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DIFICULDADES FONÉTICAS E FONOLÓGICAS

Por:   •  14/9/2018  •  1.633 Palavras (7 Páginas)  •  235 Visualizações

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Supõe-se que, durante as primeiras fases do processo de aquisição fonológica, ocorram predominantemente as influências da língua materna sobre a segunda língua. Essa influência tende a decair gradualmente ao decorrer do processo.

Assim, no início do processo de aquisição o aprendiz encontra-se no pico de um processo de interferência que passa a decrescer até chegar a zero, como pode se observar no gráfico abaixo:

[pic 3]

Simultaneamente ao processo de interferência o aprendiz passa pelo processo de desenvolvimento, que ao contrário da interferência, parte do zero e aumenta gradativamente durante o processo de aquisição, alcançando um pico de frequência de onde então passará a decrescer:

[pic 4]

Esse decréscimo representa a parte final do processo de desenvolvimento e de aquisição. Quando o falante está chegando ao fim do processo de aquisição, o processo de desenvolvimento começa a diminuir, porque a segunda língua já está sendo assimilada.

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA VERSUS DESENVOLVIMENTO DO ADULTO

Tanto as crianças quanto os adultos têm os mesmos mecanismos de aprendizagem no processo fonológico de aquisição de linguagem, a diferença está no ponto de partida. Enquanto os adultos têm como base a língua materna, as crianças têm o sistema nativo de pré-linguagem. O processo de aquisição é parecido nas crianças e nos adultos porque ambos partem de um ponto conhecido, no caso dos adultos, e de um sistema inato, no caso das crianças, e se desenvolvem com base nisso.

Fatores extralinguísticos também podem interferir no processo de aquisição de linguagem, como as situações de fala e a similaridade entre as língua mãe e a língua adquirida.

AQUISIÇÃO DAS NASAIS DO PORTUGUÊS POR FALANTES DE ESPANHOL E OS PROCESSOS DE ALOFONIA

A língua espanhola não possui em seu sistema fonológico as vogais nasais, contudo, há ocorrência dessas vogais como alofones. Considera-se que a língua espanhola possui cinco vogais nasais alofones do espanhol: [ĩ], [ẽ], [ã], [õ], [ũ]. Esses alofones ocorrem quando a vogal está entre duas nasais ou em início de palavra e seguida de consonante nasal: mano [mãno]; nino [nĩno]; anterior [ãnterior], segundo Quilis (2000). Por outro lado, Martins (2000) ressalta que não se trata do mesmo processo que ocorre no português, porque as vogais não são tão nasalizadas, ou seja, pode-se dizer que menos ar é expelido pela via nasal, em comparação ao que ocorre na produção das vogais nasais do português. As orais-nasais do espanhol são alofones das vogais orais, portanto, não apresentam valor distintivo. Como diz Akerberg (1998), são condicionadas pelo ambiente e por isso o falante não tem consciência de sua existência.

Segundo Medeiros, são características acústicas das vogais:

Por ação de um articulador do trato oral, ou seja, pelo abaixamento do véu palatino, cria-se um acoplamento de tubos de ressonância, cujo som da fala chega aos nossos ouvidos como som vocálico nasal. Esta qualidade de som nasal ou nasalizado, ou seja, a qualidade da nasalidade,é o resultado da passagem de ar pela cavidade nasal. No caso das vogais nasais, o que ocorre é que parte do ar passa pela cavidade oral e parte pela cavidade nasal, daí o acoplamento de tubos. (2007 , p.35)

Segundo Quillis (2000), as diferenças entre vogais orais e nasais são:

a) orais: o véu palatino está aderido à parede faríngea, o fonador sai pela boca

b) nasais: o véu palatino não está aderido à parede faríngea, o ar sai simultaneamente pela boca e pela cavidade nasal. (2000, p. 3).

DIFICULDADES DE FALANTES DE JAPONÊS AO APRENDER O PORTUGUÊS

Quando um indivíduo se depara com uma palavra oriunda de um idioma desconhecido por ele, haverá estranhamento e dificuldade em pronunciar o vocábulo, principalmente se sua língua materna não tiver proximidade com esse idioma novo. Normalmente, o falante recorre a algumas estratégias para adaptar a palavra a estruturas mais familiares.

O mesmo acontece quando pessoas de países não-lusófonos começam a aprender a Língua Portuguesa. Um exemplo são os japoneses, onde o estranhamento é grande devido a falta de proximidade do Japonês e o Português.

A língua japonesa é formada basicamente por sílabas simples (aquelas constituídas apenas por uma vogal) e abertas (as compostas terminadas por vogal). São encontradas, na maioria das vezes,as sílabas formadas por vogal (V) e consoante-vogal (CV):

• ie [i.e] (V.V)

• uta [u.ta] (V.CV)

• keshigomu [ke. ʃi.go.mʊ] (CV.CV.CV.CV)

Não há em japonês palavras terminadas em consoante ou estruturadas (CCV) e final (VCC). A estrutura CVC só acontece com consoantes geminadas, como em [jok.ka]. Podem ocupar a posição final da sílaba, as consoantes [k, p, t], apenas nos contextos de duplicação consonantal: [kap.pa] e [mot.to].

Na língua portuguesa, por outro lado, ocorrem encontros consonantais entre duas consoantes diferentes (CCV), que em nenhuma hipótese poderia ser realizado na língua japonesa:

• cru [kɾu] (CVC)

• drible [dɾi.blI] (CVC.CVC)

Além disso, é possível no português a ocorrência de sílabas terminadas por consoante (VC ou CVC), o que também não ocorre no japonês:

• flertar [fler.tar] (CCVC.CVC)

• faísca [fa.is.kɐ] (CV.VC.CV)

Tarone (1987), num estudo com falantes estrangeiros aprendendo inglês – no caso, falantes nativos de cantonês, coreano e português –, levanta três possibilidades para a estrutura silábica da interlíngua: transferência linguística, reativação da aquisição da língua materna e preferência universal por CV.

Considerando então que os aprendizes japoneses buscarão manter a estrutura CV, há as seguintes possibilidades de realização das sílabas da língua portuguesa: a redução de encontro consonantal nas sílabas CCV, o apagamento da consoante final nas CVC ou a inclusão de uma letra sem valor semântico em ambos os casos. Exemplo:

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