na atividade construtiva da própria criança resulta em uma concepção que considera a aprendizagem como dependente do processo de desenvolvimento. Ou seja, aquilo que a criança pode ou não aprender é determinado pelo nível de desenvolvimento de suas estruturas cognitivas. (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 54)

Fundamentando o desenvolvimento partindo de outro ponto, temos Lev Vygotsky (1896-1934), que defendia a ideia de que o meio social e a interação da criança com ele, eram essenciais ao seu desenvolvimento. Para Vygotsky, o que diferencia o homem de outras espécies é a sua capacidade de viver em sociedade.

Seus modos de perceber, de representar, de explicar e de atuar sobre o meio, seus sentimentos em relação ao mundo, ao outro e a si mesmo, enfim, seu funcionamento psicológico, vão se constituindo nas suas relações sociais. (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 57)

Ele parte do princípio de que desde que nasce a criança está inserida em um meio totalmente social, e não natural. É nesse meio que ela aprende a viver, se comunicar, pensar e interagir. É assim que, somada as suas heranças biológicas (que são suas ações e reações naturais e particulares) aos estímulos exteriores à criança, ela constrói seu conhecimento. Para tanto, o pensador define apenas dois estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa: o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. Os dois estágios se diferenciam no ponto em que no momento do desenvolvimento real a criança possui a capacidade de resolver situações que lhe são propostas (intencionalmente ou não) de maneira independente. Já na segunda etapa, no desenvolvimento potencial, ela necessita ainda do auxílio de outra pessoa para realizar determinada atividade, seja um adulto ou colega mais experiente, mas que possui capacidade de aprendê-la posteriormente. Além desses dois estágios definidos, ainda há um terceiro, que é intermediário a estes, chamado de ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal). Essa zona é definida por todos os estímulos que podem ser oferecidos à criança para que ela possa passar do primeiro para o segundo estágio.

Outra abordagem que Vygotsky defendia era a “relação entre pensamento e linguagem” (REGO, 1998, p.63). O aprendizado da linguagem é forçado devido à necessidade de comunicação. Antes mesmo de aprender a falar, o individuo absorve a comunicação social e faz o uso dela, mesmo que de maneira primitiva, tendo como modelo outros sujeitos que a possuem e estão de forma integralmente apropriados da comunicação linguística. Desta forma quando a criança cresce e atinge certa idade, ela se apropria de fato da linguagem como meio de comunicação. Após isso,

A fala evolui de uma fala exterior para um fala egocêntrica, desta, para uma fala interior. A fala egocêntrica é entendida como um estagio de transição entre a fala exterior (fruto das atividade interpsíquicas, que ocorrem no plano social) e a fala interior (atividade intrapsíquica, individual). (REGO, 1998 p,65)

É nesse momento que podemos perceber que a maneira como a criança se se expressa depende fundamentalmente do meio em que ela está inserida, ou seja, se o ambiente em que ela vive possui influências ricas referentes à linguagem, cultura, etc., o seu vocabulário e sua maneira de agir serão de um determinado jeito e se esse meio for considerado pobre, consequentemente a mesma agirá e pensará de outra maneira. Vemos então que o meio social interfere diretamente no desenvolvimento da criança.

2. PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA

Hoje, século XXI, vivemos em um mundo onde a cada segundo que passa novas tecnologias nos são apresentadas e estamos em constante inovação, de forma que se não acompanharmos essa linha, logo nos tornaremos seres humanos desatualizados. Desde os primórdios da humanidade, os homens criavam objetos necessários à sua sobrevivência, e à medida que o tempo passava novos instrumentos eram criados; os que já existiam eram modernizados, tornando seus antecessores obsoletos. Se pararmos para pensar, inúmeros desses objetos entraram em desuso, mas também, há aqueles que até os dias de hoje são indispensáveis à nossa vida. Como exemplo, os livros. De desenhos em parede de cavernas ao e-book, a escrita tornou-se a forma do ser humano expressar-se ao mundo, mas não é apenas esta a sua importância, além disso, há muitas outras propriedades que o ato de ler nos proporciona. Ler não implica somente em decodificar símbolos:

[O] ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. (FREIRE, 1921, p. 8).

Em um mundo totalmente letrado, que segundo a Psicopedagoga Dra. Maria Isabel Leite, entende-se por:

Todo o

material impresso que nos envolve cotidianamente, explicitando a função social da escrita: desde livros de literatura, revistas em quadrinhos, jornal e bula de remédio, até painéis de propaganda, embalagens de produtos, etiquetas de roupas, ou multas de carro... As palavras e letras, textos em prosa e verso, estão espalhados por todos os cantos e a todo o momento nos provocam, informam, escandalizam, emocionam, aproximam, entristecem, ensinam... entre tantas outras possibilidades. (2012).

Não somente a leitura literária é importante, mas também a leitura como participação social.

Nunca é demais lembrar que a prática da leitura é um princípio de cidadania, ou seja, leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são as suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz. (SILVA, 2003, p. 24)

A prática da leitura nos tira da posição de espectadores para a de participantes deste meio. Mas mesmo nessa esfera com uma diversidade abundante de ideias, atividades, pessoas e situações,

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