A descoberta do Autismo em minha família

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que seus desenhos outrora bem feitos, pinturas dentro das bordas, coloridos e com coerência passaram a chegar sem fazer, ou quando eram feitos, chegavam somente rabiscos feitos com a expressão de quem estava com raiva, riscos grossos, sem noção, então pensei comigo; Opa! está acontecendo alguma coisa aí.

Fui até a escola conversar com a diretora que logo me questionou se ele estava tomando a medicação certa, veio com belas palavras de que todos gostavam muito dele, e que ele sentava de frente com os professores, mas sempre me ligava para buscá-lo, ou por estar dormindo, por conta da medicação que faz uso ou por estar nervoso tirando a roupa e nesse dia me convidou para subir até a sala onde ele estudava. Subimos para a sala e quando chegamos na porta que estava aberta, qual foi a nossa surpresa! João realmente sentava na carteira de frente o professor, que havia dado para a sala um desenho de festa junina para pintar e enquanto a sala estava ocupada com o desenho, ele se sentou com as mãos entrelaçadas na nuca, como se estivesse na praia, repousando inclinado em sua cadeira, enquanto o João girava um globo terrestre que ele havia colocado na mesa dele para ele ficar ocupado. Nessa hora o João me viu e falou: Vamos embora papai? E eu então falei pra ele: Não filho, o pai veio ver se você está estudando, você não quer fazer o desenho? Ele me respondeu: Sim papai, eu quero! Então o professor mandou a pérola que faltava: Ah! Agora você quer fazer o desenho! Nessa hora meus olhos se encheram de lágrimas por conta do descaso para com meu filho, ainda ouvi da diretora que ele era uma inclusão e que iriam passar ele de ano sem saber de nada. Aí foi muito pra mim, peguei o João e fui embora com ele pensando que se fosse para ele ficar naquela escola daquele jeito eu iria educá-lo em casa como muitos pais de crianças especiais assim o fazem. Quando chegamos em casa ele me abraçou, olhou nos meus olhos e falou: Papai você é o meu melhor amigo! Ele não tinha amigos, nunca teve uma criança que viesse brincar com ele e que o entendesse. Eu nunca mais esqueci desse dia e é por isso que essa frase dá nome a esse trabalho. Começava minha luta pelos direitos do João como autista e contra as dificuldades de aprendizagens que serão apresentadas nos próximos capítulos deste trabalho.