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AUTISMO E MATERNIDADE: UM ESTUDO PSICANALÍTICO

Por:   •  30/1/2018  •  2.536 Palavras (11 Páginas)  •  299 Visualizações

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Segundo Jerusalinsky (2012), no que se refere à cura do autismo, a principal tarefa é a de desvendar os detalhes das estruturas mínimas capazes de introduzir os traços unários ainda nas condições mais adversas. Não se trata de retornar uma normalidade inicial, trata-se da intromissão arbitrária do outro.

Assim, o primeiro passo para o tratamento requer que o analista se identifique literalmente com os automatismos dos autistas, em continuidade com ele, única repetição até aí em que o autista ‘se reconhece’. Mas, não para recompor uma identidade perdida, e sim adentra se em seu mundo interno, e adquirir a possibilidade de quebrá-lo, e permitir que o autista perceba a dimensão externa.

Dada a grande importância materna na condição autística da criança podemos retomar a importância do amor materno para o desenvolvimento da criança. Segundo Fromm, “a criança, no momento de nascer, sentiria o temor de morrer, se um destino amável não a preservasse de qualquer consciência da ansiedade ligada à separação da mãe e da existência intrauterina” (2000, p. 35). O autor vai além, define a mãe como o calor, o alimento e o estado eufórico de satisfação e segurança para o bebê, ou seja, esta proporciona o estado de narcisismo descrito por Freud.

Fromm (2000) define o amor materno como uma afirmação incondicional da vida do filho e de suas necessidades. O autor distingue dois aspectos desta afirmação incondicional da vida do filho:

...um é o do cuidado e responsabilidade absolutamente necessários para preservação da vida do filho e o seu crescimento. O outro aspecto vai mais longe do que a simples preservação. É a atitude que infunde no filho o amor à vida, que lhe dá o sentimento de ser bom viver, de ser bom ser um menino ou uma menina, de ser bom estar nesta terra! (FROMM, 2000, p. 42).

Desta forma, o amor materno estaria intimamente ligado à função de transmitir vida ao bebê; investir libido de forma a permitir que o bebê finalmente possa nascer como sujeito em relação com o mundo. Mas seria esta função inerente a todas as mães? O que acontece com as mães de crianças autistas? Podemos recorrer à mitologia grega em busca de uma primeira tentativa de resposta a esta pergunta.

O nascimento de Hefesto, o deus ferreiro, lança luz a essa questão e desmistifica o amor materno. De acordo com o mito, o Olimpo estava em festa por conta do nascimento do herdeiro de Zeus. Todavia, ao ver o seu filho pela primeira vez, Hera, a esposa do pai dos deuses, percebeu que a criança além de feia era aleijada e não pensou duas vezes: agarrou-o pelas pernas e o atirou do alto do Olimpo (CASTRO, 2009).

Como pudemos perceber o amor materno não é algo dado a priori. Fromm utiliza uma metáfora bíblica para discorrer sobre a ausência do amor materno:

A terra prometida (a terra é sempre um símbolo materno) é descrita como aquela em que “corre leite e mel”. O leite é o símbolo do primeiro aspecto do amor, o do cuidado e afirmação. O mel simboliza a doçura da vida, o amor por ela e a felicidade de estar vivo. Muitas mães são capazes de dar “leite”, mas só a minoria o é também de dar “mel”. (FROMM, 2000, p. 42)

Assim, este trabalho tem a premissa de conhecer o desenvolvimento psicoemocional do autista e investigar a relação materno-filial da criança autista sob o ponto de vista da mãe, bem como identificar as possíveis intervenções visando sua adaptação a realidade. Para tal, serão entrevistadas quatro mães de crianças autistas em tratamento no CAPS-I de Itaquera.

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OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Conhecer o desenvolvimento psicoemocional do autista e investigar a relação materno-filial da criança autista sob o ponto de vista da mãe, bem como identificar as possíveis intervenções visando sua adaptação a realidade.

Objetivos Específicos:

- Descrever e diferenciar a síndrome do autismo infantil de outras síndromes invasivas;

- Descrever os aspectos do desenvolvimento da criança autista, e os aspectos da formação da personalidade;

- Investigar a relação materno-filial da criança autista sob o ponto de vista da mãe.

- Identificar os possíveis tratamentos e desenvolvimento em perspectiva psicanalítica.

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MÉTODO

Amostra/Sujeitos:

Os participantes (N=4) serão compostos por mães de crianças autistas, com idade superior a 18 anos, que concordarem e colaborar no papel de participante assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TLCE (Apêndice B).

Local:

O estudo será realizado no CAPS-I de Itaquera, situado na Rua Bernardino Prudente, 86, COHAB II, São Paulo São Paulo/SP.

Material:

Para viabilizar as condições básicas de ética para coleta de dados serão utilizados:

Autorização para Coleta de Dados – destinado ao responsável pelo CAPS-I de Itaquera (Apêndice A).

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE) – destinado aos participantes da pesquisa (Apêndice B).

Para obter o conjunto de informações de modo a cobrir os objetivos da pesquisa será utilizado:

Roteiro para entrevista com mães de crianças autistas – trata-se de um instrumento simples (Apêndice C), com perguntas abertas sobre a relação e interação da criança autista no contexto familiar, em especial, sua relação com a mãe.

Procedimento:

Obtida a autorização do CEP para a realização da pesquisa, o responsável pelo CAPS-I de Itaquera será procurado para a obtenção da autorização de coleta de dados na instituição.

TERMINAR DE ESCREVER!

Plano de Análise:

Os dados serão analisados de forma qualitativa, por meio da identificação dos sentidos atribuídos às respostas do Roteiro para entrevista com mães de crianças

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